terça-feira, 5 de janeiro de 2021

Acusado de abuso, dom Alberto Taveira recebe apoio dos padres Marcelo Rossi e Fabio de Melo



Novos detalhes foram revelados sobre o caso do arcebispo de Belém do Pará, dom Alberto Taveira Corrêa, investigado por suposto abuso sexual cometido contra ex-seminaristas na capital paraense.  Quatro vítimas contaram que o arcebispo usou de seu poder eclesiástico para investidas sexuais não consentidas em encontros privados. Dom Alberto é alvo de investigação da Polícia Civil, feita a pedido do Ministério Público, além de investigação do próprio Vaticano. Religiosos, padres e entidades, como a Renovação Carismática Católica (RCC) prestam solidariedade a dom Alberto.

Os depoimentos de quatro ex-seminaristas foram exibidos na noite desse domingo no programa Fantástico, da TV Globo. As vítimas tinham entre 15 e 18 anos entre 2010 e 2014, quando aconteceram os abusos. O arcebispo tinha encontros privados com pretendentes a padre no palácio episcopal.

“Quando ele me tocou, na minha parte íntima, disse que aquilo ali era normal, coisa do homem. Mas, assim, eu não via maldade, porque confiei muito, por ele ser uma autoridade, também não tinha experiência. Mas aquilo foi se tornando já permanente e já mais agressivo. Ele já me recebia na porta e já ia logo pegando”, conta o ex-seminarista. 

Após a produção da reportagem, a equipe procurou opiniões a respeito do caso dentre lideranças da Igreja Católica. Os padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo prestaram solidariedade a dom Alberto Correia.

“Dom Alberto já me amparou muitas vezes. Eu gostaria que as minhas orações e o meu carinho fizessem o mesmo por ele, neste momento”, disse o padre Fábio de Melo ao Fantástico.  “Nessa hora de combate, estamos juntos em oração”, declarou o padre Marcelo Rossi. Por conta das declarações, os padres foram alvo de críticas nas redes sociais na noite de domingo e nesta segunda-feira.

Padres pediram investigação

Dois padres de Belém registraram o depoimento dos quatro ex-seminaristas em junho de 2019 e escreveram uma carta ao Bispo Emérito de Marajó (PA), Dom José Azcona, conhecido por sua luta contra o abuso sexual de crianças e adolescentes. Na carta, ambos pedem a investigação dos relatos.

Além da Polícia Civil, o caso também foi levado à Nunciatura Apostólica de Brasília, representação diplomática da Santa Sé. Um representante do Vaticano veio ao país para apurar as denúncias.

A Nunciatura Apostólica afirmou que caberia à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) comentar as denúncias, mas o órgão afirmou que não foi informado oficialmente do caso.

Na semana passada, 37 entidades civis e de direitos humanos assinaram um manifesto pedindo o afastamento do arcebispo de seu cargo até o fim das investigações.

O Arcebispo recebeu a solidariedade de ex-seminaristas e padres, como Marcelo Rossi e Fabio de Melo.

Roberto Lauria, advogado de Dom Alberto, afirmou que o religioso está à disposição para depoimento na Polícia Civil ou no Ministério Público:

— Todo católico paraense conhece a lisura, a honestidade, a honradez com que se porta Dom Alberto. (...) que doou meio século de vida à Igreja Católica, passando por 3 estados e o DF, coordenando seminários, ordenando como padre mais de 200 seminaristas — afirmou. — Os denunciantes não são quatro pessoas isoladas.
 
São um grupo de pessoas, que têm um profundo recalque, um profundo sentimento de vingança por Dom Alberto e, por que tem esse sentimento? Justamente, pela grande característica da gestão de Dom Alberto, que era uma gestão austera. Pessoas foram afastadas do seminário por comportamento incompatível com a vida religiosa.

Dom Alberto Taveira Corrêa é assessor eclesiástico da Renovação Carismática Católica (RCC) e autor de diversos livros sobre a espiritualidade carismática e sobre a igreja. O arcebispo participou em 2019 do Sínodo da Amazônia.

Reposta da Arquidiocese

A Arquidiocese Metropolitana de Belém do Pará divulgou nota na noite desse domingo (03) a respeito do caso envolvendo dom Alberto Taveira Corrêa. Segundo a arquidiocese, a investigação corre em segredo de Justiça e acredita que prevalecerá a verdade.

"Este é o momento de renovar o nosso senso de comunhão e solidariedade, porque, como disse o Apóstolo, referindo-se à Igreja, “quando um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros participam de sua alegria” (1Cor 12, 26)".

Entenda o caso dom Alberto Taveira

No dia 04 de dezembro, o  arcebispo metropolitano de Belém do Pará, dom Alberto Taveira Corrêa, fez um pronunciamento pelas redes sociais  para se defender de ‘acusações de imoralidade’. Segundo o texto e vídeo, ele é alvo de investigações que correm em segredo de Justiça. O arcebispo também revelou que o caso está sendo acompanhando pela Santa Sé. O teor das acusações não foi divulgado. Reportagem do site Ver o Fato, afirma que o escândalo envolveria suposto abuso sexual de ex-seminaristas.

Dom Alberto Taveira é o décimo arcebispo de Belém e está no governo desde 2010. No texto, divulgado em versões para os padres, diáconos e outro para fiéis, o arcebispo revela que recebeu uma ‘visita’ para investigar o caso e resolveu tornar público o fato.

“Fui acusado de crimes de ordem moral, sem que me tenha sido dada a oportunidade de ser ouvido. Foram denúncias enviadas à Santa Sé, que provocaram uma Visita Apostólica, encerrada nesta semana; foi instaurado um processo em curso junto às autoridades civis”.

"Lamento que os pretensos acusadores tenham optado pela via escandalosa, com circulação de notícia na mídia nacional, sem as devidas apurações dos fatos, ao que tudo indica, visando causar danos irreparáveis à minha pessoa e provocar abalo na Santa Igreja", declarou o arcebispo, concluindo que confia em sua inocência.

Nota da Arquidiocese de Belém sobre a reportagem do Fantástico

"A Arquidiocese de Belém reitera ao povo de Deus, com transparência e serenidade, que está acompanhando as investigações em curso, com a certeza e a confiança de que, ao final, prevalecerá a verdade.

Informa ainda que, devido ao sigilo imposto e em respeito às leis, não pode divulgar mais informações.

Este é o momento de renovar o nosso senso de comunhão e solidariedade, porque, como disse o Apóstolo, referindo-se à Igreja, “quando um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento; se um membro é honrado, todos os membros participam de sua alegria” (1Cor 12, 26).

Por fim, pede à comunidade dos fiéis que continue a rezar pela Igreja, por intercessão da Santíssima Mãe de Deus, a Virgem Maria, para que não desanimemos diante das provações pelas quais estamos passando."
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Com informações: FrontCatólico/ Dom Total

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