terça-feira, 13 de outubro de 2020

Palavra de Vida: “Quem se eleva será humilhado e quem se humilha será exaltado.” (Lc 14,11)


Os Evangelhos mostram-nos muitas vezes que Jesus aceitava de bom grado os convites para almoçar: eram momentos de encontro, ocasiões para estabelecer amizades e consolidar relações sociais.

Nesta passagem do Evangelho de Lucas, Jesus observa o comportamento dos convidados: há uma corrida para ocupar os primeiros lugares, que estavam reservados às personalidades. Nota-se bem a ânsia de querer sobressair sobre os outros.

Mas Ele tem no pensamento um outro banquete: aquele que será oferecido a todos os filhos, na casa do Pai, sem “direitos adquiridos” em nome de uma pretensa superioridade.

Pelo contrário, os primeiros lugares estarão reservados precisamente para aqueles que escolhem o último lugar, ao serviço dos outros. Por isso proclama:

Quem se eleva será humilhado 
e quem se humilha será exaltado. 

Colocando-nos no centro, com a nossa avidez, o nosso orgulho, as nossas exigências, as nossas lamúrias, caímos na tentação da idolatria, isto é, na adoração de falsos deuses, que não merecem nem honra nem confiança. 

Por isso, o primeiro convite de Jesus é para descer do “pedestal” do nosso eu, para não colocarmos o nosso egoísmo no centro, mas, pelo contrário, nos centrarmos em Deus. Sim, Ele pode ocupar o lugar de honra na nossa vida!

É importante dar-Lhe lugar, aprofundar a nossa relação com Ele, aprender d’Ele o estilo evangélico do rebaixar-se. De facto, colocar-se livremente no último lugar é escolher o lugar que o próprio Deus, em Jesus, escolheu. Ele, mesmo sendo o Senhor, escolheu partilhar a condição humana, para anunciar a todos o amor do Pai.

Quem se eleva será humilhado 
e quem se humilha será exaltado.

Nesta escola aprendemos também a construir a fraternidade, isto é, a comunidade solidária de homens e mulheres, adultos e jovens, sãos e doentes, capazes de construir pontes e de servir o bem comum.

Como Jesus, também nós podemos aproximar-nos do nosso próximo sem medo. Colocarmo-nos ao seu lado para caminhar juntos nos momentos difíceis e alegres, valorizar as suas qualidades, partilhar os bens materiais e espirituais: encorajar, dar esperança, perdoar. Alcançaremos o primado da caridade e da liberdade dos filhos de Deus.

Num mundo doente de oportunismo, que corrompe a sociedade, é um verdadeiro avançar contra a corrente, é uma revolução plenamente evangélica.
Esta é a lei da comunidade cristã, como escreveu também o apóstolo Paulo: «Com humildade, considerai os outros superiores a vós próprios». (1)

Quem se eleva será humilhado 
e quem se humilha será exaltado.

Como escreveu Chiara Lubich: «No mundo, as coisas seguem uma ordem completamente diferente. Vigora a lei do eu […] E conhecemos as dolorosas consequências que esta lei pode provocar no plano das relações sociais:[…] injustiças e desordens de todo o tipo. Todavia, aqui Jesus não pensa explicitamente em todos estes abusos, mas sim na raiz de onde eles brotam: o coração humano. […] Para Jesus, o que é preciso transformar é exatamente o coração, assumindo um comportamento novo, necessário para se estabelecer relacionamentos autênticos e justos. Ser humildes não significa apenas não ser ambiciosos, mas ter consciência do nosso próprio nada, sentirmo-nos pequenos diante de Deus e colocarmo-nos, portanto, nas Suas mãos como uma criança […].

Como viver bem este rebaixar-se? Fazê-lo, como Jesus fez, por amor aos nossos irmãos e irmãs. Deus considera feito a Si aquilo que fizermos a eles. Portanto, humilhemo-nos: servindo-os. […] E a exaltação chegará, com certeza, no mundo novo, na Outra Vida. Mas, para quem vive na Igreja, esta mudança de situações já está presente. Na verdade, quem comanda deve ser como alguém que serve. Situação, por isso, já transformada. E assim a Igreja, onde se vivem as palavras que aprofundámos, é já, para a humanidade, um sinal do mundo que há de vir». (2)


Letizia Magri
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1) Fl 2, 3. 2) C. Lubich, Palavra de vida de outubro de 1995, in Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma 2017, pp. 564- 565.

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