terça-feira, 9 de junho de 2020

“Pareceu maldade encomendada”, comenta Bispo sobre reportagem do Estadão



Dom Antonio Peruzzo enviou carta ao clero da Arquidiocese de Curitiba esclarecendo sobre a tendenciosa matéria do jornal Estado de São Paulo (Estadão) , que envolveu o nome de  Padre Reginaldo Manzotti .

O arcebispo explica aos seus padres a ordem dos fatos que desembocou em uma celeuma midiática, por conta de interpretações equivocadas. Padre Reginaldo Manzotti, como de costume, consultou o arcebispo sobre a sua participação em uma reunião com parlamentares católicos e o Presidente da República. “Ponderei a ele que não gosto nem um pouco do atual presidente. Todavia, no segmento das comunicações, quase tudo depende de autorização governamental. Qualquer meio de comunicação de rádio ou TV é concessão do Estado. Hoje, se não forem mantidos canais de diálogo, multiplicam-se severamente as retaliações. Foi assim também no passado, independentemente dos governos e grupos partidários“, respondeu Dom Peruzzo ao Padre Manzotti.

“Minha recomendação foi que participasse da reunião, mas que fosse cuidadoso no que falaria. Que não houvesse nem lisonjas nem hostilidades da parte do padre. Era uma reunião aberta, registrada, acessível ainda hoje a todos”, continua o arcebispo de Curitiba que passa comentar sobre a participação de Padre Manzotti na reunião: “O Pe. Reginaldo se pronunciou por apenas cinco minutos ou menos. Poderá ouvir sua fala abaixo. Foi tão somente uma apresentação legítima do segmento das rádios e TVs”.

“A reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Outros grandes jornais do país também acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único “concessionário da lucidez”? Pareceu maldade encomendada’, analisa o arcebispo. Para Dom Peruzzo, “tudo se tornou ainda mais debatido depois da nota do setor de comunicações da CNBB. Também foi uma nota infeliz. Foi detrativa”.

Leia a íntegra da carta de Dom Peruzzo, Bispo de Padre Reginaldo Manzotti ao clero da Arquidiocese de Curitiba: 

Curitiba, 08 de junho de 2020

Caríssimo Padre,

Escrevo-lhe para comentar e explicar sobre o acontecido deste final de semana, envolvendo o nome do Pe. Reginaldo Manzotti e TV Evangelizar em intensa celeuma midiática. Parece importante esclarecer para que não prevaleçam interpretações distorcidas. Tomei a inciativa de lhe expor a ordem dos fatos, pois que as hermenêuticas são as mais desencontradas.

No dia 21 de maio o Pe. Reginaldo me ligou consultando-me se deveria ou não participar de uma reunião online, proposta pela assessoria da presidência da República. Tal reunião seria no final da tarde daquele mesmo dia. Disseram que o presidente queria ouvir os pleitos das emissoras católicas. E Pe. Reginaldo deveria responder em um prazo exíguo, no mesmo dia. Ponderei a ele que não gosto nem um pouco do atual presidente. Todavia, no segmento das comunicações, quase tudo depende de autorização governamental. Qualquer meio de comunicação de rádio ou TV é concessão do Estado. Hoje, se não forem mantidos canais de diálogo, multiplicam-se severamente as retaliações. Foi assim também no passado, independentemente dos governos e grupos partidários. E o governo de agora é o que agora governa. Não existe outro.

Minha recomendação foi que participasse da reunião, mas que fosse cuidadoso no que falaria. Que não houvesse nem lisonjas nem hostilidades da parte do padre. Era uma reunião aberta, registrada, acessível ainda hoje a todos. Aconteceu em 21 de maio. Sobre o acontecido não surgiu nenhuma matéria jornalística até o sábado, dia 05.06. Foi então que, após 16 dias, o jornal o Estado de São Paulo estampou a seguinte manchete: “Ala da Igreja Católica oferece apoio ao governo em troca de verbas”. E foi esse o teor da reportagem.

O encontro foi promovido pelo grupo de parlamentares católicos. Vários setores das comunicações católicas apresentaram seus pleitos. As bajulações ficaram por conta dos parlamentares, mas não dos diretores das emissoras católicas, a não ser algumas expressões folclóricas de um tal que desconheço. O Pe. Reginaldo se pronunciou por apenas cinco minutos ou menos. Poderá ouvir sua fala abaixo. Foi tão somente uma apresentação legítima do segmento das rádios e TVs.

A reportagem do Estadão foi inteligentemente malévola: divulgou o acontecimento com grande tardança e os apresentou em distorções grosseiras. Outros grandes jornais do país também acompanharam e nada publicaram. Acaso o Estadão é o único “concessionário da lucidez”? Pareceu maldade encomendada.

Tudo se tornou ainda mais debatido depois da nota do setor de comunicações da CNBB. Também foi uma nota infeliz. Foi detrativa. Embora especialistas, tomaram como veraz uma reportagem viciada. E puseram-se a falar que a Igreja não aceita barganhas. É uma pena que chamaram de barganha o que e quem nada barganhou. Basta verificar e acompanhar toda a reunião. Quem barganhou?

Caro Padre, decidi escrever estas linhas para que saiba do conjunto dos fatos e possa conversar com quem lhe perguntar. Não escrevi para justificar. Tem também o direito de discordar. Mas impressiona o grau de desfiguração intencionada dos fatos. Vivemos tempos em que parece natural sofisticar a maldade. Deixo-lhe um abraço.


Dom Peruzzo
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Ancoradouro

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