quarta-feira, 24 de junho de 2020

Danificam quadro da Imaculada de Murillo em tentativa fracassada de restauração



Um quadro cópia da famosa Imaculada de Murillo, do século XVII, foi restaurado sem sucesso por um restaurador de móveis em Valência (Espanha). A imagem de Nossa Senhora apareceu totalmente desfigurada. Posteriormente, o proprietário contratou um especialista no assunto para tentar consertá-lo e recuperar a semelhança com o original.

A restauração de obras de arte não é nada simples. Prova disso são as inúmeras restaurações fracassadas que ocorreram nos últimos anos, como é o caso do Cristo de Borja, em 2012, a escultura de São Jorge, em 2018, ou a de três imagens de madeiras em Rañadoiro, Astúrias (Espanha).

Nesse caso, a última restauração fracassada foi a de uma cópia do século XVII da famosa Imaculada, de Bartolomé Esteban Murillo, em Valência (Espanha).

O proprietário, um colecionador de arte valenciana, encomendou a restauração e a limpeza do quadro a um restaurador de móveis por 1.200 euros. No entanto, ao devolver a peça, percebeu que o rosto estava completamente mudado.

Segundo destaca a Europa Press, ao pedir explicações ao autor da restauração, ele tentou "solucionar" o problema, mas o resultado foi ainda pior porque não tem nenhuma semelhança com o original.

Posteriormente, o colecionador contatou um profissional especializado em restauração de pintura e formado para isso para tentar reabilitar a obra e desfazer, na medida do possível, a falha na restauração dessa pintura significativa.

Maria Borja, vice-presidente de relações internas e coordenadora da Associação Profissional de Conservadores e Restauradores da Espanha (ACRE), disse à Europa Press que essas restaurações fracassadas "infelizmente são muito mais frequentes do que se imagina".



“Conhecemos apenas os casos que a sociedade denuncia através da imprensa ou das redes sociais, mas há muitas situações nas quais as obras recebem a intervenção de pessoas que não têm formação. As obras passam por esse tipo de intervenções não profissionais, podendo provocar uma mudança irreversível”, garantiu.

ACRE enviou um comunicado afirmando que, se os fatos dessa restauração fracassada forem confirmados, “teríamos que lamentar a perda, mais uma vez, de um bem cultural e, nesses casos, solicitamos que essa situação não se torne motivo de diversão para a mídia e social, como aconteceu anteriormente. Além disso, deveríamos ficar alarmados com o fato de que essa parte de nossa herança está desaparecendo devido a essas intervenções desastrosas”.

Do mesmo modo, enfatizaram que “nenhum profissional com formação acadêmica oficial realizaria esse tipo de ataque ao patrimônio. Portanto, esse tipo de acontecimento não pode ser confundido com uma intervenção de conservação-restauração, pois é uma intervenção falsa e ofensiva para a nossa profissão”.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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