quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Belo Horizonte terá ‘marcha para Satanás’ em defesa do Estado laico



Belo Horizonte sediará, em março, a primeira edição da “Marcha para Satanás”. Apesar do nome, o evento não tem relação com nenhuma seita, mas é um pedido por Estado laico. A marcha acontece em 29 de março, na Praça da Liberdade, a partir de 14h.

Ao BHAZ, um dos organizadores do evento, que não quis se identificar, contou que a marcha é inspirada em formas de Satanismo Moderno, que são mais uma forma de protesto contra abusos cometidos em nome de algumas religiões do que a adoração ao Diabo em si. “Nosso protesto é principalmente a favor do Estado laico e das liberdades individuais”, explica.

Ele ainda conta que a proposta é levar as pessoas a refletirem sobre como seria ver uma outra religião, muitas vezes considerada ”assustadora”, tendo espaço na sociedade: “Muita gente é perseguida por não se adequar aos padrões colocados pelas religiões. Homossexuais, travestis, pessoas de religiões de origem africana, são colocadas à margem da sociedade por causa desse conservadorismo medieval".

A “Marcha para Satanás” pretende ser uma versão brasileira do movimento americano Templo Satânico dos EUA, que protesta contra o cristianismo abrindo processos contra monumentos com símbolos cristãos em áreas públicas, nomes de ruas ligados à religião, oração em escolas, entre outras manifestações.

No Brasil, o evento pretende usar a blasfêmia em nome do combate à intolerância. Inspirada em movimentos como o Templo Satânico e a Global Order of Satan, a proposta da marcha pode ser chocante para alguns. No entanto, o objetivo principal não é confrontar diretamente os cristãos, mas sim unir pessoas que se identificam com a causa, segundo a organização.

“Queremos fazer um protesto divertido, satírico e blasfêmico, e convidar a sociedade a ter mais pensamento crítico, mais empatia e substituir a sua intolerância pelo amor”, diz o organizador.

Além de levantar diversas questões sociais, o projeto também bate de frente com políticas públicas que privilegiam determinadas religiões e marginalizam outras. “Se as portas da política pública estão abertas pra uma religião, têm que estar abertas para todas. Se vai ter Jesus nas escolas públicas, vai ter Satanás nas escolas públicas. Se os imóveis de igrejas não pagam impostos, as casas daqueles que se declaram satanistas também tem que estar isentas”, defende o organizador.

Em janeiro de 2016, alguns grupos organizaram a Marcha para Satanás em São Paulo mas, apesar da repercussão, o evento contou com cerca de 150 pessoas.
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Jornal de Brasília/ Catraca Livre/ BHAZ

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