quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Papa enviará antecipadamente a alguns bispos o texto da exortação apostólica sobre a Amazônia


Para uma melhor preparação dos bispos e fiéis das diversas dioceses do mundo, o Papa enviará a alguns prelados o texto do seu próximo documento, contendo suas reflexões sobre as propostas do Sínodo da Amazônia, segundo indicou o Cardeal Claudio Hummes, em uma carta que o purpurado terá enviado no dia 13 de janeiro de 2020 a bispos de vários países.

“O Santo Padre está preparando uma nova exortação apostólica que apresenta os novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral surgidos sob a guia do Espírito Santo durante o Sínodo para a Amazônia desde outubro do ano passado”, começa a carta do Cardeal brasileiro, divulgada pelo jornalista italiano Aldo Maria Valli em seu site.

“O rascunho (da exortação) está atualmente em fase de revisão e correção e será traduzida em breve. O Papa Francisco espera poder promulgá-la a fins deste mês ou a inícios de fevereiro”, prossegue a missiva cuja autenticidade foi confirmada pelo grupo ACI.

Fontes confiáveis indicaram a ACI Digital que o rascunho da exortação apostólica será enviado aos bispos antes do final desta semana, mas não a todos os prelados do mundo, senão somente aos que estiveram envolvidos no processo sinodal.

O Cardeal Hummes indica em sua missiva que “a exortação é muito esperada e suscitará grande interesse e distintas respostas”. 

Embora não o mencione, o documento final do Sínodo dos Bispos que foi entregue ao Santo Padre contém três propostas controvertidas: a ordenação de homens casados, um ministério para mulheres e a possível criação de um rito amazônico.

A proposta de ordenar homens casados está no parágrafo 111 do documento final, que recebeu 128 votos a favor e 41 em contra, com o qual se converteu no numeral que mais desaprovações recebeu em todo o texto.

Em sua carta, o Cardeal Hummes assinala sobre o rascunho da exortação apostólica que “o Santo Padre quis que os ordinários locais recebessem diretamente o texto antes que seja publicado e que a imprensa comece a comentá-lo”.

“Com a intenção de favorecer uma adequada preparação, nesta primeira carta são oferecidas algumas sugestões”, como por exemplo “ler alguns documentos precedentes relativos ao tema”. “Dentro de 10 dias ou menos, receberá uma segunda carta com outras sugestões mais”, acrescenta Dom Cláudio.

Os textos sugeridos pelo prelado brasileiro são o documento final do Sínodo, publicado em 26 de outubro, o discurso do Papa Francisco aos povos da Amazônia em Puerto Maldonado (Peru) em 19 de janeiro de 2018, o discurso do Papa Francisco ao início dos trabalhos do Sínodo de 7 de outubro de 2019, a relação (discurso) do Cardeal Claudio Hummes ao início do Sínodo nessa mesma data, o discurso do Papa Francisco ao final do Sínodo em 26 de outubro de 2019; e os capítulos 5 e 6 da encíclica Laudato se’ do Santo Padre.

Outra das sugestões do Cardeal é organizar uma conferência de imprensa “ou algum outro evento” para apresentar a exortação “junto a um representante indígena”, “um responsável pastoral perito (ordenado ou religioso, leigo ou leiga), um perito em temas ecológicos e um jovem engajado na pastoral juvenil”.

O Cardeal pede aos bispos “manter esta carta em reserva e compartilhá-la somente com quantos estejam diretamente envolvidos na preparação das dioceses em vistas à publicação da exortação, não com outros bispos ou com a imprensa”.

O Cardeal conclui fazendo votos para que o Senhor “disponha o povo de Deus na Amazônia e em todo mundo a recebê-la (referindo-se à exortação) com fé, esperança, inteligência e eficácia”.

O Sínodo da Amazônia se realizou entre os dias 7 e 27 de outubro no Vaticano sob o lema “Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Participaram 185 bispos provenientes dos países da bacia Amazônica, representantes dos dicastérios vaticanos e de outros lugares do mundo.
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ACI Digital/ ACI Prensa
Traduzido e adaptado por Rafael Tavares.

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