domingo, 13 de outubro de 2019

Estamos à beira de um ecossocialismo na Igreja?


O Papa Bento XVI quando escreveu o livro: “Jesus de Nazaré” afirmou que, da mesma forma como o diabo tentou nosso Senhor sugerindo-Lhe que transformasse pedras em pães, assim também a Igreja, ao longo de seus milênios de existência, foi e é tentada pelo mesmo adversário a erradicar a miséria do mundo matando a fome de seus habitantes. Por vezes, líderes da Igreja, inclusive alguns bens intencionados, sentiram-se fracassados por acreditarem ser esta a missão exclusiva da Igreja nesta Terra e impotentes diante da afirmação do próprio Mestre: “Pobres, sempre tereis entre vós”. (Jo12,8).

Como bem recordou recentemente o Cardeal Sarah: “A Igreja está gravemente equivocada quanto à natureza da crise real se ela acha que a sua missão essencial é oferecer soluções para todos os problemas políticos relacionados com a justiça, a paz, a pobreza, a recepção de migrantes etc., enquanto negligencia a evangelização”. Embora tudo isso seja importante, claro, ela jamais deve descurar de sua missão primária que é a de levar Cristo aos homens. Somente Ele pode revelar o homem ao próprio homem! (Veritatis Splendor).

Na década de 70, um grupo de teólogos na América Latina, inspirando-se no método sócio-analítico-marxista, fez uma releitura da Sagrada Escritura e da própria Teologia e criaram a Teologia da Libertação. Partindo do pressuposto verdadeiro de que Cristo Jesus liberta o homem de todas as suas prisões, sobretudo daquela que é a origem de todas as demais: o pecado; caíram no erro de reduzir a pobreza material a uma espécie de categoria teológica como a única inerente ao homem!

Tal análise, caiu consequentemente numa visão unilateral esquecendo-se de que, como nos diz o livro do Apocalipse, diante de Deus todo homem é miserável, pobre, cego e nu! (Cf. Ap. 3,17). Ou seja, lutando pela bandeira ideológica de um partido dos pobres com o propósito de que todos tivessem o que chamavam de “vida plena”, não se deram conta de que ainda que todas as necessidades materiais do homem sejam supridas, este mesmo homem tem uma alma que é imortal e que tem sede de um Deus que é infinito!

É por esta razão que, embora muitos países de primeiro mundo tenham as necessidades materiais básicas de sua população supridas, mesmo assim, gastam em demasia com ansiolíticos e antidepressivos, pois, como nos disse nosso Senhor, a vida de um homem não consiste na acumulação de bens. (cf. Lc12,16).

Assim, o que era previsível aconteceu: os pobres buscavam os mantimentos mensais nos círculos de reflexão marxista e iam se alimentar da Palavra nas seitas protestantes, que, neste meio tempo, nadaram de braçada! De fato, nosso Senhor respondeu ao maligno: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda Palavra da boca de Deus”. (Mt4,4).

Percebendo seu método ineficaz de se disseminar, caindo no descrédito e em plena agonia, a mesma famigerada Teologia da Libertação, percebendo ainda que seu conceito de “pobre” era ineficaz e muito distante que estava e está de compreender a pobreza evangélica que é algo muito mais abrangente, ressurge com o mesmo método, mas com uma nova bandeira: uma espécie de “ecossocialismo”, uma releitura marxista de nossos tempos. O “crucificado” não é mais o pobre material, mas a “Mãe Terra” que grita por libertação! A mesma ideologia trocou de roupa!

Embora os cristãos entendam o “dominai sobre todas as criaturas” do livro de Gênesis, não como uma dominação irresponsável sobre os recursos naturais, mas sim, na perspectiva do cuidado para com a criação imitando seu Criador, a ecologia não pode ser transformada numa espécie de nova religião e, muito menos ser instrumentalizada como bandeira ideológica de quaisquer grupos.

Tais grupos “ecossocialistas” para sustentar uma ideologia espalham mentiras que, de tanto terem sido repetidas, parecem verdades. Vide algumas: “a Amazônia é o pulmão do mundo”. Como? Se a maior percentagem de oxigênio produzida no planeta vem das algas dos oceanos e quase todo o oxigênio produzido pela Amazônia é por ela mesma consumido? “Nunca se emitiu tanto CO2 na história”. Como? Se os cientistas comprovaram recentemente que a emissão de CO2 no planeta é a mesma há 3 milhões de anos? “Estamos caminhando rumo a um irreversível aquecimento global”. Como? Se já há sérios cientistas preocupados com o “esfriamento global”? Tanto que os “ecossocialistas” (inclusive os da ONU) mudaram o “slogan” de campanha “aquecimento global” para “mudança climática”, já que eles mesmos parecem nem saber do que estão falando?

O Senhor Jesus poderia muito bem ter batido de frente com o Império Romano que dominava seu povo, inclusive seu pai nutrício e Sua mãe faziam parte desse povo dominado. No entanto, sendo Ele a própria Sabedoria Encarnada, sabia muito bem que, ainda que mudasse o sistema por um mais perfeito, por Ele próprio criado, não duraria muito tempo se não fosse no âmago da questão: o coração do homem! Aliás, Ele mesmo dirá: “Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias. Eis o que mancha o homem.” (Mt15, 19-20).

Por isso mesmo, se a Igreja em primeiríssimo lugar não anuncia Jesus, consequentemente, trai sua missão! Há um fato bonito de uma tribo indígena evangelizada, onde seu líder entrega ao missionário algumas flechas dizendo: “toma, por favor”! Quando o missionário lhe pergunta o motivo, ele responde: “é que antes eu as utilizava para matar, mas desde que conheci Jesus, eu já não mato mais”!

O cristianismo genuíno não passa por cima de nenhuma cultura, muito pelo contrário, a Igreja crê que, em todas as culturas há o que ela chama de “semini verba”, expressão latina que quer dizer: “sementes do Verbo”. Ou seja, que as sementes do Verbo estão presentes em todas as culturas de tal modo que o missionário, muito mais do que levar Cristo, ajuda aquele povo específico a identificar o Senhor que já chegou primeiro.

No entanto, justamente por causa do pecado original, todas as culturas de todos os tempos trazem consigo as “sequelas peccati” (sequelas do pecado). E, por isso mesmo, têm de ser purificadas pelo Evangelho. Por esta razão, não podemos idolatrar nenhuma cultura como se fosse perfeita, como se pretende muitas vezes fazer com os indígenas, pois a Palavra é clara quando diz: “Com efeito, todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus”. (Rm3,23). Os índios também merecem conhecer a verdade: Jesus!

É alarmante ouvir de líderes da Igreja frases em tom orgulhoso como: “eu nunca batizei um índio, nem pretendo”. Ora pois, o batismo é necessário para a salvação! Nosso Senhor mesmo disse: “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc16,16). Ora, todos os homens de todos os tempos, merecem a salvação! A salvação é o Senhor Jesus! E, por isso mesmo, nenhuma religião está em pé de igualdade com aquela que Ele próprio fundou!

Em outras palavras, se formos a qualquer cultura e não a levarmos Jesus teremos traído o próprio Senhor e a cultura que pretendíamos salvar! Também não haverá uma ecologia integral saudável sem antes fazer o mais elementar que é amar a Deus sobre todas as coisas, anunciar que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida, e lançar mão de um marxismo estéril com ideologias que põem o homem no centro e não Deus! Afinal, o homem não pode salvar-se, mas Deus pode!


Pe. Wagner Lopes Ruivo
Sorocaba, São Paulo

Nenhum comentário:

Postar um comentário