sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O celibato não é a causa dos abusos na Igreja, afirma Bispo argentino


Ante os casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes revelados recentemente na Argentina, o Bispo de San Francisco, na província de Córdoba, Dom Sergio Buenanueva, explicou que “o celibato não é uma razão suficiente para que um adulto se torne um depredador de menores”.

O Bispo manifestou a sua dor e repúdio ante os casos de abusos sexuais ocorridos em um centro que atende crianças com problemas de audição e transtornos de linguagem em Mendoza, no qual estão envolvidos dois sacerdotes e vários leigos.

O Prelado ressaltou que o celibato não é a razão destes abusos, pois “há uma personalidade desestruturada que é prévia à opção do celibato”.

“Um padre celibatário abusa de um menor pelas mesmas razões que abusa alguém que não é padre nem é celibatário”, assegurou.

Dom Buenaventura explicou que em sua expressão mais genuína, o celibato “é um chamado de Deus que um homem ou uma mulher sente de se consagrar totalmente a Deus, imitando nisto a Cristo, o grande celibatário do cristianismo”.

Para o Bispo, “o padre católico celibatário é uma figura evangélica muito bonita, muito fecunda. Eu sou celibatário e é uma opção de vida que eu fiz e que diante de Deus sou muito feliz e tento vivê-lo como é, como uma consagração a Deus”.

Dom Buenanueva fez estas declarações à rádio argentina ‘Cadeia 3’, que intitulou a entrevista como “O bispo de San Francisco exortou a reformular o celibato”, quando, na verdade, o Prelado fez uma clara defesa desta disciplina eclesial.

No caso dos abusos em um centro do Instituto Antonio Próvolo em Mendoza, estes remontam a 2007, quando os abusados eram todos menores de idade, na localidade de Luján de Cuyo. 

A justiça declarou como imputados pelos delitos de “abuso sexual agravado pela guarda e a convivência preexistente com menores, em concurso real com corrupção de menores” os sacerdotes: Pe. Nicolás Corradi, Pe. Horacio Corbacho; o administrador José Luis Ojeda; o coroinha José Bordón; e o jardineiro Armando Gómez, todos funcionários do lugar.

Um dos sacerdotes denunciados e agora detido, Pe. Nicolás Corradi (82 anos), já tinha sido acusado de abusar sexualmente de meninas e meninos surdos entre 1955 e 1984 na sede do Instituto Próvolo em Verona (Itália) e, depois de serem feitas estas denúncias, foi transferido para a Argentina sem nenhuma explicação.

Dom Buenaventura criticou este tipo de atos dentro da Igreja e disse que em alguns casos este tipo de transferência poderia ser considerado até “delitivo”.

“Isto é um dos temas que deverá ser profundamente corrigido, a Igreja já está corrigindo, melhorou muitíssimo nisto, é quase impossível que um bispo possa fazer isto pela normativa, pela mudança de mentalidade que está ocorrendo”, assinalou o Prelado.

Sobre o celibato, o Prelado disse: “não acredito que a Igreja mude a sua prática atual, também acho que esta não será a solução, mas acredito que precisamos ter uma discussão muito séria, muito honesta e muito franca para ajudar os sacerdotes”.

Por outro lado, a Igreja aprendeu “muito dolorosamente” que não pode admitir à vida sacerdotal ou à vida consagrada homens que tenham um diagnóstico “de alguém que possa ter posteriormente um comportamento de pedófilo ou de abusador”.

Frente a esta situação, “como dizia o Papa Bento XVI e o Papa Francisco com muita força, é necessário enfrentar estas coisas, com toda a dor do mundo e com toda a disposição para mudar a raiz” de tudo aquilo que permitiu que fossem cometidos estes delitos graves contra menores.

Uma prova disto é a decisão da Santa Sé de expulsar do estado clerical o agora ex-sacerdote Cristian Gramlich, acusado de abusos em San Isidro (Argentina).

Por Bárbara Bustamante
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ACI Digital

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