terça-feira, 8 de novembro de 2016

A penitência de coração sincero


Façamos penitência enquanto vivemos na terra. Somos barro nas mãos de um artífice. O oleiro pode recompor o vaso que lhe sai defeituoso ou se lhe desfaz nas mãos, enquanto o está a modelar; mas depois de o introduzir no forno já não o retoca mais. Assim também nós, enquanto estamos neste mundo, façamos penitência e arrependamo‑nos sinceramente de todos os pecados cometidos, enquanto é tempo, para sermos salvos pelo Senhor.

Depois de partirmos deste mundo, já não poderemos confessar os nossos pecados nem fazer penitência. Por isso, irmãos, façamos a vontade do Pai, conservemos casto o nosso corpo e guardemos os mandamentos do Senhor, e assim alcançaremos a vida eterna. Diz o Senhor no Evangelho: Se não fostes fiéis no pouco, quem vos confiará o muito? Eu vos digo: Quem é fiel no pouco também será fiel no muito. Quer dizer: conservai o corpo casto e o caráter cristão imaculado, para que sejais dignos de receber a vida. E nenhum de vós ouse afirmar que o nosso corpo não será julgado nem ressuscitará.

Considerai bem: em que situação fostes redimidos e iluminados, senão enquanto vivíeis neste corpo? Por isso devemos guardar o corpo como um templo de Deus. Assim como fostes chamados neste corpo, também neste corpo vos apresentareis. Se Cristo Senhor, que nos salvou, sendo antes apenas espírito, Se fez homem e assim nos chamou, também nós receberemos a recompensa neste corpo. Amemo‑nos, portanto, uns aos outros, para chegarmos todos ao reino de Deus. Enquanto temos tempo para sermos curados, entreguemo‑nos a Deus, nosso médico, e demos‑Lhe a retribuição devida. Que retribuição? A penitência de um coração sincero. Deus conhece previamente todas as coisas; conhece tudo o que se passa no nosso coração. Tributemos‑Lhe o nosso louvor, não só com a boca mas também com todo o coração, para que nos receba como seus filhos. Porque o Senhor disse: Os meus irmãos são aqueles que fazem a vontade de meu Pai.


Da Homilia de um autor do século II

(Cap. 8, 1 – 9, 11. Funk 1, 152-156)

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