quarta-feira, 1 de junho de 2016

Pedagogia Litúrgica para o mês de Junho de 2016: "A misericórdia e a busca de Deus".


Um mês para celebrar e refletir a misericórdia divina em nossas vidas, na vida social e na vida da Igreja. Um mês para iniciarmos o caminho e nos tornar buscadores da face divina. É assim que podemos definir a pedagogia litúrgica que o mês de junho, neste ano de 2016, propõe em suas celebrações, a começar da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

De fato, no contexto do Ano Santo da Misericórdia, nada mais oportuno que aprofundar o tema da misericórdia a partir da teologia e da espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus. A misericórdia, na celebração do Coração de Jesus, é proposta como fonte de alegria interior e inspiração contemplativa do Coração do Bom Pastor. Do ponto de vista pastoral, trata-se da valorização do acolhimento e da promoção da vida a partir da misericórdia. O Coração de Jesus é fonte e modelo da misericórdia de Deus para conosco.

Buscar a vida através da misericórdia divina

Fortemente inspirados pelo amor misericordioso de Jesus, as celebrações dominicais iniciam-se com uma certeza que vive nos corações dos que temem a Deus: nós buscamos a vida em ti, Senhor! As cenas de ressuscitamento de dois jovens, um da parte de Elias e outro da parte de Jesus, no 10DTC-C, demonstram que a fonte da vida está em Deus. Quanto a nós, buscadores de Deus e da vida plena que só em Deus se encontra, o convite para sermos promotores e defensores da vida em atitude de misericórdia. É deste modo que se celebra o triunfo da vida como a grande obra de misericórdia divina em favor do seu povo. Agir misericordiosamente, da parte humana, é se alinhar a favor da vida em todas as circunstâncias. Nós, cristãos, amamos viver e misericordiosamente cultivamos e promovemos a vida em todos os tempos e circunstâncias.

Quanto mais promovemos a vida, mais necessitados da misericórdia divina estamos e nos tornamos; mais precisamos aprender a ser acolhedores e perdoadores. O pecado existe e a necessidade do perdão também existe. Por isso, do ponto de vista da misericórdia divina, é admirável a coragem de Natã, denunciando o abuso de poder, da parte de Davi e, mais admirável, o acolhimento de Jesus, perdoando os pecados de uma mulher, que se reconhece pecadora, no 11DTC-C. No centro das cenas, a luz do acolhimento como condição para reconhecer o pecado e para perdoar misericordiosamente. Trata-se de uma condição indispensável para ser misericordioso como Deus é misericordioso. Eis, porque este Domingo se apresenta como uma celebração totalmente iluminada com a dinâmica da misericórdia e propõe aos celebrantes atitudes que favoreçam a prática da dinâmica da misericórdia para suas vidas, especialmente o acolhimento que afugenta a discriminação.

Buscar a Deus através da mística e da oração

Como na primeira celebração dominical deste mês de junho, a Liturgia volta a convidar os celebrantes a buscar a face do Senhor. É tua face, Senhor, que buscamos, rezarão os celebrantes do 12DTC-C. Buscar a face divina é procurar o caminho para se conhecer Deus e contemplar a sua face. Um caminho que passa pela mística, pela oração e pelo discipulado. Só quem é capaz de caminhar nos caminhos de Deus tem condições de conhecer e reconhecer em Jesus Cristo o rosto divino, vivendo entre nós. Eis, pois, uma celebração que nos interroga sobre quem é Jesus Cristo em nossas vidas. Uma celebração para levar os celebrantes a se questionarem sobre o conhecimento de Deus, não do ponto de vista teórico, mas através do seguimento concreto de Jesus, no discipulado, revestindo-se de Jesus Cristo em todos os momentos da vida.

Convidados, no 12DTC-C, a buscar a Deus através do discipulado, o 13DTC-C reforça o convite para o seguimento de Jesus no mesmo discipulado propondo cinco modelos de chamados e cinco propostas de dificuldades vocacionais, desde a vocação de Eliseu, passando pela vocação de Jesus e outros três chamados vocacionais, presente no Evangelho deste 13DTC-C. Uma celebração, portanto, tipicamente vocacional, na qual a Palavra propõe quatro condições para a resposta vocacional sincera e coerente da parte dos vocacionados. Quem não for capaz da radicalidade e exclusividade pelo projeto divino não terá condições de responder ao chamado e, de acordo com Jesus, não é nem mesmo digno de caminhar nos caminhos do discipulado.

Concluindo

As celebrações de junho convocam-nos a crescermos na misericórdia e a sermos misericordiosos a partir do modelo divino do Coração de Jesus. Não apenas propõem o modelo, como ensinam a ser misericordiosos pela defesa da vida (10DTC-C) e como promotores do perdão e da reconciliação (11DTC-C). Celebrações que nos tornam buscadores de Deus através da dinâmica da misericórdia (10DTC-C e 11DTC-C), pela mística, pela contemplação e pelo discipulado (12DTC-C e 13DTC-C). A misericórdia e a busca de Deus marcam as celebrações de junho.



Serginho Valle
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Serviço de Animação Litúrgica

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