sábado, 23 de agosto de 2014

Cristãos no Iraque: “queremos o Papa Francisco aqui”




Refugiados e esquecidos. Os cristãos do Iraque sentem-se abandonados por todos, ou quase todos. Um dos poucos pontos de referência que permanece é o Papa Francisco. Ele é a pessoa que está insistindo para que se acendam os refletores sobre a dificuldade deles, enquanto organismos internacionais e soldados curdos pensam em deter os extremistas do Estado Islâmico.
Uma oração pelos cristãos

Neste 20 de agosto, durante a catequese, o Papa convidou os presentes a se unirem “à oração por todos os cristãos perseguidos no mundo, particularmente no Iraque, e rezar também pelas minorias religiosas não cristãs no Iraque, também elas perseguidos” (Avvenire, 20 de agosto). Um convite que é resposta às notícias sempre mais preocupantes que circulam na imprensa nos últimos dias. Os cristãos fogem da perseguição jihadista principalmente em Mossul, Qaraqosh e Bartella.

Sofrimento e martírio

Os testemunhos recolhidos pelos jornalistas em Erbil são emblemáticos: “apenas o Papa Francisco ainda se lembra de nós: disse que virá para nos consolar, mas o mundo já nos abandonou”, sustenta Fryal Acim, professora de 43 anos, acampada há duas semanas na Igreja de São José. “Choramos e rezamos por todos os yazidis, sobretudo pelas mulheres que foram raptadas e estupradas por aqueles brutos. Mas também nós sofremos um doloroso martírio”.

Fuga sem retorno

Existe sempre mais consciência de que a fuga da planície de Nínive não terá retorno. “Perdemos o passado e ainda não temos futuro”, diz Hassan Habili, 32 anos, que fugiu com a família nas primeiras horas do dia 6 de agosto, pouco antes dos extremista invadirem Qaraqosh. “Não confiamos mais em ninguém, porque mesmo se o Exército federal iraquiano tivesse que reconquistar as nossas vilas, permaneceria o perigo do retorno dos jihadistas que, mais ou menos de maneira escondida, massacram-nos desde sempre. Quem nos garante que daqui a seis meses, ou seis anos não recomeça tudo de novo?”.

A dignidade perdida

“Sabe porque queremos tanto que o Papa Francisco venha nos encontrar?”, indaga Hamad Abdul Aziz, 38 anos, ex-guarda noturno de Bartella, que conseguiu milagrosamente fugir após ter tentado defender com sua arma o sacerdote da Igreja. “Porque além do alimento e das roupas, o que nos serve mais neste momento é a dignidade. Somente o Papa é capaz de nos devolvê-la. Nós a perdemos quando precisamos fugir das nossas terras. Talvez tenhamos agido de forma covarde, mas era a única maneira de nos salvar. Perdemos tudo, mas não a vida”.

Todos espremidos em Erbil

Em Erbil, nas estruturas das escolas e ao redor da catedral caldeia, atualmente estão 600 famílias, no total 3.060 pessoas (das quais 500 são crianças menores de 14 anos), 99% são católicos de Qaraqosh, alguns de Karamlish e de Mossul, os poucos que permaneceram após o êxodo do fim de junho, início de julho (Tempi.it 14 de agosto).

Uma imensa Planície fantasma

A Planície de Nínive é uma imensa extensão fantasma. Como conta o jornal italiano Corriere della Sera (dia 20 de agosto), descendo o vale pedregoso do pequeno vilarejo cristão de Alqosh, onde fica o mosteiro de Rabban Homizd, não se vê ninguém. Não tem sinais nem mesmo dos monges eremitas, que temendo os extremistas fugiram, provavelmente para as montanhas turcas. 

Nenhum sinal dos eremitas

“Monges, clero local, junto com grande parte dos fiéis se encontram escondidos nas cidades e vilarejos da fronteira com a Turquia”, diz o negociante. “Os soldados curdos escaparam mais rápido que nós. Se não fossem os mísseis americanos, tudo aqui estaria agora nas mãos dos extremistas sunitas”.
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Fonte: Aleteia

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