quinta-feira, 22 de maio de 2014

Vaticano envia mensagem aos budistas



PONTIFÍCIO CONSELHO PARA O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
MENSAGEM AOS BUDISTAS 
PARA O VESAKH / HANAMATSURI 2014

Estimados amigos budistas

1.       Em nome do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso, desejamos transmitir a todos vós mais uma vez, em todas as partes do mundo, os bons votos mais cordiais por ocasião da festa de Vesakh.

2.      Este ano os nossos votos inspiram-se na Mensagem do Papa Francisco por ocasião do DiaMundial da Paz de 2014, intitulada «Fraternidade,fundamento e caminho para a paz», na qual ele observa que: «A fraternidade é uma dimensão essencial do homem, dado que ele é um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção de uma sociedade justa, de uma paz firme e duradoura» (n. 1).

3.      Caros amigos, a vossa tradição religiosa inspira a convicção de que as relações de amizade, o diálogo, a troca de dons e o intercâmbio respeitador e harmonioso de pontos de vista levam a uma atitude de amabilidade e de amor que, por sua vez, gera relacionamentos autênticos e fraternais. Estais, outrossim, persuadidos de que as raízes de todo o mal são a ignorância e a incompreensão, as quais derivam da avidez e do ódio que por sua vez destroem os vínculos de fraternidade. Infelizmente, «o egoísmo diário, que está na base de muitas guerras e injustiças» impede que vejamos os outros «seres feitos para a reciprocidade, para a comunhão e para a doação» (Mensagem para o Dia Mundial da Paz de2014, n. 2).


4.      Nós, budistas e cristãos, vivemos num mundo demasiadas vezes dilacerado pela opressão, egoísmo, tribalismo, rivalidades étnicas, violência e fundamentalismo religioso, um mundo onde «o outro» é tratado como um ser inferior, uma não-pessoa, ou alguém que deve ser temido e, se possível, eliminado. Contudo somos chamados, em espírito de colaboração com outros peregrinos e com pessoas de boa vontade, a respeitar e defender a nossa comum humanidade na variedade dos contextos socioeconómicos, políticos e religiosos. Haurindo das nossas diferentes convicções religiosas, somos chamados de modo particular a ser francos ao denunciar todos os males sociais que prejudicam a fraternidade; a ser curadores, que ajudam os outros a crescer numa generosidade abnegada; e a ser reconciliadores, que derrubam os muros de divisão e promovem na sociedade uma fraternidade autêntica entre indivíduos e grupos.

5.      No mundo contemporâneo assistimos a um aumento do sentido da nossa comum humanidade e a uma busca global de um mundo mais justo, pacífico e fraterno. Mas a realização destas esperanças depende do reconhecimento de valores universais. Esperamos que o diálogo inter-religioso, reconhecendo os princípios fundamentais da ética universal, possa contribuir para promover um renovado e profundo sentido de unidade e de fraternidade entre todos os membros da família humana. Verdadeiramente, «cada um de nós é chamado a ser um artífice da paz, unindo e não dividindo, extinguindo o ódio em vez de o conservar, abrindo caminhos de diálogo em vez de erguer novos muros! Dialogar, encontrar-se para instaurar no mundo a cultura do diálogo, a cultura do encontro» (Papa Francisco, Discurso aos participantes no Encontrointernacional para a Pazpromovido pela Comunidade de Santo Egídio, 30 de Setembro de 2013).

6.      Prezados amigos, para construir um mundo fraterno, é de importância vital que unamos as nossas forças para educar as pessoas, de modo especial os jovens, a fim de que procurem a fraternidade, vivam na fraternidade e tenham a coragem de construir a fraternidade. Oremos para que a celebração de Vesakh seja uma ocasião para voltar a descobrir e promover novamente a fraternidade, de maneira particular nas nossas sociedades divididas.

Permiti que vos manifeste mais uma vez as nossas mais cordiais felicitações e que deseje a todos vós uma Feliz festa de Vesakh!

Cardeal Jean-Louis Tauran 
Presidente

Padre Miguel Ángel Ayuso Guixot, MCCJ
 Secretário
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Fonte: CNBB

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