terça-feira, 11 de março de 2014

A Igreja deve se envolver na política?


Londres, 13 de fevereiro: o arcebispo de Westminster, recentemente criado cardeal, Vicente Nichols, criticou abertamente a política econômica do primeiro-ministro britânico, David Cameron, pela sua reforma do sistema de proteção social, que levou meio milhão de ingleses a acudir aos bancos de alimentos, algo considerado vergonhoso – provocando, na semana seguinte, a adesão de 27 bispos anglicanos a esta crítica.
 
Kiev (Ucrânica), 20 de fevereiro: os bispos greco-católicos, ortodoxos e luteranos ucranianos condenaram energicamente os assassinatos coletivos das forças de repressão policial em Maidan.

 
Les Hayes (Haiti), 22 de fevereiro: o presidente da Conferência Episcopal Haitiana e recém-criado cardeal, Chiby Langlois, que em janeiro começou a liderar um processo de diálogo entre as principais forças políticas do país mais pobre da América, conseguiu um princípio de acordo, ainda pendente, para a reforma da Constituição e a criação de um órgão que garantisse a ordem eleitoral, diante dos protestos em Porto Príncipe e o resto das cidades pela política econômica do governo e a repressão dos ativistas locais.

 
Mérida (Venezuela), 1º de março: o arcebispo Baltazar Cardozo denunciou duramente, em um artigo publicado na revista Vida Nueva, o fanatismo do atual governo de Nicolás Maduro, seus desperdícios e sua corrupção, de que não se salva nenhuma instituição do regime, bem como a repressão e criminalização de todos aqueles que se manifestam críticos à sua gestão, inclusive a intolerável pressão sobre a mídia para que replique a versão oficial da situação de insatisfação massiva do país.

 
A lista continuaria, interminável, e seria preciso refazê-la diariamente.




A Igreja se envolve na política? Os bispos se envolvem na política? Esta é a velha acusação de todos os totalitaristas (em regimes ditatoriais ou formalmente democráticos).
 
Na realidade, a Igreja e os bispos se envolvem na política sim, porque, além do direito de fazer isso (que qualquer cidadão tem), têm a obrigação de fazê-lo – se entendemos que "envolver-se na política" significa denunciar tanto os processos legislativos como os executivos que atentam contra os direitos humanos, defender a dignidade da pessoa e o bem comum, mediar e agir em consequência, e não tanto envolver-se em batalhas políticas partidárias, o que por opção pastoral só fazem excepcionalmente.

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Fonte: Aleteia

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