segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A vergonha das políticas migratórias

É preciso que haja cooperação internacional
e um espírito de profunda solidariedade e compaixão

Uma só palavra do Papa Francisco foi suficiente para mexer com a consciência de milhões de habitantes, sobretudo dos políticos ocidentais. Esta palavra, como bem sabemos, foi "vergonha".
 
Vergonha pelo ocorrido em Lampedusa, que não foi a primeira vez, e Deus queria que seja a última. E vergonha pelas políticas migratórias dos países desenvolvidos, que, além de querer colocar portas no campo – porque as migrações existiram e existirão sempre –, chegam a punir o auxílio humanitário, que, ao contrário, precisa ser um dever: seria preciso punir por não prestar este auxílio.

 
Há números que clamam ao céu: cada ano, mais de 20 mil pessoas perdem a vida na travessia da migração forçada. Cada ano, os países industrializados gastam 17 bilhões de dólares para evitar a imigração.

 
O custo de um barco e de um avião para a vigilância das fronteiras espanholas, por exemplo, é de 3.700 euros por hora, o que equivaleria à renda anual de 10 cidadãos de Serra Leoa.



Somente a terceira fase da cerca de Melilla, que incorpora os últimos avanços tecnológicos, custou ao Estado espanhol, em 2006, mais de 20 milhões de euros – dinheiro com o qual se poderia facilitar o tratamento contra a malária de 11 milhões de crianças africanas.

 
Como diz o Papa Francisco, "não são peões no tabuleiro de xadrez da humanidade. Trata-se de crianças, mulheres e homens que deixam ou são forçados a abandonar suas casas por vários motivos, que compartilham o mesmo desejo legítimo de conhecer, de ter, mas, acima de tudo, de ser mais".
 
O que pode ser feito? Não é tão difícil.

 
O Papa Francisco já deu a resposta: isso "exige, acima de tudo, uma cooperação internacional e um espírito de profunda solidariedade e compaixão. É importante a colaboração em vários níveis, com a adoção unânime de instrumentos de regulamentação para proteger e promover a pessoa humana". Basta mudar as leis egoístas e protecionistas.

 
Já Bento XVI explicou, em sua encíclica Caritas inveritate (62), as duas chaves do necessário giro político: por um lado, "uma estreita colaboração entre os países donde partem os emigrantes e os países de chegada".


 
Por outro, adotar "adequadas normativas internacionais, capazes de harmonizar os diversos sistemas legislativos, na perspectiva de salvaguardar as exigências e os direitos das pessoas e das famílias emigradas e, ao mesmo tempo, os das sociedades de chegada dos próprios emigrantes."
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Fonte: Aleteia

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