domingo, 11 de agosto de 2013

Porque a correção doutrinária do Padre Paulo Ricardo dirigida ao Guilherme de Sá traz luzes sobre o relativismo religioso, a falta de formação e idolatria a pessoas.

Guilherme Sá, vocalista da banda Rosa de Saron
que fez declarações heréticas no programa
"Encontro com Fátima Bernardes".

Internautas, leitores deste blog, sabem, de forma clara, que defendo posições firmes, sempre escorados na Doutrina da Igreja Católica, dentre outros documentos produzidos pelo Magistério da Igreja. Qualquer pessoa que escreve coisas católicas; movimentos, grupos e pastorais da Igreja, também precisam ter toda sua vida e ministério ancorada na doutrina católica. Acontece que isso não é um luxo ou uma alternativa, mas sim, a essência e a ÚNICA alternativa para quem deseja viver e trabalhar tranquilamente dentro da Igreja Católica. A recente questão, envolvendo o vocalista da banda Rosa de Saron e o padre Paulo Ricardo, nos mostra o quão nocivas são a teoria e a teologia do relativismo.

Guilherme de Sá participou do Programa “Encontro”, apresentado pela Jornalista Fátima Bernardes e transmitido pela Rede Globo de Televisão, durante a semana da Jornada Mundial da Juventude, no último final de semana de Julho. O Padre/Cantor Fábio de Melo também estava lá. O vocalista da Rosa de Saron disse, em termos literais que, “pode se encontrar salvação fora da Igreja [Católica]”, ao contrário do que diz um dos principais dogmas católicos: a Extra Ecclesiam Nulla Salus onde diz que a salvação só se pode ter na Igreja Católica. Horas depois, via internet, o Padre Paulo Ricardo, um exímio clérigo, especialista em doutrina católica, refutou a declaração do vocalista da Banda Rosa de Saron (usando a Constituição Dogmática Lumen Gentiun), o que gerou a indignação dos membros do grupo musical católico, através de uma postagem no site oficial deles, onde usaram até uma encíclica papal, de nome Redemptoris Missio.


A maioria dos blogs católicos, como se pode ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui, em um blog protestante e um secular, vem trabalhando a questão, como se fosse apenas uma briga entre a Banda Rosa de Saron e um Padre. Quem somente vê por esse ângulo, acaba muitas vezes pecando pela falta de profundidade na abordagem sobre o caso. Por isso, este blog fará uma nova abordagem sobre este assunto, sob outro parâmetro; um outro ângulo; uma outra vertente; uma outra direção, que é:  qual deve ser, de fato, a relação entre os leigos (como a Banda Rosa de Saron) e os clérigos religiosos (como o Padre Paulo Ricardo). Antes de qualquer coisa, vou trazer à baila algumas coisas pertinentes. Como debates sobre a luta por um “protagonismo maior dos leigos”, na Igreja. 

Em 2006, eu e mais um amigo representamos a Diocese de Campos dos Goytacazes/RJ, num encontro do Conselho Nacional do Laicato Brasileiro, que foi realizado na cidade de Sumaré, na região de Campinas, no interior do Estado de São Paulo. Durante 3 dias, discutimos dentre outras coisas, nas pautas, moções e debates, a questão da maior participação do leigo nas atividades e nas decisões  finais das nossas realidades mais cominitárias. Quando exigíamos um protagonismo maior, não significava que queríamos ver os leigos num patamar superior aos padres, aos bispos ou até mesmo a doutrina – leia-se Magistério da Igreja. Nós urgíamos naquele encontro, só e somente só, um pouco mais de atenção, um proximidade maior entre o clero e a parte não-clerical e, também, criação de pastorais outrora não-existentes em um determinada comunidade.

Nossa intenção, não era de promoção de cismas, abertura de fossos divisores entre alas da Igreja, não queríamos ali, passar a margem daquilo que era preexistente em matéria doutrinal. Éramos um grande grupo de pessoas, dos mais diversos lugares do nosso país, que desejávamos uma atenção especial, mas sem desconsiderar o ‘fidei depositum’ (deposito da fé). Parece muito intelectualizada a questão, mas na verdade, não é, pois tínhamos a nossa pauta, mas sem fazer dos elementos preciosos da Igreja como nossos inimigos. Quando se opta por algo diferente daquilo proposto pela Igreja Católica, opta-se automaticamente pela heresia – palavra grega, que em português, significa escolha -.

E toda heresia , de alguma forma, induz a pessoa a praticar coisas erradas e viver  a vida de fé sem um norte, sem um guia, sem um freio moral. É esse tipo de correção, é esse tipo de ‘poda’ que aparentemente a banda Rosa de Saron, parece e demonstra não querer e, ainda faz pouco caso.

Este blogueiro é de um tempo – não muito tempo atrás -, que praticamente todos os ministérios e bandas de músicas católicas, viam as palavras de sacerdotes, como o Padre Paulo Ricardo,  fonte de sabedoria e crescimento espiritual. O que se convenciona hoje por música contemporânea católica, está se perdendo nos quesitos: humildade, santidade, elevação espiritual e obediência ao Magistério da Igreja. Alguns, como o Rosa de Saron,  assinaram com gravadoras seculares – não-religiosas -, como a “Som Livre”. Além disso, não raro, cada vez mais deixam de falam com ‘mortais’ nas redes sociais e no mundo real, ou seja, uma panelinha armada, ou seja, vivem  passo a passo e, de maneira progressiva, em seus mundinhos particulares.

A ConstituiçãoDogmática Lumem Gentium (LG), em seus parágrafos 39 e 40, diz que todos aqueles que, afirmam ser católicos, “devem aceitar a totalidade de sua organização e todos os meios de salvação nela instituídos e sua estrutura visível – regida por Cristo através do Sumo Pontífice e dos Bispos – se unem com Ele pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do regime e da comunhão eclesiásticos. Não se salva, contudo, embora incorporado à Igreja, aquele que não perseverando na caridade, permanece no seio da Igreja “com o corpo”, mas não com o coração. Lembrem-se todos os filhos da Igreja (...) se a ela não corresponderem por pensamentos, palavras e obras, longe de se salvarem, serão julgados com maior severidade”.

Esse trecho da LG, tem uma forte alusão aos textos de At 2, 42-47 e At 4, 32-37, que fazem menção a virtude dos primeiros cristãos, estes, dentre outras coisas, valorizavam a doutrina dos apóstolos, a vida de oração e testemunho de uma autêntica vida cristã. Como se percebe, a Igreja não é uma instituição, necessariamente democrática. A Igreja Católica tem regras, leis, estatutos, encíclicas, normativas, decretos, teologias morais, enfim, há documentos eclesiais que dão baliza a vida daquele que crê em Deus. E mais: nos convida a difundi-la a todas as nações, o que nos remete ao tema da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu no Rio de Janeiro, recentemente.

Diferente do Guilherme de Sá, o Padre  Paulo Ricardo sempre defendeu a doutrina da Igreja, com destaque assuntos relacionados a teologia moral. Recentemente este blog postou um vídeo com a participação do referido sacerdote na Comissão de Direitos Humanos e Minorias – presidida pelo Deputado e Pastor Marco Feliciano – para pedir que a Dilma vete totalmente a Lei PL 03/03, que praticamente legalizaria o aborto. Como se sabe o projeto foi sancionado pela presidente sem vetos, apesar do clamor religioso. Padre Paulo, foi um único sacerdote, foi o único personagem de alto coturno da Igreja Católica a demonstrar preocupação com isso. Aliás, onde estavam os membros do Rosa de Saron? Onde estavam os fãs da Banda que criticaram e ainda criticam o Padre? Todos sumiram. Esses, aparentemente nunca participaram de movimento algum a favor da vida.

Curioso, não? E por falar em fãs, é muito delicado tecer críticas sobre eles, porque em muitos casos, são vítimas de um sistema catequético que dá uma formação do tipo ‘água com açúcar’ aos fiéis . O livro de Hebreus, capitulo 5, versículos 11 ao 14, há uma sacra preocupação com o fornecimento de uma doutrina fraca – leite -, como se as pessoas fossem crianças em matéria espiritual. O trecho de Hebreus ainda fala que, o cristão experimentado  exercitado na fé ,  distingue as coisas; consegue separar o que é do bem e o que é do mal. Enfim, demonstra maturidade e; que se alimenta de alimento sólido. Ninguém dá aquilo que não tem ou finge que tem.

Ninguém pode ficar de pé e caminhar direito espiritualmente se alimentar ou viver sem água e comida adequadas. O que se convencionou por musica católica popular – eu acho o termo correto, pois quem, de fato, deveria ser mais popular não é a música em si ou o cantor, mas sim Jesus, os Santos , Nossa Senhora ou algum contexto relativo a doutrina –, comete erros graves. Aqui se deve desprezar a dimensão humana – até mesmo porque eu e você também somos incompletos, falhos e cometedores de defeitos -, mas devemos focar na relação Espiritual-Cristocêntrico-Doutrinário-Soterológico (salvação).

Certa vez, assistindo uma palestra do cantor Eugênio Jorge, vocalista e compositor da “Missão Mensagem Brasil”, na Rede Canção Nova de Comunicação – uma dos principais sistemas de comunicação católica no Brasil –, ouvi algo que deveria virar pérola do ENEM. Eugênio Jorge estava  pregando no “Rincão do Meu Senhor” – um dos espaços de evangelização da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista/SP -, onde estava sendo realizado  um Acampamento para músicos. Diante dos milhares presentes no local e; dos acompanhantes pela TV, Rádio e Internet, ele disse, dentre outras coisas que “a música católica deve (sic) muito a música e aos músicos protestantes”. 

Se nós acompanharmos o verbete  "música popular católica" – a qual fazem parte, dentre outros, a Rosa de Saron e o Eugenio Jorge-, no Wikipedia, podemos ver que, na segunda metade do anos 70, com o crescimento da Renovação Carismática Católica, muitas músicas protestantes de segmento pentecostal e neopentecostal foramintroduzidas no cenário católico, sob pretexto de que havia uma escassez de composições genuinamente católicas – o que é fortemente questionável, porque a Igreja Católica no Brasil tinha e ainda tem um vasto patrimônio musical clássico (leia-se, por exemplo, o Canto Gregoriano – o canto oficial da Igreja,  segundo o magistério católico).


Caminhando para a conclusão, grupos musicais católicos como o Rosa de Saron, pela sua rotina de shows, a necessidade de convivência em família, atuação em suas igrejas locais, fazem com que nos questionemos: Será que eles estão investindo em formação litúrgico-doutrinal? Será que o fato, de muitos, terem assinado com gravadoras seculares, não está interferindo na estrutura ministerial? A estrutura burocrática e complexa que envolve os cantores, sobretudo, com a figura dos chamados agenciadores – algo como empresários - não está atrapalhando e uma estrutura mais simples, não melhoraria? Não deveriam ser mais transparentes, sobretudo, tratando melhor as chamadas Pastorais das Comunicações? São estas e outras perguntas que poderiam ser feitas, para entendermos a questão de forma mais ampla a gravidade da questão. E mais: o fato deveria estimular os ministérios de música brasileiros, que viajam o Brasil e, muitas vezes, outros lugares do mundo, para evangelizar, uma revisão; feitura de um olhar interno, que saibam ver críticas negativas como amigas e não como um tribunal condenatório.


Leniéverson Azeredo Gomes
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3 comentários:

  1. Texto muito bom! O Pe. Paulo Ricardo é uma grande referência, diferente de gente que faz música por fazer.

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  2. Padre Pagão Ricardo defende a tortura e o ódio pregado por Bolsonaro. O amor pregado por Jesus foi esquecido em detrimento de documentos que não são maiores que o próprio Cristo.

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