sábado, 18 de maio de 2013

Indicações Litúrgico-pastorais para a Celebração de Pentecostes



A festa da Páscoa não acaba hoje: chega ao seu ponto alto. O que se realizou no Senhor ressuscitado, realiza-se agora nos crentes pelo dom do Espírito Santo. A palavra "Pentecostes" alude ao número cinquenta: durante cinquenta dias, desde a noite pascal, celebramos a alegria do Senhor ressuscitado no meio de nós.

Todo o tom festivo da Páscoa deve ser evidenciado pelos elementos que lhe são característicos. Só terminado o Domingo é que o círio deixará o presbitério para ser colocado no Batistério. Na medida do possível, cante-se o prefácio próprio. Após a 2ª leitura e antes da aclamação ao Evangelho, cante-se a Sequência (se não for canta, seja lida). O canto e os instrumentos, as luzes e as flores (privilegiem-se as rosas e o vermelho), a ornamentação da Igreja, o incenso, tudo deveria dar à celebração a sua verdade de apoteose pascal. E, na despedida, com o "Ide em paz..." não falte o Aleluia.

Na noite de sábado para domingo, as comunidades são convidadas a celebrar a Vigília de Pentecostes. Imitarão, assim, a comunidade de Jerusalém, recolhida em oração em volta dos Apóstolos e da Mãe de Jesus, à espera do Espírito prometido. O Missal explica como celebrar essa Vigília e fornece alguns textos. Para realçar a dinâmica orante sugere-se a integração da oração de Vésperas para abrir a celebração. Podem utilizar-se todas as leituras à escolha propostas no Lecionário (4 do AT + 2 do NT). A seguir a cada Leitura canta-se um Salmo Responsorial apropriado e, como na Vigília pascal, faz-se uma oração (ver indicações no Missal; infelizmente, o Lecionário apenas apresenta um Salmo Responsorial, mas não é difícil, a partir do Missal, completar a coleção, de modo válido).

Leitores: 1ª Leitura: A 1ª leitura está cheia de movimento e tem expressões muito fortes que requerem uma boa dicção. Atenção às interrogações. Tente fazer essas perguntas a alguém em casa (com frequência, mudamos a nossa atitude interior e a nossa expressão quando passamos da linguagem oral à simples leitura de um texto: é isso que importa evitar). Se tiver dificuldade em ler o nome dos povos, pergunte a alguém (mas não diga mêdos, em vez de médos).

2ª Leitura: Podemos pensar a 2ª leitura em três seções: "Ninguém... Espírito Santo"; "De fato... bem comum"; "Assim como o corpo... Espírito". A segunda seção reveste uma forma doxológica, por isso, as três frases são interdependentes (isso deve ser percebido na leitura). A última secção tem uma palavra de valor que é o polo das frases: corpo. 

REFLEXÕES BÍBLICO-PASTORAIS


a) O domingo de Pentecostes encerra o Tempo da Páscoa, ou seja, os cinquenta dias em que celebramos a ressurreição de Jesus Cristo. O Espírito Santo, dom do Ressuscitado à sua Igreja, é o protagonista deste dia. Como prometeu antes da paixão e da morte, Jesus não deixa órfãos aqueles que O seguem. Envia-lhes o Espírito Santo para que seja “a alma da Igreja nascente” (cfr. Prefácio). A liturgia apresenta-nos diversos textos próprios para a celebração da missa vespertina, podendo tomar uma forma mais longa (vigília) com quatro textos do Antigo Testamento, seguidos de um salmo e de uma oração; depois, temos uma leitura da Carta aos Romanos e, finalmente, o texto evangélico. Nas orações eucarísticas temos o “Memento” próprio deste domingo, temos também a sequência para cantar antes do Aleluia, preparando assim o evangelho, e a despedida do povo com o duplo Aleluia. As rubricas indicam que o Círio Pascal seja apagado no fim da celebração de Vésperas; nas paróquias, onde não há este momento de oração na sua forma comunitária, o Círio apaga-se no fim da celebração eucarística e colocado junto à pia batismal.

b) A liturgia deste domingo, nas suas leituras e nas suas orações, fala-nos das características do Espírito Santo: a) transforma os apóstolos, destruindo o medo, a insegurança e a angústia, dando lugar à valentia e à pregação da ressurreição do Senhor (1ª leitura); b) faz surgir diversos carismas e ministérios na comunidade, sendo o princípio da unidade dos mesmos (2ª leitura); c) Jesus envia os seus discípulos (da mesma forma como Ele foi enviado pelo Pai), derramando sobre eles o Espírito Santo para os animar e fortalecer na evangelização (evangelho); d) o perdão dos pecados aparece unido ao Espírito (evangelho), porque onde reina o pecado não há lugar para Deus; e) o Espírito Santo é o início de uma nova criação. Como nos relata S. João no evangelho, Jesus ressuscitado aparece aos seus discípulos. Assim como Deus insuflou o seu sopro vivificador ao criar Adão, também sobre os Apóstolos derrama o Espírito Santo, criando uma nova humanidade; f) derrama o conhecimento de Deus sobre todos os povos, congregando-os num único povo, que é a Igreja (prefácio); g) conduz-nos ao pleno conhecimento da verdade revelada por Jesus Cristo (missa do dia: oração sobre as oferendas). O texto da Sequência aponta-nos outras características do Espírito Santo: “a aridez regai, sarai os enfermos, lavai as nossas manchas…”.

c) A celebração do Pentecostes não deve servir só para falar teoricamente do Espírito Santo, como se de uma catequese pneumatológica se tratasse, nem somente da sua atuação na comunidade primitiva, como se de um acontecimento do passado se tratasse, mas para proclamar que o Espírito Santo continua presente, vivo e atuante na Igreja e em cada um de nós. Com a oração coleta rezamos: “de modo que também hoje se renovem nos corações dos fiéis os prodígios realizados nos primórdios da pregação do Evangelho”.


O Espírito Santo atua na Igreja, através dos sacramentos: a) a sua relação com o Batismo, referida na 2ª leitura: “fomos batizados num só Espírito, para constituirmos um só Corpo”; b) o sacramento da Confirmação atualiza o Pentecostes (1ª leitura) onde é fortalecida a fé dos discípulos, convertendo-os em testemunhas da Ressurreição no mundo; c) a presença do Espírito Santo na Eucaristia é imprescindível para a transubstanciação. Ajuda-nos, também, a compreender a essência deste sacramento; assim rezamos na oração sobre as oferendas da missa do dia: “o Espírito Santo nos revele plenamente o mistério deste sacrifício e nos faça conhecer toda a verdade”. A comunhão eucarística fortalece a força interior do Espírito: “este sacramento que recebemos, Senhor, nos comunique o fervor do Espírito Santo que admiravelmente derramastes sobre os Apóstolos” (missa vespertina: oração depois da comunhão); d) a presença do Espírito Santo no sacramento da Penitência aparece expressa no evangelho: “Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos”.

O apagar do Círio Pascal


Oficialmente não há um ritual para apagar o Círio Pascal [1]. Assim, traremos aqui as sugestões de Mons. Peter J. Elliott em seu excelente Ceremonies of the Liturgical Year According to the Modern Roman Rite.

Durante a conclusão da última Missa do Domingo de Pentecostes (ou das II Vésperas, onde esta é a última celebração litúrgica do dia), o Círio Pascal é levado ao batistério, perto da pia batismal.

Mons. Peter J. Elliott explica que a transferência do Círio (aceso) ao batistério acontece em procissão – durante o canto final ou antífona ou moteto apropriado –, da seguinte forma:

“Após a despedida, o incenso é preparado e abençoado. O diácono (ou, em sua falta, o celebrante) leva o Círio Pascal, e, precedido pelo turiferário, cruciferário e ceroferários (preferencialmente sem as velas), carrega-o até o batistério, onde é colocado em seu castiçal ou suporte. O celebrante pode incensá-lo com três ductos; então a procissão retorna à sacristia ou sala das vestimentas, como de costume. O Círio deverá ser apagado quando todo o povo tiver saído da igreja.”
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Fonte: Portal Católico/ Facebook Salvem a Liturgia!


Com informações do Missal Romano, da CNBB, SDPL e da Pastoral Litúrgica (Telão) da Paróquia São João de Brito (São Paulo - SP). Pequenas adaptações foram realizadas.
Referências: Cerimonial dos Bispos, 4 ed., Paulus, 2008. ELLIOTT, Mons. Peter J. Ceremonies of the Liturgical Year According to the Modern Roman Rite: A Manual for Clergy and All Involved in Liturgical Ministries, San Francisco: Ignatius Press, 2002

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