quinta-feira, 30 de maio de 2013

Eucaristia: Nosso tesouro


“A santa Eucaristia conclui a iniciação cristã.Os que foram elevados à dignidade do sacerdócio régio pelo Batismo e configurados mais profundamente à Cristo pela Confirmação,estes,por meio da Eucaristia,participam com toda a comunidade do próprio sacrifício do Senhor.” (Catecismo da Igreja § 1322).

Após a celebração da Festa da Santíssima Trindade,estamos nos preparando para a Solenidade de Corpus Christi ,ou como o nome diz Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.O banquete é um fato tão profundamente humano que manifesta em todos os povos e em todas as religiões um significado de solidariedade humana e de culto,e tem até a capacidade de simbolizar a comunhão com os defuntos e com Deus.Esse significado e capacidade,já acentuados na antiga aliança,adquirem um acréscimo imenso na nova,na “Ceia do Senhor”.Caríssimos irmãos e irmãs,a 1ª Leitura do Livro do Gênesis,nos fala que não se estabeleceu se Melquisedec era rei-sacerdote da Jerusalém que mais tarde Davi arrebataria dos jebuseus. Abraão cumpre o que era mandado pelo direito vigente e paga a décima parte ao rei-sacerdote.O Novo Testamento vê nesse estranho personagem que oferece pão e vinho,uma antecipação da figura de Cristo,sumo e eterno sacerdote da nova aliança (cf.Hb 5,6-10;6,20).

Uma das figuras mais típicas da Bíblia é o rei-sacerdote pagão Melquisedec,que oferece a Deus pão e vinho e abençoa Abraão,cabeça e raiz do povo eleito,e que recebe de Abraão o dízimo de tudo o que tinha consigo.”Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo,criador do céu e da terra.” (cf.Gn 14,19).Esse trecho deve ser completado com a releitura que dele fazem o salmo responsorial (cf.Sl 109) e a Carta aos Hebreus Capítulos de 5 a 7.Essa figura  de Melquisedec,que aparece inesperada e misteriosamente  velada no Gênesis,é símbolo de um sacerdócio humano originário,verdadeiro  e sagrado,a ponto de poder abençoar o próprio Abraão.De fato,o sacerdócio real do Messias está ligado ao tipo do seu sacerdócio,como nos ensina o Salmo 109,4: “Tu és sacerdote eternamente,segundo a ordem do rei Melquisedec”.

O texto da Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa emérito Bento XVI Sacramentum Caritatis,nos ensina no seguinte contexto sobre a Eucaristia:

A beleza e a harmonia da ação litúrgica encontram significativa expressão na ordem com que cada um é chamado a participar ativamente nela;isso requer o conhecimento das diversas funções hierárquicas implicadas na própria celebração.Pode ser últil lembrar que a participação ativa na mesma não coincide,de per si,com o desempenho de um ministério particular; sobretudo,não favorece a causa da participação ativa dos fiéis uma confusão gerada pela incapacidade de distinguir,na comunhão eclesial,as diversas funções que cabem a cada um.(SCa 53).

O apóstolo Paulo reitera o realismo usado por Jesus na promessa da eucaristia (cf.Jo 6,32-69)-“Comer e beber deste cálice” porque a eucaristia é verdadeiramente alimento e bebida,é verdadeiramente a Ceia do Senhor.“O que eu recebi do Senhor foi isso que eu vos transmiti: Na noite em que foi entregue,o Senhor Jesus tomou o pão e,depois de dar graças,partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo que é dado por vós.Fazei isto em minha memória”.Do mesmo modo,depois da ceia,tomou também o cálice  e disse: “Este cálice è a nova aliança,em meu sangue.Todas as vezes que dele beberdes,fazei isto em minha memória.” Todas as vezes de fato,que comerdes deste pão e beberdes deste cálice,estareis proclamando a morte do Senhor,até que ele venha.”  (1Cor 11,25-26).

A Eucaristia é uma das fontes mais celebradas na ação litúrgica na Igreja,é preciso que todos os fiéis estejam “Diante da sede de infinito,presente em todo coração humano.Deus nos dá uma resposta em Cristo Jesus” (cf.CNBB,Est.97,35),porque a eucaristia é verdadeiramente alimento e bebida,é verdadeiramente a ceia do Senhor.Por isso,Paulo se achava,porém diante de um costume da Igreja de Corinto que,enquanto fazia realmente da Ceia um banquete,tendia por isso,lembra Paulo que ele mesmo aprendeu do Senhor como instituiu havia transmitido fielmente este fato; portanto,a festividade cristã da Ceia d0 Senhor não deve esquecer essa dolorosa realidade.Agora a Ceia celebrada á luz da ressurreição na sua volta (cf.Jo 6,39.40.44.54.58).

Monsenhor Jonas Abib,fundador da Comunidade Canção Nova,nos escreve em seu livro Eucaristia,Nosso Tesouro,no capítulo “Eucaristia: sacramento da cura”,onde ele nos ensina nesse texto que:

“Jesus falou em “carne e sangue” para não pensarmos que se tratasse de um símbolo ou somente de um espírito.Ele especificou bem: “Pois minha carne é verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida.Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim,e eu nele”.Assim deixa claro o seguinte: “Eu não dou apenas espiritualmente,eu me dou verdadeiramente.O mesmo corpo que foi estraçalhado na cruz e que hoje está diante do Pai é o corpo que eu vos dou.O mesmo sangue que foi derramado na cruz,pela vossa salvação,eu hoje vos dou,para que tenhais a vida eterna,e para ressuscitardes comigo no último dia”.É o mistério da fé.A pessoa humana de Jesus pode estar onde quiser,como o pensamento: não há empecilhos.Pode passar pelas paredes,pelas pedras,não tem peso.É assim o corpo ressuscitado e glorioso de Jesus.”(Mons.Jonas Abib,Eucaristia,Nosso Tesouro,p.11 e 12).

Já no Evangelho de São Lucas 9,11b-17,nos diz que toda a atividade de Jesus,suas palavras e ações têm como eixo central a instauração do reinado de Deus na terra.O sentido do envio dos doze tinha a mesma finalidade.Mas essa instauração não pode permanecer no simples anúncio de uma realidade espiritual,o reinado de Deus tem de começar a “ser visto” de alguma maneira; por isso,as ações e os sinais de Jesus tornam visível e palpável a realidade do reino.Se podemos aqui falar de milagre que gera o desprendimento e a atitude de compartilhar,a abertura generosa e solidária com os outros;isso é o que de promover de maneira permanente o discípulo de Jesus,e isso é o que nosso compromisso cristão tem de “sacramentalizar” no mundo.“Dai-lhe vós mesmos de comer”.(cf.Lc 9,13).

Lucas nos diz que Jesus,depois de ter falado do Reino de Deus ás multidões e curado os que sofriam,multiplicou cinco pães e dois peixes para não despedir com fome tanta gente (evangelho).João aplica diretamente à eucaristia,como “sinal”,este milagre de Cristo,que é a primeira multiplicação dos pães (cf.Jo 6).Visto nesta perspectiva eucarística,o saciar uma multidão faminta pode também lembrar aos cristãos a ordem de Jesus: “Fazei isto em memória de mim”.Caríssimos irmãos e irmãs,que esta solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,nos faça compreender que nessa festa eucarística nos faça tornar cada vez mais em nossa Igreja,como fonte principal de nossa vida.O Beato João Paulo II,nos ensina na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia:

A Igreja vive da Eucaristia.Esta verdade não exprime apenas uma experiência diária de fé,mas contém       em síntese o próprio núcleo do mistério da Igreja.(EE 1).

Que nessa festa solene,possamos então dar um passo para que o nosso Senhor,nos sustente com esse sacramento tão especial em nossas vidas,para que a fé em Deus aumente em nós com verdadeira fonte do amor e da adoração eucarística,pois cada um de nós,somos chamados a viver em comunhão com Cristo,portanto,é preciso estar presente juntamente com nosso Senhor na presença eucarística em nossas vidas.Que Deus nos conceda no caminho mais simples o principal caminho de fé em relação a nossa comunhão com o Senhor,como dizia o Padre Raniero Cantalamessa no seu livro  O Verbo de faz Carne,Reflexões sobre a Palavra de Deus,Ano A,B e C:

Nós também,reunidos aqui para a ceia do Senhor,repetimos aquela pergunta: O que significa este rito? Não porque não saibamos o que estamos para fazer,mas quase para solicitar ao Senhor que explique ainda,através da Igreja,seu mistério,de modo a nos levar a uma compreensão sempre mais profunda.Aquela nossa pergunta o Senhor nos responde,antes de tudo,com as palavras da segunda carta de Paulo; ele nos diz: Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis desse cálice anunciais a morte do Senhor até que ele venha.” (Texto extraído do Livro O Verbo de fez Carne,p.607).

Que todos nós possamos levar em prática esse amor fraterno de Deus em nossas vidas colocando sempre a nossa fé em Deus destacando-se no ponto ápice da Igreja,o ponto maior que é a Santa Missa e nesse dia em que estamos nos preparando para essa festa possamos então participar ativamente da santa celebração Eucarística.

Deus abençoe!

Joseph Charles D´Almada Batista

Equipe de Leitores-Paróquia do Sagrado Coração de Jesus,Campos,RJ

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Fonte: Liturgia em Foco

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