domingo, 13 de janeiro de 2013

Festa do Batismo do Senhor Jesus



A novidade vem de Deus. Desde o princípio, o homem leva consigo a velha carne do pecado. Ele está imerso nela, como em um poço profundo, do qual é impossível sair por si mesmo. Como esta é uma realidade comum a toda a humanidade, ninguém, por seu próprio valor e querer pode ajudar os outros a sair. Esta é a triste condição humana. O homem pode gritar, desesperar-se, blasfemar; ou pode sentir o peso da culpa, pedir perdão e ajuda, e esperar. O que está claro é que somente Deus pode ajudar-nos; só Deus pode mudar nossa velha carne em pura novidade de graça e misericórdia. Está claro que Deus quer nos ajudar e agir em favor do homem, porque "ele foi criado à imagem e semelhança sua". A liturgia apresenta três momentos históricos da intervenção de Deus: primeiro intervém para libertar o povo de Israel da escravidão da Babilônia (primeira leitura), depois para revelar ao mundo a filiação divina de Jesus (evangelho), e, finalmente, para manifestar aos homens a nova situação criada para aqueles que receberam o batismo (segunda leitura). A conseqüência é lógica: se Deus interveio no passado com uma vida e esperança novas, Deus intervém no presente e intervirá no futuro, porque o melhor nome para Deus é a fidelidade. 

A novidade é invisível. A novidade que Deus infunde no coração dos homens repercute na história, mas é invisível, interior, autenticamente espiritual. Primeiro faz um coração novo, depois, a partir do coração do homem e com a ajuda do homem, muda também a realidade histórica. Entre os exilados da Babilônia, primeiro criou a saudade de Sião, o desejo e a decisão de voltar, depois dispôs os caminhos da história para que tal vontade e decisão chegasse a pleno cumprimento. No caso de Jesus, a teofania do batismo nos faz descobrir uma novidade inicial, que irá aparecendo ao longo de toda a sua vida pública, e, sobretudo, no mistério da sua morte e ressurreição. Só perceberemos a novidade do batismo com o tempo, na medida em que exista uma coerência vital entre a novidade infundida por Deus e a existência concreta e diária do cristão. Não é fácil perceber a relação entre a novidade interior e as suas manifestações históricas na vida comum de cada ser humano. Por isso, é muito difícil julgar sobre a vida verdadeira, a interior, dos homens, motivo pelo qual podemos nos equivocar facilmente.

A novidade é eficaz. Se ela vem de Deus não poderia ser de outro modo. A ação de Deus acontece se o homem não a obstaculiza. A teofania, narrada pelo Evangelho, supõe o batismo de Jesus, Filho de Deus, por um homem, João; e sem esta ação de Jesus, tal teofania não teria acontecido. A regeneração e renovação interior do homem são asseguradas "se o homem renuncia à impiedade e às paixões mundanas" (segunda leitura), que impedem qualquer ação do Espírito de Deus. Por outra parte, temos que admitir que a eficácia de Deus não é manipulável segundo o nosso desejo e arbítrio. Deus mostra a sua eficácia quando quer e como quer. Não foram os exilados da Babilônia que impuseram prazos e critérios para que Deus os libertasse da escravidão; foi Deus quem os determinou e realizou. 

Sugestões Pastorais


Batismo, epifania de Deus. No Evangelho o batismo de Jesus é uma epifania. É assim que deve ser o batismo do cristão: uma epifania do que Deus é e do que Deus faz pelo homem. Poderíamos dizer que o batizado é um homem no qual se manifesta o Deus trinitário, em virtude da relação pessoal que mantém com cada uma das pessoas divinas. Por ser Filho do Pai, vive uma relação filial, especialmente na oração e na adoração. Como redimidos pelo Filho e submersos em sua vida, estabelecemos com Ele uma relação principalmente de seguimento e imitação. Como templos do Espírito Santo, vivemos com a consciência de uma relação sagrada, santificante, vivificadora de seu existir cotidiano, modeladora da sua vida familiar, profissional e social. O batizado é, ao mesmo tempo, epifania da ação de Deus no homem: uma ação purificadora, que manifesta o perdão de Deus; uma ação transformadora, que ressaltou o poder de Deus; uma ação unificadora das energias e capacidades do cristão, que acentua o mistério unitário de Deus; uma ação vivificante, que revela, através do homem, a extraordinária vida de Deus uno e trino. É importante que a pregação e a catequese levem em consideração, desenvolvam e expliquem estes aspectos espirituais e pastorais o sacramento do batismo. Desta forma, o batismo não será o sacramento da "inconsciência", mas o sacramento da epifania diária de Deus na vida, na fé e nas atitudes do batizado. 

Batizados para sempre. O Catecismo diz que o batismo imprime caráter, ou seja, é recebido uma única vez para toda a vida. O que acontece então, quando não se vive como cristão? Quando se renega a própria fé? Quando se muda de religião? A marca da impressão batismal permanece. Uma marca que é memória, que é um convite: "Lembra-te que és um batizado", "Seja o que você é, viva o que você é". Você é livre, mas a marca divina indica o verdadeiro caminho para a sua liberdade, longe das ilusões falsas. O que acontece com batizado que quer viver como batizado? Deve, todos os dias, ratificar com a vida a marca divina, que tem impressa na alma. Deve testemunhar decididamente, com valentia, a transformação que Deus operou no seu ser através do batismo. Tem que ser um batizado que viva conscientemente o seu batismo dia após dia.
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Fonte: Congregação do Verbo Divino.

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