sábado, 3 de novembro de 2012

"Procuram-se santos e santas" (cf. Mt 5,1-12).



Domingo, o evangelho traz as bem-aventuranças de todos os santos e santas. Recordo as palavras do finado papa João Paulo II aos dois milhões de jovens do mundo inteiro reunidos em Roma, no Jubileu do ano 2000: “Vocês são os santos e as santas do novo milênio que podem transformar o mundo com a alegria, a fé e a criatividade”.

Depois de doze anos daquele histórico encontro, continuamos precisando de “santos e santas”, pessoas generosas, coerentes, artesãos da justiça e “fazedores” da Paz, referências e modelos para os jovens de hoje e de sempre.

As oito bem-aventuranças do evangelho de hoje, tempero da verdadeira felicidade, correspondem, como importância, aos dez mandamentos do primeiro testamento. Infelizmente são menos conhecidas.

O texto original de Mateus tem 72 palavras, o mesmo número dos povos conhecidos naquela época: a humanidade toda é convidada a acolher e vivenciar a mensagem de um Deus que não quer ficar feliz sozinho.

“Felizes vocês pobres” abre o texto e dá sentido ao resto.

Jesus não pede somente uma “distância espiritual” das riquezas, mas um desapego real e concreto. O sinal da ressurreição de Jesus, na primeira comunidade, é não ter ninguém que passe necessidade.

Pobres são aquelas pessoas e comunidades que, pela força do Espírito, responsabilizam-se pela felicidade e o bem estar dos outros, permitindo assim que Deus cuide de todos, fazendo experimentar sua paternidade.

É assim que o povo aflito e pisado, que chora pela injustiça social, política, religiosa e econômica, é consolado. A causa do sofrimento será eliminada por uma comunidade preocupada e comprometida com a justiça.

A terra no Oriente antigo era importante como hoje no interior do Brasil: um “sem terra” (manso) era um homem sem dignidade. Na comunidade das bem-aventuranças, este povo terá terra e dignidade porque será tratado com amor e consideração nunca experimentados.
A fome e a sede de justiça se compreendem melhor quando a comunidade multiplica e divide o pão e os peixes e todos os que comem ficam satisfeitos. Sacia-se a fome de justiça saciando a fome física dos outros e não permitindo nenhuma forma de injustiça.

Até aqui o texto coloca em xeque situações de sofrimento da humanidade e o chamado da comunidade. Agora, temos os efeitos dentro da comunidade que vive as bem-aventuranças.
As pessoas caracterizam-se como misericordiosas (não é um sentimento, mas uma ação concreta e ativa para sempre ajudar quem está em dificuldade); puras de coração (transparentes, apaixonadas e autênticas); construtoras de paz (aquelas que para conseguir a paz e a felicidade dos outros estão dispostos a perder a própria!).

Serão chamados filhos de Deus porque fazem o mesmo trabalho de Deus que os protegerá sempre. A perseguição não será um sinal de derrota, mas de crescimento da comunidade animada pelo Espírito.

Somos chamados a participar da infinita santidade de Deus. E deste modo cada um, de acordo com sua personalidade e capacidade, realiza um aspecto desta santidade divina.

Uns brilham mais na misericórdia, outros no trabalho pela justiça, a paz e a integridade da criação, outros na vida interior de oração, outros no serviço apostólico, outros na educação dos menores, na promoção da saúde,... E você?


Roberto Minora, 
missionário comboniano e membro da CJP
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Fonte: http://cjpazsaoluis.wordpress.com/

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