sexta-feira, 25 de maio de 2012

Os Meses Marianos


Uma das características da religiosidade popular é a de jamais concordar plenamente com os conteúdos eclesiais da fé e com seus gestos expressivos oficiais (sobretudo na liturgia). De outro lado, ela contribuiu para plasmar de múltiplas maneiras tanto o pensamento teológico quanto a própria oração oficial da Igreja.

Infelizmente, até hoje a religiosidade popular nunca foi objeto de um estudo de muito fôlego sob o perfil histórico, embora se trate de um fenômeno universal que acompanha toda a história da Igreja, e muito raramente foi objeto de uma reflexão teológico-pastoral sistemática.

Na realidade mariana, com freqüência, domina a experiência da distância e assim Maria se tora um arquétipo ou um mito.

Cox H. exalta de maneira até mesmo inquietante o elemento mariano porque seria mitológico:

“A mariologia tem uma carga de renovação porque nos afasta completamente daquela preocupação obsessiva por aquilo que é verdadeiro ou falso. Leva-nos para ‘além do crer’. É tão claro que Maria é um enredo de fantasia, de criação mítica, de projeção de todo o resto, que parece fora de lugar preocupar-se se ela foi realmente concebida sem pecado, se é Theodokos, se elevada ao céu com seu corpo... Maria é, por excelência, um mito. Por isso, permite-nos... inventar maneiras radicalmente diferentes de aproximar-nos dela, diante de Maria podemos, ou melhor, devemos nos tornar capazes de mito e de símbolos, se quisermos nos aproximar dela, ao passo que diante de Jesus Cristo somos tentados a discriminar em termos de fé-não-fé”.

Falar do culto a Maria na forma de um mês inteiro a ela dedicado significa falar, em primeiro lugar e, sobretudo, do mês de maio e, secundariamente – importância na consciência popular -, do mês do rosário, outubro.

“Ao aproximar-nos do mês de maio, consagrado pela piedade dos fiéis a Maria santíssima, exulta o nosso ânimo ao pensamento do comovente espetáculo de fé e de amor que, dentro em breve, será oferecido por toda a parte da terra em honra à Rainha do Céu.

Efetivamente, é o mês em que, nos templos e nos lares, mais fervorosa e mais efetuosa sobe do coração dos cristãos a homenagem de sua oração e veneração. E é o mês ao qual mais amplos e abundantes afluem do seu trono para nós, os dons da Divina Misericórdia” (Paulo VI).

Em primeiro lugar, o elemento da “memória” que se estende por um mês inteiro é um dado que nem todas as mentalidades conseguem compreender. Aqui, “memória” significa simplesmente “pensar em alguém” (um pensamento que naturalmente depois desemboca na oração);

Também é pouco claro quando se afirma que este mês é “consagrado” a Maria.

Na perspectiva neotestamentária, o sagrado e o profano não são dois setores nitidamente distintos, mas dois setores que estão em tensão dialética. O conceito de “consagração dos objetos profanos” e o de “tempo sagrado” tem necessidade de um esclarecimento.

Como mostra a história da devoção, o culto mariano do mês de maio originariamente está unido a uma “santificação e consagração” de usos primaveris profanos.

A celebração do mês de maio, oferece para meditar a figura e a missão de Maria, a mãe de Jesus, a primeira redimida, a cheia de fé, a intercessora, o modelo original do cristão redimido, a mãe da Igreja.

O mesmo se pode dizer da oração comunitária do rosário. Originariamente essa oração se propunha a explicar e tornar conhecido o Cristo bíblico.
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Fonte: Trechos do livro O Culto a Maria Hoje, Paulinas.

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