quarta-feira, 26 de abril de 2017

A Cabana: poesia com heresia


Chega às telas do cinema o filme “A Cabana”, baseado no livro best-seller de mesmo nome do escritor Willian P. Young, e muitos estão criticando ou adorando a produção. Afinal, vale a pena assistir ou não?

Vamos partir da sinopse: “Um homem vive atormentado após perder a sua filha mais nova, cujo corpo nunca foi encontrado, mas sinais de que ela teria sido violentada e assassinada são encontrados em uma cabana nas montanhas. Anos depois da tragédia, ele recebe um chamado misterioso para retornar a esse local, onde ele vai receber uma lição de vida”.

Até aí não há problema algum, mas a questão é que esta “lição de vida” que consta na sinopse é na verdade um encontro deste homem atormentado com Deus. Não se trata de uma personificação de Deus como realizada em filmes como “Todo Poderoso”, mas a apresentação da Santíssima Trindade e a discussão sobre diversos pontos teológicos. E é aqui onde a produção derrapa e derrapa feio.

Entendo que o primeiro ponto a ser colocado: não é um filme católico. Eu diria mais, ainda que se apresente como um filme de temática cristão, pelos diversos erros teológicos não o enquadraria como um filme religioso, no máximo um filme com muita religiosidade (até porque vemos no enredo que Deus seria contra as religiões).

O enredo é a tentativa de Deus em se apresentar ao homem atormentado (Mack), curar suas feridas e estabelecer com ele um relacionamento. Ficando apenas nestes pontos (porque da parte teológica falarei mais adiante), os momentos entre Deus e o homem chegam a ser poéticos, que pode nos levar a questionar a nossa relação com a Santíssima Trindade, a forma como muitas vezes queremos conduzir as nossas vidas sem qualquer auxílio de Deus, como O culpamos quando as coisas dão erradas, entre tantas outras situações.

Ao mesmo tempo, temos pontos que chamaram a atenção e muitos criaram confusão e outros que podem passar despercebidos que são realmente danosos aos desatentos.

No filme, Deus Pai é vivido por uma mulher, a ótima atriz Octavia Spencer. O fato de ser uma “negra mulher gorda” foi alvo de muitas reclamações. Não li o livro, mas no filme ficou bem claro para mim que Deus usa a imagem desta mulher para facilitar o acesso a Mack, que quando criança teve sérios problemas com seu pai que bebia muito e espancava a sua mãe e a ele também, por isso preferiu não “aparecer” como um pai. Quando seu pai o espancava, ele recebia carinho e atenção de uma mulher da cidade, que foi a mesma usada por Deus para se aproximar do homem atormentado. Não se trata de uma apresentação de que Deus é mulher, até porque em determinado momento do filme Deus Pai toma a figura de homem quando entende ser necessário. Portanto, acho uma discussão desnecessária neste aspecto.

Encontraram um ator judeu com a pele morena e barba para fazer o papel de Jesus. Achei interessante este cuidado na produção de buscar uma figura que poderia se parecer etnicamente com o Cristo.

Já o Espírito Santo, no filme chamado de Sarayu, é protagonizado por uma atriz japonesa que aparece em muitos momentos com um brilho em sua volta, com a intenção de indicar que é um espírito. Uma apresentação fraca desta pessoa da Santíssima Trindade, não por ser uma mulher, mas porque nem de longe lembra o consolador e inflamador das almas.

Quanto aos erros teológicos, vamos falar de alguns mais gritantes entre vários apresentados no filme (sei que no livro tem mais coisas e algumas estão diferentes das colocadas aqui, mas vou me limitar ao filme): 

5 coisas que você não sabia sobre a água benta


A água benta é provavelmente um dos sacramentais mais conhecidos da Igreja. Não confundam sacramental com sacramento. Sacramental é um sinal sagrado segundo o modelo dos sacramentos, mediante o qual significam efeitos obtidos pela intercessão da Igreja.

Alguma vez já se perguntou desde quando a Igreja usa água benta? Porque sempre a encontramos na entrada das igrejas? Estas e outras perguntas estão respondidas aqui!

Conheça 5 coisas que você não sabia sobre água benta:

1) Sua origem


Se pode dizer que a origem da água benta remonta os tempos de Nosso Senhor Jesus Cristo, porque Ele mesmo abençoou as águas. Mais adiante, o Papa São Alexandre I, que exerceu seu pontificado desde 121 d.C. até 132, determinou que o sal seria posto na água, enquanto as orações são ditas normalmente pela igreja. Os judeus colocavam cinzas na água, por isso São Clemente dizia que o que o que estava sob a antiga lei era a cinza, sob a graça, o sal.

 

2) Por que tem água benta à entrada de algumas igrejas?


A água benta é colocada ali para nos persignarmos (fazer o sinal da cruz na testa, lábios e peito) com ela ao entrar no templo e sermos abençoados por Deus, com o sinal da Cruz. Assim entregamos todos os nossos sentidos a Ele, em Sua casa. Quando entramos na Igreja devemos pedir para que o Espírito Santo ilumine os nossos corações, infundindo neles aquele santo temor, piedade, silêncio e reverência, que cabem àquele santo lugar. 

São Pascásio Radbert


Pascásio Radbert foi personagem considerável no seu tempo. Os historiadores da Teologia continuam a mencionar a teoria que ele imaginou para “esclarecer” o mistério da presença de Jesus no Santíssimo Sacramento. Como diplomata, viajou muito entre 822 e 834, para solucionar questões da Igreja e tentar apaziguar os conflitos que punham em campo os sucessores de Carlos Magno.

Era um enjeitado exposto no pórtico de Nossa Senhora de Soissons no fim do século VIII. A abadessa Teodarda, prima direita de Carlos Magno, recolheu-o e educou-o da melhor maneira que pôde. Sempre ele se referiu à sua mãe adotiva com reconhecimento e veneração; apesar disso, deixou-a algum tempo para se lançar em aventuras.

Converteu-se aos 22 anos, e foi então Adelardo, irmão de Teodarda, abade de Corbie, que o recebeu entre os seus monges. Veio a ser um célebre professor, que deu celebridade às escolas de Corbie.

Em 844, os seus colegas de elegeram-no como abade mas, sete anos mais tarde, fizeram uma espécie de revolução que o obrigou a refugiar-se noutra abadia. Não se afligiu. Nascera para ser escritor, e tinha várias obras em preparação: “Que felicidade, dizia, ser lançado nos braços da filosofia e da sabedoria, e poder de novo beber no meu outono o leite das Sagradas Escrituras, que alimentou a minha juventude!”

Mas afinal os monges de Corbie acabaram por o chamar; voltou a viver com eles como simples religioso, edificando-os com os exemplos e continuando a escrever. Aí morreu a 26 de abril de 865.

Dai-nos também, Senhor, um entendimento profundo das verdades e das exigências da nossa fé. Possamos transformar em atitudes concretas e gestos reais de serviços e de amor àquilo que professamos em vosso nome. Por Cristo nosso Senhor, amém!


São Pascásio, rogai por nós!

Nossa Senhora do Bom Conselho


A invocação de Nossa Senhora do Bom Conselho, segundo a tradição secular e devoção popular, é das mais antigas da cristandade. Tanto que acabou sendo incluída na Ladainha Lauretana, pelo Papa Pio IX. 

A primeira igreja dedicada à esta invocação foi construída na Itália, no século IV, na cidade de Genazzano. A cidade, que possuía um templo pagão dedicado à Vênus, foi doada ao Papa São Marco, em 336, pelo imperador, quando a religião cristã fora liberada em todo o Império Romano. No mesmo ano este Papa mandou erguer uma igreja dedicada à Nossa Senhora do Bom Conselho, no lugar do templo pagão, e designou o dia 25 de abril para a data de sua festa oficial.

Os séculos se passaram, a Senhora do Bom Conselho sempre foi muito honrada pelo povo de Genazzano e das regiões vizinhas, naquela pequena igreja da colina. No ano 1356 ela foi entregue à guarda dos freis agostinianos. 

A verdade é que a igreja ficou abandonada à própria sorte. Foi quando uma viúva chamada Petrucia de Geneo, por devoção à Maria, decidiu tomar a frente do projeto para construir um novo templo naquele local. Embora Petrucia tivesse disposto de todos seus bens, não conseguiu arrecadar recurso nem junto ao povo, nem junto ao clero.

No dia 25 de abril de 1467, ao invés de homenagear Nossa Senhora do Bom Conselho, a população de Genazzano participava de uma feira pública no centro da cidade. Num certo momento uma nuvem baixa atravessou a cidade, pousando no alto da colina, junto a igreja abandonada. Neste instante os sinos das igrejas começaram a tocar sem qualquer ajuda. Todos então foram lá para saber o que era aquilo, inclusive Petrucia. Notaram que no lugar da nuvem havia um belo e fino quadro de Nossa Senhora do Bom Conselho.

Intrigados começaram a perguntar entre si como poderia ter acontecido aquilo. Neste instante dois forasteiros saíram do meio do povo, e se apresentaram como Solavis e Georgi, dizendo que eram albaneses da cidade de Scutari, e contaram porque estavam alí e como chegaram.

A Albânia estava sob o domínio dos turcos muçulmanos há algum tempo e a cidade de Scutari era a única a impor resistência. Os habitantes eram cristãos devotos de Nossa Senhora do Bom Conselho, a qual veneravam no Santuário dedicado à Ela e que abrigava um afresco milagroso. Dias atrás percebendo que não poderiam mais resistir, foram ao Santuário e em oração e pediram conselho à Virgem sobre como fazer para manterem sua fé católica, nesta situação tão difícil. Nesta noite, para assombro dos albaneses a imagem da Virgem se desprendeu da parede e elevando-se pelos céus colocou-se sobre uma nuvem e começou a se trasladar lentamente para o oeste. Os dois puderam segui-la, cruzar o Mar Adriático alcançando a Itália, até chegarem àquela cidade, onde a imagem pousou na antiga e inacabada igreja, indicando que aquele seria seu refugio e dos seus devotos albaneses. 

O povo de Genazzano entendeu a aparição e a mensagem de sua Padroeira. Todos os outros albaneses refugiados foram acolhidos com suas famílias, porque eram muitos os seguiram Nossa Senhora de Scutari. Logo curas e graças começam e foram atribuídas à imagem do quadro. A notícia chegou ao então Papa Paulo II, que mandou uma comitiva de clérigos para constatar a veracidade dos milagres por intercessão de Nossa Senhora do Bom Conselho. 

Nesta ocasião a igreja estava praticamente concluída graças ao empenho do povo que recobrara a devoção na sua Padroeira. Sob a guarda dos freis agostinianos, o local tornou-se um Santuário mariano, sempre repleto de devotos que desejam venerar o milagroso quadro da Virgem Maria, que continua intercedendo pelos milagres junto à Deus. Nossa Senhora do Bom Conselho é também a Padroeira da Província Jesuíta do Brasil Central.


Gloriosíssima Virgem, escolhida pelo Conselho Eterno para ser Mãe do Verbo Encarnado, tesoureira das divinas graças e advogada dos pecadores, eu, o mais indigno dos vossos servos, a Vós recorro, para que Vos digneis de ser o meu guia e conselho neste vale de lágrimas. Alcançai-me, pelo preciosíssimo Sangue de vosso Divino Filho, o perdão de meus pecados, a salvação da minha alma e os meios necessários para operá-la. Alcançai para a Santa Igreja o triunfo sobre os seus inimigos e a propagação do Reino de Jesus Cristo por toda a Terra. Nossa Senhora, rogai por nós. Amém.

terça-feira, 25 de abril de 2017

Colômbia: Homem com facão invade igreja durante Missa e ameaça sacerdote e fiéis


Um homem armado com um facão entrou em uma igreja na cidade de Barranquilla (Colômbia), dirigiu-se ao sacerdote que neste momento celebrava Missa, causando pânico entre os fieis.

Segundo o jornal ‘El Heraldo’, um sem-teto com um facão na mão, que ainda não foi identificado, entrou na paróquia São Charbel, no bairro de Villa Carolina, em Barranquilla, na noite de 23 de abril.

O homem invadiu a Missa das 19h que estava sendo celebrada pelo Pe. Juan Manuel Montoya.

Dalila Arteta, paroquiana que estava na Missa, contou que “o homem entrou com um facão e ameaçou o padre e ele, vendo a arma branca, conseguiu se afastar alguns metros. Apareceu imediatamente, perto do sacerdote, outro paroquiano que disse ao sem-teto para que ele saísse do local, mas ele começou a correr com o facão atrás das outras pessoas que corriam em pânico dentro da igreja”. 

Surto fundacional com redução da liberdade religiosa


No contexto social de pluralismo religioso, não rara é a publicação de estudos sociológicos que mostram a impressionante diversificação e o fantástico aumento de associações que, sob a natureza jurídica de organizações religiosas (artigo 44, IV do Código Civil Brasileiro), usufruem das garantias de livre criação, organização e funcionamento.

Salta aos olhos a facilidade com a qual uma associação surge e consegue sua inscrição como “organização religiosa” no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). De janeiro de 2010 até fevereiro de 2017, 67.951 entidades foram inscritas, o que resulta em 25 novas inscrições por dia. Ao levar em consideração somente os grupos novos, os números baixam para 20 novas organizações por dia (Cf. O Globo, 26/03/2017, p.3), um número muito alto. Vale dizer que a expressão “organização religiosa” não é adotada no texto da Lei Maior pátria, nem do Código de Direito Canônico. A gênese dessa expressão reside numa iniciativa de lideranças e políticos evangélicos, aprovada no Congresso Nacional em 2003, para modificar a redação do artigo 44 do Código Civil Brasileiro. Desde então, a Receita Federal a utiliza para descrever a natureza jurídica de todas as pessoas jurídicas de quaisquer religiões existentes no País.

No caso da Igreja Católica, devido a sua histórica e notável organização jurídica e diplomática, suas relações com o Brasil são reguladas pelo “Acordo Internacional Brasil-Santa Sé” (AIBSS), aprovado pelo Congresso Nacional em 07/10/2009. Formalmente, esse diploma legal concede significativa certeza jurídica à identidade institucional da Igreja no Brasil e suas instituições internas, em seu dúplice aspecto de personalidade jurídica canônica e personalidade jurídica civil. Entretanto, na prática dos registros da Administração Pública, essa finalidade do Acordo é, há sete anos, eclipsada. Embora apta a descrever a sua realidade complexa que une elementos divinos e humanos, em harmonia com a eclesiologia do Concílio Vaticano II (Lumen Gentium, n.8), a própria natureza de “pessoa jurídica eclesiástica imune” (artigo 15, AIBSS) é excluída da Tabela de Natureza Jurídica usada no CNPJ. Por quê?

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Irmã de sacerdote assassinado pelo ISIS recorda suas últimas palavras: “Afasta-te satanás!”


"Jacques tinha 85 anos, quando dois jovens, radicalizados por um discurso de ódio, pensaram em realizar um ato heroico passando à violência homicida" e se entregou até dar a vida. Com estas palavras, Roselyne começou o testemunho de Jacques Hamel, assassinado na França em 26 de julho do ano passado, por dois jihadistas do autodenominado Estado islâmico (ISIS), em uma celebração presidida em Roma pelo Papa Francisco.

O testemunho de Roselyne foi contado durante a celebração presidida pelo Papa na Basílica de São Bartolomeu, em uma pequena ilha localizada no centro de Roma, no rio Tibre.

A Igreja é confiada à Comunidade de Santo Egídio e desde o Jubileu do Ano 2000 está dedicada aos "Novos Mártires" a pedido do Papa João Paulo II. A Igreja tem muitas relíquias desses mártires, alguns já são beatos, santos ou estão em processo.

O Pontífice passou a rezar pelos mártires do século XX e XXI, e por todos os cristãos que sofrem algum tipo de perseguição.

"Na sua idade, Jacques era frágil, mas também forte. Forte devido à sua fé em Cristo, forte pelo seu amor ao Evangelho e pelas pessoas, seja quem for e – tenho certeza - também pelos seus assassinos”, disse emocionada a irmã do sacerdote.

"Como a Sua Santidade disse durante a sua homilia em memória de Jacques, neste momento difícil, não havia perdido a lucidez quando no altar acusou o verdadeiro autor da perseguição: ‘Afasta-te satanás!’”.

Roselyne assinalou diante do Papa que, "com efeito, matar em nome de Deus é sempre satânico". "A sua morte está em linha com a sua vida de sacerdote, que era uma vida de doação: uma vida oferecida ao Senhor, quando disse 'sim' no momento da sua ordenação, uma vida a serviço do Evangelho, uma vida entregada à Igreja e às pessoas, especialmente aos mais pobres, que serviu sempre na periferia de Rouen". 

Homilética: 3º Domingo de Páscoa - Ano A: "Fica conosco, Senhor!".


No dia da Ressurreição, à tarde, Jesus, sob as aparências de um peregrino, junta-se aos dois discípulos que se dirigem para Emaús e falam, entre si, dos acontecimentos surpreendentes da sexta-feira anterior, em Jerusalém. (Lc 24, 13-35)

Os discípulos estão tristes, desanimados, decepcionados, frustrados…

Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um vencedor e encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na Cruz.

Aparece um peregrino, que caminha com eles… Ao longo da conversa com Jesus os discípulos passam da tristeza à alegria, recuperam a esperança e com isso o afã de comunicar a alegria que há nos seus corações, tornando-se deste modo anunciadores e testemunhas de Cristo ressuscitado.

Jesus caminha junto daqueles dois homens que perderam quase toda a esperança, de modo que a vida começa a parecer-lhes sem sentido. Compreende a sua dor, penetra nos seus corações, comunica-lhes algo da vida que nele habita. “Quando, ao chegar àquela aldeia, Jesus faz menção de seguir o caminho; porém os discípulos insistiram com Jesus para que Ele ficasse com eles. Reconhecem-no depois ao partir o pão: O Senhor, exclamam, esteve conosco! Então disseram um para o outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando Ele nos falava e nos explicava as Escrituras? (Lc 24,32). Cada cristão deve tornar Cristo presente entre os homens; deve viver de tal maneira que todos com quem tem contato sintam o bom odor de Cristo (2 Cor 24,32); o bom odor de Cristo deve atuar de forma que, através das ações do discípulo, se possa descobrir o rosto do Mestre” (Cristo que passa, nº 105).

A conversa dos dois discípulos com Jesus a caminho de Emaús, resume perfeitamente a desilusão dos que tinham seguido o Senhor, diante do aparente fracasso que representava para eles a Sua morte.

Jesus, em resposta ao desalento dos discípulos, vai pacientemente descobrindo-lhes o sentido de toda a Sagrada Escritura acerca do Messias: “Não era preciso que o Cristo padecesse estas coisas e assim entrasse na Sua glória?” Com estas palavras o Senhor desfaz a idéia que ainda poderiam ter de um Messias terreno e político, fazendo-lhes ver que a missão de Cristo é sobrenatural: a salvação do gênero humano.

Na Sagrada Escritura estava anunciado que o plano salvador de Deus se realizaria por meio da Paixão e Morte redentora do Messias. A Cruz não é um fracasso, mas o caminho querido por Deus para o triunfo definitivo de Cristo sobre o pecado e sobre a morte (1 cor 1, 23-24).

A presença e a palavra do Mestre recupera estes discípulos desanimados, e acende neles uma esperança nova e definitiva: “Iam os dois discípulos para Emaús. O seu caminho era normal, como o de tantas outras pessoas que passavam por aquelas estradas. E aí, com naturalidade, aparece-lhes Jesus e vai com eles, com uma conversa que diminui a fadiga.

“Jesus, no caminho! Senhor, que grande és Tu sempre! Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, conhece-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara, que permitem entender-Te, quando vens sem nenhum sinal externo da Tua glória!

Termina o trajeto ao chegar à aldeia e aqueles dois que, sem o saberem, tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor de Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-se como quem vai para mais longe (Lc 24,28). Nosso Senhor nunca Se impõe! Quer que O chamemos livremente, desde que entrevimos a pureza do Amor que nos colocou na alma. Temos de O deter à força e pedir-lhe: fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando (Lc 24,29).

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor. No fundo pensamos: fica conosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome! Porque entre as coisas belas, honestas, não ignoramos qual é a primeira: possuir sempre Deus” (São Gregório Nazianzeno).

Depois da escuta da Palavra e o partir o Pão, os discípulos de Emaús sentem agora a urgência de voltar a Jerusalém!… Partem logo para anunciar a descoberta aos irmãos e, junto com eles, proclamam a fé: “ O Senhor ressuscitou!” É o impulso à Missão.

Os discípulos dizem: “enquanto Ele nos falava, ardia o nosso coração!”

A verdade é que: Sem a Eucaristia, sem a Palavra, os outros nos cansam, nos assustam. Com a Palavra e com o partir o Pão, reconhecemos que Cristo está no próximo. Reconhecemos que Cristo está do nosso lado e a presença dele é capaz de nos reanimar.

Quando Jesus Cristo saiu, os discípulos levantaram-se e foram correndo contar a boa nova para os outros discípulos.

Fica conosco, Senhor! Que o Senhor permaneça conosco em pleno século XXI, porque nós queremos continuar servindo a Deus e a todas as pessoas. “Nós queremos servir a Igreja como ela deseja ser servida”, não conforme os nossos caprichos ou gostos pessoais.

É preciso redescobrir essa realidade: a pessoa humana como caminho da Igreja para apresentarmos a cada ser humano o caminho que realmente é o seu, Cristo. Precisamos compreender as pessoas, amá-las, participar das suas alegrias e tristezas, entender o mundo no qual habitamos junto a elas, acompanhar as situações de pobreza e de riqueza, descobrir o poder da técnica e dos novos meios de comunicação.


Andar por um caminho que não se conhece é muito difícil! A Igreja, como entende que o homem é caminho para ela, se sabe e se declara “mestra de humanidade”: há dois mil anos a Igreja Católica tem acompanhado o ser humano, ela sim entende quem é a pessoa humana e sabe o que é melhor para ela. E nós temos que colocar todos os meios para que sejamos, na Igreja e como Igreja, mestres em humanidade. É preciso conhecer os nossos semelhantes através da simpatia e do amor, conduzidos pelo Espírito Santo, que nos faz apreciar retamente todas as coisas. O Senhor continua no meio de nós.