sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Comunidades de base (CEBs) estão sendo usadas para fim político, denuncia Bernardo Küster


Após a realização do 14º Intereclesial das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) entre 23 e 27 de janeiro, em Londrina (PR), Bernardo Pires Küster denunciou que as CEBs estão sendo usadas para reorganização da militância política.

Para o conhecido ensaísta e tradutor, que vive em Londrina e esteve presente no evento, após o impeachment de Dilma Roussef em 2016, frente ao julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o Partido dos Trabalhadores (PT) perdendo “capilaridade municipal, os sindicatos perdendo dinheiro, eles estão vendo nas CEBs, na minha interpretação, uma nova esperança de reorganização da militância política, que foi o que aconteceu aqui”.

Bernardo Küster, cujos vídeos alertando sobre o que aconteceu no evento em Londrina (PR) já contam com mais de 500 mil visualizações, disse em exclusiva à ACI Digital que foi informado sobre o Intereclesial e de que estariam acontecendo manifestações políticas no evento. “Eu peguei um amigo e fomos até o Moringão (estádio onde aconteceu o encontro). Quando entramos, vimos faixas de apoio ao PT. Foi então que começamos a investigar toda a questão”.

Segundo Küster, na organização e condução deste evento estiveram presentes intelectuais ligados à esquerda, entre os quais citou o sociólogo Pedro Ribeiro, Marcelo Barros, Frei Beto, entre outros.


De acordo com Bernardo, o 14º Intereclesial contou com a presença de “mais de 3 mil representes das CEBs do Brasil todo”. Entretanto, ressaltou que, “pelo tamanho que já foram as CEBs, foi um evento pequeno, porque o próprio Frei Beto em um dos artigos diz que já chegou a mais de 100 mil CEBs no Brasil”.

Nesse sentido, assinalou que a utilização política do evento se deu por parte das lideranças e dos intelectuais presentes e não dos participantes, “do povo de Deus”. Ainda segundo Küster, esse uso político das CEBs não é um fenômeno atual, mas remonta aos anos 1970.

“As CEBs surgiram nos anos 1970 com propósito legítimo, que era reunir comunidades locais pequenas pelo Brasil inteiro, para que elas trouxessem à Igreja algumas demandas locais. Isso é legítimo”, assinalou.

Para Bernardo, o problema foi que, a partir da invenção da Teologia da Libertação, em 1968, pelo teólogo peruano Gustavo Gutiérrez, “houve um casamento de desejos”.

“As CEBs tinham essa intenção social muito forte e a Teologia da Libertação chega com esse apelo teológico, para preencher, dar explicações para os desejos do pessoal das CEBs. Só que a Teologia da Libertação nada mais é do que a completa politização da fé pela esquerda”, assinalou.


Bernardo Küster indicou que, “o que aconteceu, segundo o próprio pessoal aqui do Intereclesial falou, é que as CEBs se despolitizaram, enfraqueceram, e parece que, de certa forma, a esquerda já não via mais utilidade nelas”.

Entretanto, frente ao atual cenário político, declarou: “Na minha interpretação, eles (referindo-se a líderes e intelectuais da esquerda) vão voltar a usar as CEBs. Não digo que todos lá sejam de esquerda, pois eles estão usando aquele pessoal inocente e de bom coração para a militância”.

Passado o 14º Intereclesial, Küster advertiu sobre o modo como estes líderes de esquerda poderiam dar continuidade à utilização política da fé: através dos grupos de reflexões bíblicas.  Eles vão buscar “mudar a mentalidade das pessoas através de uma leitura esquerdista da Bíblia, até porque, quem tem a capilaridade da Igreja Católica no Brasil? Ninguém”.

“Então, eles usam a capilaridade das CEBs para poder aumentar o poder de influência da esquerda aqui no Brasil”, completou.

Por sua parte, a Arquidiocese de Londrina, publicou uma carta do clero sobre o 14º Intereclesial das CEBs, na qual assinala que “foi um evento eclesial repleto de discussões profícuas para a Igreja e para a sociedade”.

A carta da Arquidiocese ainda afirma que “algumas críticas visaram apenas denegrir o todo e a magnitude do Encontro” e diz que, por isso, não poderia “deixar de rejeitar e condenar as atitudes sectárias de quem visou ofender pessoas ou grupos, atribuindo-lhes qualificados impróprios e mentirosos”. O nome de Bernardo não é citado na carta, porém, para o influenciador católico, a missiva faz alusão aos vídeos em que ele critica o ocorrido no evento.

Para Bernardo Pires Küster, a publicação desta carta “foi um sintoma de que tudo o que apresentei no vídeo é verdadeiro”. “Aquela carta teve um único propósito, responder às denúncias que eu fiz, mas a estas denúncias, aos fatos apresentados, eles não rebateram nada, chamaram de calúnias e mentiras apenas”, acrescentou.

Por fim, Küster aconselha os fiéis católicos a estarem atentos à situação e “entender o que a Igreja tem de bom”.

A primeira coisa a saber, segundo ele, é que “a Igreja não tem partido, não cumpre função de um partido, nem deve cumprir. A Igreja não precisa de uma nova Teologia”.

“A Igreja tem uma Doutrina Social fantástica, a Igreja sabe interpretar a realidade do pobre, a mística do pobre. Jesus foi pobre, tantos outros foram pobres e nem por isso entraram na militância política”, declarou.

“Os fiéis têm que conhecer a Igreja para não caírem nessa questão de novidade. A novidade é que Jesus ressuscitou, essa é a Boa Nova de todos os dias, Ele morreu e ressuscitou e é a esperança de todos nós”, concluiu.
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ACI Digital

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