domingo, 16 de abril de 2017

Anuário Pontifício 2017 revela os dados da Igreja no mundo


O Anuário Pontifício 2017 e o Anuarium Statisticum Ecclesiae 2015, cuja redação esteve sob a responsabilidade do Departamento Central de Estatística da Igreja foi distribuídos nestes dias nas livrarias. O trabalho de impressão dos dois volumes é da Tipografia Vaticana. Reproduzimos aqui a análise dos dados do L’Osservatore Romano.

Da análise dos dados referidos no Anuário Pontifício pode-se deduzir algumas novidades relativas à vida da Igreja Católica no mundo, a partir de 2016. Como por exemplo: durante o referido período foram eretas quatro novas sedes episcopais, uma eparquia, dois exarcados apostólicos, um ordinariato e um exarcado apostólico foi elevado à eparquia. Os dados do Annuarium Statisticum, por sua vez, relativos ao ano de 2015, fornecem um quadro de síntese dos principais andamentos que interessam o desenvolvimento da Igreja Católica no mundo.

A seguir são descritas as tendências verificadas no quinquênio recém transcorrido, quer dos católicos batizados, quer dos clérigos, religiosos professos não-sacerdotes e religiosas professas e do número de vocações sacerdotais. As informações serão fornecidas em nível global, assim como para cada área geográfica.

Na presente nota, os dados de 2015, além de serem sistematicamente confrontados com aqueles relativos ao ano precedente, são comparados também com aqueles do quinquênio que teve início em 2010, com o objetivo de extrapolar as dinâmicas evolutivas prevalentes no médio período.

O arco de tempo considerado cobre os últimos dois anos do Pontificado do Papa Bento XVI e os primeiros três anos do atual pontificado do Papa Francisco, com importantes indicações sobre a Igreja Católica no novo milênio.

Número de batizados

O número de católicos batizados cresceu em todo o mundo, passando de 1,272 bilhões em 2014 a 1,285 bilhões em 2015, com um incremento pertinente a 1%, o que representa 17,7% da população total do planeta.

Caso se adote uma perspectiva de período médio, por exemplo com referência a 2010, se constata um crescimento mais significativo, de 7,4%.

A dinâmica de tal incremento varia de continente a continente: enquanto, de fato, na África se registra um aumento de 19,4% no número de católicos, passando no mesmo período de 186 a 222 milhões, na Europa, por outro lado, manifesta-se uma situação de estabilidade (em 2015 os católicos chegavam a quase 286 milhões, pouco mais de 800 mil em relação a 2010, e 1,3 milhões a menos em relação a 2014. Tal constatação deve ser atribuída à situação demográfica, cuja população teve um leve aumento e para a qual, nos próximos anos, está prevista uma queda.

Situação intermediária entre as duas citadas acima são registradas na América e na Ásia, onde o crescimento dos católicos é certamente importante (respectivamente + 6,7% e + 9,1 %), mas alinhado com o desenvolvimento demográfico destes dois continentes. Estacionários, no entanto, com valores absolutos obviamente inferiores, os números relativos à Oceania.

Como estes movimentos estão relacionamos com os dados demográficos, uma informação melhor pode ser obtida analisando-se a relação entre católicos batizados por número de habitantes. Na África, por exemplo, a tendência ao crescimento permanece constante, enquanto mais contida se mostra na Ásia e na Oceania.

Também poderia ser frisado que nos vários continentes o número relativo de católicos varia em dimensões profundamente diferentes: se vai pelo ano mais recente, dos 3,2 católicos a cada 100 habitantes na Ásia aos 63,7 na América. Tal número relativo de católicos é de 19,4 na África, de 26,4 na Oceania e de 39,9 na Europa.

Também se confirma o peso do continente africano, cujos fiéis batizados aumentam dos 15,5% aos 17,3% dos católicos totais  no mundo. A Europa, por outro lado, registra uma queda, saindo dos 23,8 % em 2010 para os 22,2% em 2015.

América com maior percentual de católicos

A América, por outro lado, permanece como o continente com maior percentual de católicos, ou seja, 49% dos católicos batizados em todo o mundo.

O continente asiático mantém-se com 11% do total de batizados católicos do planeta em 2015. Números estáveis também relativos à Oceania, representando 0,8% dos católicos a nível mundial.

Brasil, país com maior número de católicos

Aprofundando o detalhe territorial para cada país e observando os dados relativos à 2015, revela-se que o Brasil, no conjunto dos dez países no mundo com maior consistência de católicos batizados, ocupa o primeiro lugar, com 172,2 milhões de católicos, o que representa 26,4% do total dos católicos do continente americano.

O Brasil é seguido pelo México (110,9 milhões), Filipinas (83,6 milhões), Estados Unidos da América (72,3), Itália (58,0 ), França (48,3), Colômbia (45,3), Espanha (43,3), República Democrática do Congo (43,2) e Argentina (40,8).
A soma total de católicos presentes nos países que ocupam as dez primeiras posições chega a 717,9 milhões, ou seja, 55,9% dos católicos presentes em todo o mundo.

As estatísticas relativas a 2015 também revelam que o número de clérigos em todo o mundo é de 466.212, com 5.304 bispos, 415.656 sacerdotes e 45.255 diáconos permanentes.

Bispos

O número de bispos aumentou no decorrer do tempo, satisfazendo as exigências de um maior número de fiéis e de um reequilíbrio numérico e funcional em relação ao corpo sacerdotal. No último quinquênio registrou-se um incremento de 3,9%. Tal movimento de crescimento é registrado em todos os continentes, ainda que as variações se apresentem mais acentuadas para o continente asiático (+5,4%) e para a Europa (+4,2%). Já na América é +3,7% e África +2,3%.
Também pode ser assinalado que o peso relativo em cada continente permaneceu praticamente invariável. Em 2015, em particular, verificou-se que a América teve 37,4% de todos os prelados, seguida pela Europa com 31,6%, Ásia com 15,1%, África 13,4% e Oceania com 2,5%.

Sacerdotes

2015 é caracterizado por uma queda no número de sacerdotes em relação ao ano precedente, invertendo assim a tendência que caracterizou os anos de 2000 a 2014. A diminuição entre 2014 e 2015 é de 136 unidades e diz respeito em particular ao continente europeu (-2.502 unidades). Já para os outros continentes a variação é positiva: +1.133 unidades para a África, +47 para a América, +1.104 para a Ásia e +82 para a Oceania.

O total de sacerdotes no mundo em 2015, em relação a 2010, sofreu um aumento de 0,83%, passando de 412.236 a 415.656.

Para este período, a África registrou um aumento de 17,4% e a Ásia 13,3%, enquanto na América mostrou-se estacionária, com aumento de 0,35%. Europa e Oceania registraram, para o mesmo período,  taxas negativas de -5,8 e -2,0% respectivamente.

Sacerdotes diocesanos e religiosos

Fazendo-se a distinção entre sacerdotes diocesanos e religiosos observa-se os seguintes dados. Entre os diocesanos, no total, registra-se um aumento de 1,6%, passando dos 277.009 em 2010 aos 281.514 em 2015. Já entre os religiosos constata-se uma constante diminuição (-0,8% no período), chegando-se aos 134 mil em 2015.

A queda no número sacerdotes religiosos é observada não somente na Europa e Oceania, mas também no continente americano, onde em 2015 eram pouco mais de 38 mil, em comparação com os mais de 40 mil em 2010.

Relacionando-se os dados de tais áreas com dados globais, observa-se que a África, a América Centro-continental e a do Sul e a Ásia sul-oriental observam um aumento em seu peso de 2010 a 2015, enquanto a Ásia médio-oriental e a Oceania permanecem praticamente estacionárias em relação a esta característica.

Por fim, a América do Norte e a Europa têm um peso em declínio. Se em 2010 na Europa os sacerdotes representavam 46,1% do total mundial, caem para pouco mais de 43% em 2015, numa queda de 3 pontos percentuais.

Sacerdotes/número de fiéis

Analisando a relação entre o número dos católicos batizados presentes nas várias áreas continentais e o número de sacerdotes, constata-se que, enquanto em 2010 existia um sacerdote para cada 2.900 fiéis católicos, em 2015 este número sobre para 3.091.

Particularmente crítica é a situação na América, onde a relação católico/sacerdote supera as 5.000 unidades, mantendo-se crescente no período considerado.

Mas a presença sacerdotal se enfraquece também na Europa, mesmo contando com 1 sacerdote para cada 1.595 fiéis católicos, uma relação mais vantajosa em termos absolutos.
Na Ásia, por sua vez, os católicos por sacerdote no período considerado passaram de 2.269 a 2.185, enquanto na África permanece estável, em número que indicam 5.000 católicos por sacerdote.

Diáconos permanentes

O número dos Diáconos permanentes mostra uma significativa dinâmica evolutiva: tem um aumento em 2015 de 14,4% em relação aos dados dos cinco anos anteriores, passando de 39.564 a 45.255 unidades.

O número de diáconos cresce em todos os continentes em ritmo significativo. Na Oceania, onde não chegam ainda a 1% do total, ele aumentam 13,8%, chegando a 395.

Os dados melhoram ainda mais em áreas onde a presença deles é quantitativamente relevante, como na América e na Europa, onde estão 98% do total. O número de diáconos, de fato, aumentou em 16,2 e 10,5% respectivamente.

A ação pastoral dos clérigos é apoiada também por outros agentes pastorais, entre os quais os religiosos professos não-sacerdotes e religiosas professas: à análise numérica destes agentes podem ser feitas importantes observações.

Religiosos professos não-sacerdotes

O grupo dos religiosos professos não-sacerdotes observa uma ligeira retração em nível global. De um total de 54.665 em 2010 passaram a 54.229 em 2015. No continente africano e na Oceania, por outro lado, foi verificado um incremento no número de religiosos.

Naturalmente, os números variam de continente a continente. Pelos dados de 2015, o maior número de religiosos não-sacerdotes encontra-se na Europa com 16.004 e na América com 15.321, num total mundial de 54.229.

Religiosas professas

As religiosas professas constituem uma população consistente. Em 2015 superaram em 61% o número de sacerdotes em todo o mundo, mas observam uma clara diminuição. Em nível global, passaram de 721.935 em 2010 para 670.320 em 2015, representando uma queda de 7,1 pontos percentuais.

Segundo a região, estes números comportam-se de forma diferenciada. A África é o continente com o maior número de religiosas, que passaram de 66.375 em 2010 a 71.567 em 2015, com um aumento de 7,8% no período e 1,6% a cada ano.

Segue o sudeste asiático, onde as religiosas professas passaram de 160.564 em 2010 a 166.786 em 2015, com um incremento de 3,9% em todo o período e 0,78 a cada ano.

A América do Sul e Central mostraram uma diminuição, passando de 122.213 religiosas em 2010 para 112.051 em 2015, com um decréscimo de 8,3% no período e 1,7% a cada ano.

Por fim, são agrupadas três áreas continentais com evidente contração: América do Norte (- 17,9% no período e -3,6% na variação anual), Europa (-13,4% e -2,7%) e a Oceania (- 13,8% e -2,7%). A nível mundial, portanto, estas áreas apresentam os dados mais relevantes.

Vocações sacerdotais

Prossegue também a queda nas vocações sacerdotais. Em 2015 os seminaristas maiores era 116.843 contra os 116.939 de 2014, 118.251 de 2013, 120.051 de 2012, 120.616 em 2011 e 118.990 em 2010.

A taxa de vocações cai, por sua vez, de 99,5 seminaristas por milhão de católicos em 2010, para 90,9 em 2015.

Uma detalhada análise a nível de subcontinentes evidencia que os comportamentos locais são profundamente diferenciados entre eles, de forma que a análise da evolução mundial da consistência numérica das vocações pode resultar não exaustiva.

Na África, por exemplo, o número de seminaristas maiores no quinquênio considerado aumentou, observando um incremento de 7,7%.

Já nas Américas observou-se no período uma contínua diminuição das vocações, chegando a -8,1%.

Na Ásia sul-oriental, ao crescimento inicial verificado em 2012 (+4,5% em relação a 2010), seguiu-se uma acentuada diminuição que levou o número de seminaristas maiores em 2015 a um nível 1,6% inferior em relação ao nível de 2012.

Na Europa de 2010 a 2015, o número de seminaristas diminuiu 9,7%. Na Oceania a consistência mais alta foi registrada em 2012, observando uma contínua diminuição a seguir, sendo em 2015 6,9% inferior em relação a 2012.

Dos 116.843 seminaristas em todo o mundo em 2015, o continente que registra um maior número é a Ásia, com 34.741, seguida pela América com 33.512, a África com 29.007, a Europa com 18.579 e por fim a Oceania com 1.004 seminaristas.

Caso se observe o número de católicos em cada continente, chega-se à seguinte relação: Ásia 245,7 seminaristas / 1 milhão de católicos; África 130,6; Europa 65,0 e América 53,6 seminaristas por milhão de católicos.

Avaliação final

Entre as dinâmicas já consolidadas, confirma-se o aumento do número de católicos no mundo, sobretudo no continente africano, cujo peso relativo continua a crescer no tempo.

Com referência à evolução dos vários agentes pastorais, em particular no período 2010/2015, observa-se um significativo crescimento do número de bispos, dos diáconos permanentes, dos missionários leigos e dos catequistas diante de uma evidente retração dos religiosos professos e das religiosas professas.

Entre os clérigos, enquanto continua a melhorar o número total dos bispos em relação ao número de fiéis, a evolução dos sacerdotes parece sofrer em 2015 uma parada, principalmente devido à queda atribuída à duas áreas geográficas: Europa e América do Norte.

Por fim, um dado que merece atenção é o relativo às vocações sacerdotais, com o número de seminaristas atingindo o seu máximo em 2011, passando a sofrer uma gradual retração, tendo como única exceção a África, que no momento, parece permanecer intocada pela crise de vocações e confirmando-se como a área geográfica com maiores potencialidades.
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Rádio Vaticano / L'Osservatore Romano - JE

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