terça-feira, 28 de março de 2017

Reality shows: Nem tão reais assim


Os reality shows tomaram conta dos horários nobres da TV em muitos países. O gancho destes programas é apresentar pessoas “reais” (não atores) com problemas “reais”. Algo parecido com a vida cotidiana. Na realidade, muitas vezes eles não têm nada de cotidiano; muito menos de real.

Na medida em que o tempo vai passando, esses programas se tornam mais provocativos, mais extremos e mais explícitos em seus conteúdos. Mesmo que ainda não se tenha muito claro o motivo pelo qual este gênero faz tanto sucesso.

Parece que tem a ver com o desejo do público de participar de um deles. Tem a ver também com a “autenticidade” das emoções dos participantes, com as situações a que eles se submetem, com a curiosidade, o ego, a juventude, a beleza a vontade de atuar e, claro, com o fator monetário. Seja como for, esses programas estão presentes em nossas vidas, sobretudo, na vida de adolescentes e jovens adultos, influenciando-as.

Há duas semanas, li uma notícia sobre um novo reality, que terá como tema o “primeiro encontro”. Mas com um detalhe: o encontro acontece na cama. Os produtores afirmam que, se “começar pelo fim” e o participante conhecer a pessoa com roupa íntima e em cima de uma cama, não haverá muito o que se esconder, as inseguranças desaparecerão e os encontros acontecerão.

A diretora comenta que é complicado encontrar um parceiro ou uma parceira no mundo real e que, no programa, os participantes podem conversar com alguém que “lhes dê um pouco de compreensão e carinho… um simples abraço”.

Este post não pretende indicar a que assistir e a que não assistir na TV. Para isso existe a liberdade, o discernimento e a maturidade. Mas o objetivo é tentar deixar claras algumas coisas que esses programas não estão deixando ver, pois confundem muito, principalmente os jovens. 

1.         Reality não necessariamente significa realidade

Os reality shows estão longe de mostrar a realidade. Primeiro porque são programas que seguem um formato e várias regras. Quer dizer: armam uma realidade que não existe. Além disso, se uma câmera está seguindo você o tempo todo e você sabe que milhões de pessoas estão assistindo, este negócio de autenticidade é um pouco duvidoso, não é? Há vários fatores que mostram que o simples fato de saber que alguém o está observando impacta diretamente em seu comportamento e, no final, você acaba atuando, não sendo autêntico. Um reality show tem situações que não são as mesmas do mundo “real”. São realidades montadas. As TV´s mostram somente o que querem mostrar ou o que mais vai impactar na audiência.

2.        Não se conquista a intimidade tirando a roupa

A entrega da intimidade implica conhecer, e conhecer implica entregar e também receber. A entrega completa, comprometida, fiel e por toda a vida (como acontece no amor conjugal, em um casamento) é algo completamente diferente de se colocar em cima de uma cama, com roupas íntimas e com um perfeito desconhecido em frente a milhares de telespectadores. De íntimo e profundo isso não tem nada. Sinto um pouco de pesar por saber que esta mensagem pode ficar na mente de muitos jovens e que logo eles começam a imitar esses programas, gerando consequências que podem deixar cicatrizes profundas.

3.        O pudor serve para nos proteger; não é uma simples vergonha da qual temos de nos desfazer

O que é pudor? Parafraseando o filósofo espanhol Juan Fernando Sellés, é um simples sentimento natural de vergonha ou, talvez, uma virtude. Nestes momentos, eu prefiro a segunda opção.

O pudor é uma proteção da pessoa. O corpo humano serve para expressar visualmente a pessoa que somos. Mas há muitos aspectos que ficam em nosso interior, que, por mais desnudos que estejamos, jamais poderão ser desvendados. Mas podem, sim, ser violados pelo abuso e pelo uso indevido de nosso corpo. Neste sentido, o pudor não é algo que deva ser “eliminado”, como defendem alguns especialistas hoje em dia. O pudor protege nossa intimidade e nosso próprio corpo.

4.        É admirável descobrir quem é o outro e se surpreender. E isso não passa na tela da TV

Talvez, em nossos dias, seja muito complicado estabelecer uma relação sentimental sincera e duradoura. Mas vale a pena lançar-se nesta busca. O amor não se conforma com um “pouco de compreensão e algum carinho”. O amor é tudo, entrega total e total aceitação. Não é preciso ficar sem roupa para que duas pessoas sejam capazes de se comunicar e de se tornarem íntimas. A entrega e o conhecimento pessoas requerem muito mais que isso. Queimar etapas, inclusive, poderia ir contra o objetivo. Estar sem roupa pode deixar a pessoa vulnerável, mas também sem vergonha. Você não vai comunicar sua intimidade, quem você é verdadeiramente desta maneira. E mais: talvez, com este comportamento, você somente conseguirá se despersonalizar e se tornar incapaz de reconhecer-se a si mesmo.
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Disponível em: Aleteia

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