sábado, 25 de fevereiro de 2017

Setenta mil homens com o terço nas mãos


É surpreendente! Se me dissessem isso há 20 anos, não acreditaria. De alguns anos para cá, o número de homens que vão aderindo à prática milenar da oração do Terço, na Igreja católica, cresce quase assustadoramente. Porém, quando se fala de Terço dos Homens, não se pode imaginar apenas uma oração de certa forma rápida, como nas modalidades anteriores. Eles se reúnem uma hora por semana, geralmente à noite, após o horário de trabalho, e rezam o Terço com cânticos bíblicos, numa expressiva meditação sobre os principais mistérios da vida de Cristo. Alimentam-se da Palavra de Deus, vivem e revivem momentos de espiritualidade e fraternidade, ao contemplar os principais momentos da vida e obra de Cristo, enquanto louvam Maria, a Mãe do Salvador.  O Terço é uma oração mariana e marcadamente cristológica.  

Sábado passado, 18 de fevereiro, reuniram-se no Santuário de Aparecida setenta mil peregrinos na IX Romaria Nacional do Terço dos Homens, vindos de quase todos os Estados da Federação. Foi emocionante escutar a vibração de vozes masculinas que rezavam e cantavam durante a Missa, na parte da manhã e na Oração do Rosário, à tarde. Testemunhos impressionantes foram relatados. Os cânticos da Missa ficaram a cargo dos Homens do Terço das cidades de Pará de Minas, Diocese de Divinópolis, e de Arcos, Diocese de Luz - MG.

Neste Ano Mariano o lema da peregrinação foi “Homens do Terço, é preciso lançar as redes”, por estar sendo celebrado o tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, por três pescadores, nas águas do Rio Paraíba do Sul, após o qual a pesca foi abundante. Tal fato extraordinário foi sempre relacionado à pesca milagrosa realizada pelos Apóstolos, depois da qual ouviram dos lábios de Cristo esta promessa e este mandato: “Farei de vós pescadores de homens” (cf Lc 5,10-11).  Repetido dezenas de vezes, na IX Romaria a Aparecida, como meta a ser atingida, tal lema revela a força missionária evangelizadora existente no movimento. 

Calcula-se que haja, hoje, mais de um milhão de homens rezando o Terço em todo o território nacional todas as semanas, em grupos paroquiais e grande parte com a prática pessoal cotidiana. Se considerarmos que cada homem traz atrás de si a sua família, este número representa muito mais que se imagina no que diz respeito à propagação da fé no povo brasileiro. De fato, a oração do Terço, nas modalidades referidas, tem despertado para a prática religiosa muitas pessoas espiritualmente adormecidas ou que antes andavam em caminhos não condizentes com os princípios da Igreja ou dela tenham se afastado, tomando agora o caminho de volta.  


O interessante do movimento “Terço dos Homens” é que não depende de estruturação burocrática, de estatutos ou regimentos. Os adeptos se organizam de forma simples e espontânea e, ao mesmo tempo, muito eficaz. Na verdade, para rezar não há mesmo necessidade de nenhuma burocratização. Basta se pôr em oração no método que se escolheu, no caso o Terço de Nossa Senhora, atualmente, enriquecido com maiores motivações bíblicas e cânticos adequados. 

Novidade deste ano foi o prosseguimento da movimentação de Aparecida na sede da Comunidade Canção Nova, em Cachoeira Paulista. Ali se celebrou, no Domingo, o primeiro Kairós do Terço dos Homens, que é uma espécie de Recolhimento para meditações, animações e celebrações. Muitos homens da IX Romaria, sobretudo os grupos ligados ao movimento “Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Shoenstatt”, se dirigiram para lá, reinando alegria e muita expressão de fé durante todo o dia.

O Terço dos Homens tem se revelado também como instrumento de mútua ajuda, pois os problemas de um passam a ser problemas de todos.

Não será nada de estranho afirmar que a expansão extraordinária desta novel movimentação orante é uma obra sobrenatural, porquanto só faz o bem às pessoas, às comunidades eclesiais e à Igreja toda, verdadeira ação de Cristo pelas mãos de Maria.


Dom Gil Antônio Moreira


Arcebispo de Juiz de Fora

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