terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Homilética: 2º Domingo do Tempo Comum - Ano A: "Ele tira o pecado do mundo".


Neste domingo iniciamos o chamado Tempo Comum da liturgia. O Tempo Comum é um período do ano litúrgico de trinta e quatro semanas, nas quais são celebrados, na sua globalidade, os mistérios de Cristo. Comemora-se o próprio mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos.  Durante este tempo litúrgico o celebrante usa o paramento de cor verde, ressaltando que os cristãos devem sempre estar na esperança da volta do Messias.

“Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29). Essas palavras soam aos nossos ouvidos em cada Santa Missa ao aproximar-se um dos momentos mais sublimes do sacrifício eucarístico, a comunhão. E nós respondemos: “Senhor, eu não sou digno (…)”. Jesus Cristo vem a nós em cada celebração eucarística. Não nos esqueçamos, no entanto, de que a graça da comunicação de Deus conosco passa pelo sacrifício do seu filho, Cordeiro oferecido ao Pai que, com a sua obediência e com o seu amor, tira o pecado do mundo. De fato, essas palavras do Evangelho segundo S. João aludem ao sacrifício redentor de Jesus Cristo.

A Missa é sacrifício, ou seja, uma realidade sagrada oferecida a Deus. Não se pode negar essa verdade de fé divina e católica, quem assim o fizesse cairia na heresia.

A Igreja Católica sempre teve essa convicção: a Missa, toda Missa, é verdadeiro e próprio sacrifício. Essa verdade de fé foi reafirmada e dogmatizada solenemente pelo Concilio de Trento. Em cada celebração eucarística se oferece, verdadeiramente, Jesus Cristo ao Pai pela ação do Espírito Santo; em cada Santa Missa há um sacrifício no sentido próprio e real que essa palavra tem: sacrifício é oferecimento de um dom sagrado à divindade. É muito importante que compreendamos a palavra sacrifício como oferta. Seria um absurdo, em efeito, pensar, segundo o modelo dos antigos sacrifícios, que em cada Missa o padre mata a Cristo e o oferece ao Pai. Isso seria um horrível sacrilégio!

Cristo “apareceu uma só vez ao final dos tempos para destruição do pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9,26). Jesus morreu uma só vez, ofereceu perfeitissimamente ao Pai o seu amor e a sua obediência, as suas chagas e os seu sangue derramado para a nossa salvação. Conseguida essa salvação, “Cristo entrou, não em santuários feito por mãos de homens, que fosse apenas figura do santuário verdadeiro, mas no próprio céu, para agora se apresentar intercessor nosso ante a face de Deus” (Hb 9,24). Mas, de que maneira Cristo intercede por nós no céu? De várias maneiras, mas todas elas se resumem no seu sacrifício. A vida santíssima, redentora e santificadora de Jesus Cristo teve o seu momento mais alto e reunificador no Mistério Pascal, isto é, na sua Morte, Paixão e Glorificação. Cristo nos salvou apresentando-se ao Pai e continua salvando-nos apresentando-se ao Pai. Ele é o nosso único Mediador.

Jesus entrou no céu com todos os méritos conseguidos na sua vida terrenal. Esses méritos são infinitos porque são os méritos do Filho de Deus, que é Deus. Apresentando-se ao Pai com o seu Mistério Pascal, Jesus envia desde o santuário celeste esse mesmo Mistério, a sua Páscoa, à humanidade. Como? Através da Missa, que é a atualização dos Mistérios de Cristo, cujo central é a Cruz gloriosa, isto é, a sua Morte e Ressurreição, que mereceu também o envio do Espírito Santo. Em cada Missa, faz-se presente, atual, o Mistério da Cruz gloriosa e, ao entrarmos nesses raios divino-humanos da Eucaristia, somos redimidos, salvos, santificados e glorificados antecipadamente.

O trecho da primeira leitura de hoje é tirado do livro do profeta Isaías e fala das características da missão profética do Servo de Deus: Ele vai libertar e reunir o povo de Israel e, mais ainda, Ele será luz para as nações e portador da salvação universal de Deus. Nosso texto revela que este personagem misterioso tem uma missão de Servo. Está a serviço de Deus. Nele Deus manifestará a Sua glória e a glória de Deus é a liberdade de Seu povo.

Na segunda leitura, Paulo fala da vocação primeira à qual Deus nos predestina: a vocação à santidade. Somos chamados a ser santos! Quem nos santifica é o Filho de Deus!

No evangelho, João Batista dá testemunho de Jesus e vai crescendo no conhecimento de Jesus. Ele é assim modelo para nossa comunidade cristã.

a) João Batista não conhecia Jesus (vv. 31.33)

Não apenas João não conhecia Jesus, mas ninguém O conhecia ainda. As autoridades dos judeus O confundiam com o Batista (Jo 1,19-27). Eles não O conheciam e morreram sem conhecê-lo, pois, conhecer na bíblia tem um sentido profundo, não é apenas saber quem é, o que faz, onde mora. Conhecer Jesus é entrar em comunhão com Ele, participar da Sua vida.

b) Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (v. 29)

João vê Jesus. O verbo ver é muito importante neste trecho do testemunho de João Batista. Ver é condição essencial para o testemunho. O ver está na linha do conhecer. O verbo ver aparece 4 vezes nestes 6 versículos. João vê Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Estamos diante de uma profunda afirmação de fé da comunidade colocada na boca do Batista. O termo usado para cordeiro é “talya” em aramaico. Este termo significa servo e cordeiro. Assim Jesus é visto como o Servo de Deus (cf. Is 53, 7,12), como cordeiro expiatório (cf. Lv 14) e como cordeiro pascal (cf. Ex 12). Jesus é o libertador. Ele liberta o homem da escravidão do pecado, ou seja, da adesão a um sistema injusto e opressor, expressão clara da rejeição de Jesus.

c) Jesus é o Santificador, batizando no Espírito Santo.

João vê o Espírito Santo descer do Céu, como o voo de uma pomba, e pousar sobre Jesus. Jesus é, assim, ungido pelo Espírito Santo. O Espírito de Deus habita n’Ele. Ele possui a plenitude do Espírito. Seu batismo não será apenas com água, como o do Batista, mas será com o Espírito Santo.

d) Jesus é o Filho de Deus (vv. 3-4)

João, que antes não conhecia Jesus, foi aos poucos vendo Jesus (v. 29), falando sobre Ele (v. 30), vendo o Espírito Santo (v. 32), ouvindo a voz do Pai (v. 33). Tudo isso foi dando experiência suficiente a João para, no fim, testemunhar que Jesus é o Filho de Deus, Aquele que é capaz de revelar a nós o amor do Pai e nos transmitir a vida divina. 

COMENTÁRIOS DOS TEXTOS BÍBLICOS

Leituras: Is 49,3.5-6; Sl 39; 1Cor 1,1-3; Jo 1,29-34

Meus caros irmãos e irmãs, o texto do evangelho nos apresenta a cena do encontro entre Jesus e João Batista, à margem do rio Jordão, de acordo com o evangelista São João, que antes de ser discípulo de Jesus era discípulo de João Batista, juntamente com o seu irmão Tiago, com Simão e André, todos da Galileia, todos pescadores. Portanto, João Batista vê Jesus que se aproxima no meio da multidão e O reconhece como o enviado de Deus; por isso, o indica com as seguintes palavras: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1,29).

Esta afirmação de João Batista, identificando Jesus como o “Cordeiro de Deus” (Jo 1,29), evoca, provavelmente, duas imagens tradicionais extremamente sugestivas. Por um lado, evoca a imagem do “servo sofredor”, o cordeiro levado para o matadouro, que assume os pecados do seu Povo e realiza a expiação (cf. Is 52,13-53,12); por outro lado, evoca a imagem do cordeiro pascal, símbolo da ação de Deus em favor de Israel (cf. Ex 12,1-28). Qualquer uma destas imagens sugere que a pessoa de Jesus está ligada ao bem da humanidade.

Em conformidade com o testemunho de João Batista, Jesus manifesta as características do Servo do Senhor, que “tomou sobre si as nossas enfermidades, carregou os nossos sofrimentos” (Is 53, 4), a ponto de morrer na cruz. Ele é o verdadeiro Cordeiro pascal, que mergulha no rio dos nossos pecados para nos purificar. De igual modo o “Servo do Senhor”, como nos diz a primeira leitura, é comparado a um cordeiro.

O cordeiro é um animal que certamente não se caracteriza pela força, não é agressivo, mas dócil e pacífico; não mostra as garras nem os dentes diante de qualquer ataque. Sete séculos antes de Cristo, o profeta Isaías predisse que o Messias seria levado à morte, “sem abrir a boca, como um cordeiro conduzido ao matadouro” (cf. Is 53,7). São Paulo disse: “Cristo, nossa Páscoa, foi imolado” (1Cor 5,7). Assim, Jesus é semelhante a um cordeiro. Porém, Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo; e é o Filho de Deus que possui a plenitude do Espírito Santo.

A imagem de Jesus, com seu sacrifício na cruz, se torna o verdadeiro Cordeiro pascal que destrói para sempre o pecado do mundo.  Cordeiro sem mancha, aceitou livremente os sofrimentos físicos e morais impostos pela injustiça dos pecadores e, neste contexto, assumiu Ele todos os pecados dos homens, toda ofensa a Deus.  Neste sentido, São Paulo sublinha que Jesus carregou, Ele mesmo, em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados (cf. 1Pd 2,24).

No momento em que Cristo era imolado na cruz, também no templo eram imolados os cordeiros pascais. Jesus é também este Cordeiro imolado, como nos narra o Livro do Apocalipse: “Digno é o Cordeiro imolado de receber o poder, a riqueza, a sabedoria, a força, a glória, a honra e o louvor” (Ap 5,12). E, na sua entrega ao Pai, Jesus assume a condição de Cordeiro Salvador do mundo, se entregando voluntariamente pelos nossos pecados (cf. Gl 1,4).

Os hebreus tinham o costume de matar um cordeiro em sacrifício a Deus, para remissão dos pecados. O sacrifício de animais era frequente entre vários grupos étnicos, em várias partes do mundo. Na Bíblia é referido, por exemplo, o caso de Abraão que, para provar a sua fé em Deus teria de sacrificar o seu único filho, imolado e queimado numa fogueira de lenha, como era costume para os sacrifícios de animais. O  relato bíblico refere, contudo, que Deus não permitiu tal execução (cf. Gn 22,1-18).

A morte de Jesus Cristo, considerado pelos cristãos como filho unigênito de Deus, tornaria estes sacrifícios desnecessários, já que sendo considerado perfeito, não tendo pecado e tendo nascido de uma Virgem por graça do Espírito Santo, semelhante a Adão antes do pecado original, seria o sacrifício supremo, interpretado como o maior ato do amor de Deus para com a humanidade.

Contudo, Jesus é o cordeiro em um sentido novo. Ele é o Cordeiro de Deus. Como também descreve o Evangelista São João: “Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1Jo 2,2).  Jesus apareceu para tirar o pecado e nele não há pecado (cf. 1Jo 3,5).   Na Instituição da Eucaristia declara-se explicitamente que “o sangue é derramado para a remissão dos pecados” (Mt 26,28).

Entretanto, chama a nossa atenção que o texto evangélico, neste versículo, diz João Batista: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (v. 29).  O termo “pecado”,  aparece no singular, indicando que a missão de Jesus consiste em expiar, no sentido único, “o pecado do mundo”, que oprime a humanidade inteira e a torna escrava do pecado.  Com Jesus o pecado vai ser eliminado, vai ser tirado da humanidade.

A situação de pecado vivida pela humanidade, o pecado do mundo, já existia antes da chegada de Jesus Cristo. Jesus terá como missão designada por Deus: eliminar o pecado da humanidade. A expressão “pecado” está no singular, por ser o único, determinado pelo artigo “o”.  E o Batismo será o meio de tirar o pecado do mundo. O batismo, portanto, tem como finalidade de tirar o pecado, uma ação sobre o indivíduo que o recebe. O que Jesus realizará não é combater o mundo e o pecado, mas sim dar a possibilidade de cada indivíduo de sair do domínio escravizador do pecado.

João Batista, ao chamar Jesus de “cordeiro”, também o identifica com os cordeiros imolados no Egito, durante a noite da libertação dos israelitas que estavam como escravos do faraó.  Todas as famílias imolaram um cordeiro e com o sangue desses cordeiros ungiram os umbrais das suas casas, de modo a preservá-los da fúria do anjo exterminador. Com isto, todos foram salvos do extermínio. João quer confirmar que Jesus veio ao mundo para dar a sua vida por nós.  O seu sangue liberta os homens do pecado e das forças do mal, que os conduzem à morte.

E, de fato, na hora em que Jesus morria na cruz, era imolado no Templo o cordeiro pascal para os judeus comemorarem a Páscoa. São Pedro também disse que não fomos resgatados pelo preço de ouro ou de prata, mas “pelo sangue precioso de Cristo, o Cordeiro sem mancha” (cf. 1Pd 1,18-19).

A função de “tirar o pecado do mundo” indica que a missão de Jesus consiste em libertar cada ser humano do pecado, para introduzi-lo na terra da fraternidade. Tirar o pecado do mundo é precisamente o legado que Jesus, com o dom do Espírito, deixa aos seus apóstolos quando de sua ressurreição (cf. Jo 20,19-23). Acreditar que Jesus é o Cordeiro de Deus implica mudanças radicais em nossa vida.

João Batista apresentou Jesus aos seus discípulos com absoluta certeza de que Ele era o prometido, o Filho de Deus. Nós, os seguidores de Jesus, assumimos a sua missão de ser como Ele: Luz das nações para que a salvação chegue até os confins da terra. Seremos luz em Cristo e nele levaremos a luz por toda a terra. Crer em Jesus é continuar no mundo a sua missão. A missão do Cordeiro continua no mundo através de seus discípulos, entre os quais sobressaem os santos e todos os batizados. Possa nos ajudar a Virgem Maria, a quem sempre pedimos que interceda por cada um de nós, para que possamos ser, em todos os momentos, uma oferenda perfeita.   Assim seja.

PARA REFLETIR

Na segunda-feira passada, entramos no Tempo Comum. Hoje, com este Domingo, estamos iniciando a segunda semana desse Tempo verde; verde de quem caminha no pequeno dia-a-dia cheio de esperança, porque sabe que o Filho de Deus veio habitar entre nós, entrou nos nossos tempos para santificar os pequenos e aparentemente insignificantes momentos de nossa vida: “O Verbo se fez carne e armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14). Para nós, nunca mais o tempo, a vida e a história humana serão a mesma coisa! Agora, tudo tem o gosto da presença de Deus, nossos tempos têm sabor de eternidade, gostinho da vida de Deus, do companheirismo misericordioso de Deus. Então, que este Tempo Comum seja, para todos quantos, tempo de graça, tempo de vigilância amorosa, tempo de esperança invencível!

Neste segundo Domingo Comum, a Palavra de Deus ainda nos liga ao Batismo do Senhor, celebrado no Domingo passado. Recordemo-nos do que vimos na Festa que encerrou o santo Tempo do Natal: Jesus foi batizado por João Batista e ungido pelo Pai com o Espírito Santo como Messias de Israel: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus o meu bem-querer!” (Mt 3,17). Recordemos que o Pai lhe revelou o caminho pelo qual ele deveria passar para cumprir sua missão: o caminho do Servo Sofredor de Isaías, pobre e humilde: “Ele não clama nem levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas”. Servo manso e misericordioso: “Não quebra a cana rachada nem apaga o pavio que ainda fumega”. Servo perseverante no serviço de Deus: “Não esmorecerá nem se deixará abater”. Servo que será redenção para o povo de Israel e para todas as nações, dando-lhes a luz, o perdão e a paz: “Eu o Senhor, te chamei para a justiça e te tomei pela mão; eu te formei e te constitui como aliança do povo, luz das nacões, para abrires os olhos aos cegos, tirar os cativos das prisões, livrar do cárcere os que viviam nas trevas!” (Is 42,2-4.6-7)

Pois bem, o Evangelho de hoje aprofunda ainda mais este quadro impressionante, que nos revela a missão de Cristo Jesus: “João viu Jesus aproximar-se dele e disse: ‘Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” Em aramaico, língua que João e Jesus falavam, “cordeiro” diz-se talya, que significa, ao mesmo tempo “servo” e “cordeiro”. Então, “eis o Cordeiro-Servo de Deus, que tira o pecado do mundo!” Mas, que Cordeiro? Aquele, expiatório, que segundo Levítico 14, era mandado para o deserto, colocado fora da cidade, carregando os pecados de Israel… Como Jesus que “para santificar o povo por seu próprio sangue, sofreu do lado de fora da porta” (Hb 13,12) de Jerusalém, como um rejeitado, um condenado renegado. Repitamos a pergunta: Que Cordeiro? Aquele cordeiro pascal de Ex 12, cujos ossos não poderiam ser quebrados (cf. Jo 19,36); cordeiro comido como aliança de Deus com Israel! Que cordeiro? – insistamos na pergunta! Aquele, cujo sangue, aspergido sobre o povo, selará a nova e eterna aliança entre Deus e o povo santo (cf. Ex 24,8; Mt 26,27). Jesus é esse Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, tomando-o sobre si! E que Servo? O Servo sofredor anunciado pelo Profeta Isaías. Já ouvimos falar dele no Domingo passado; fala-nos dele novamente a Liturgia deste Domingo hodierno: Servo predestinado desde o nascimento: o Senhor “me preparou desde o nascimento para ser seu Servo”; Servo destinado a recuperar e salvar Israel: “que eu recupere Jacó para ele e faça Israel unir-se a ele; aos olhos do Senhor esta é a minha glória”; Servo destinado não só a Israel, mas a todas as nações: “Não basta seres meu Servo para restaurar as tribos de Jacó e reconduzir os remanescentes de Israel: eu te farei luz das nações, para que minha salvação chegue aos confins da terra”. Eis, portanto, quem é o nosso Jesus: o Cordeiro, o Servo! Nele, feito homem, nele, sofrido como nós, nele, morto e ressuscitado, no seu corpo macerado e transfigurado em glória, Deus reuniu e formou um novo povo, o verdadeiro Israel, a Igreja – esta que aqui está reunida em torno do altar e esta mesma, reunida em toda a terra e, como diz São Paulo hoje,“em qualquer lugar” onde o nome do Senhor Jesus é invocado! Eis: este povo que Cristo veio reunir, esta Igreja que o Senhor veio formar somos nós, já santificados no Batismo e chamados a ser santos por nosso procedimento, por nosso seguimento ao Senhor!

João reconheceu em Jesus este Messias, tão humilde e tão grande: ele é o próprio Deus: “passou à minha frente porque existia antes de mim!” E como Deus feito homem, ele é o único e absoluto Salvador de todos – e não há salvação sem ele ou fora dele! João reconhece nele o ungido, aquele sobre quem o Espírito“desceu e permaneceu”. O próprio Jesus dará testemunho desta realidade: “O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque ele me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar a remissão aos presos e aos cegos a recuperação da vista, para restituir a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19). João reconhece nele ainda aquele que, cheio do Espírito Santo, batizará no Espírito Santo:“Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, este é o que batiza com o Espírito Santo”. Batizando-nos no Espírito, este Santíssimo Jesus-Messias dá-nos o perdão dos pecados, a sua própria vida divina e a graça de, um dia, ressuscitar dos mortos!

Enfim, João dá testemunho de que esse Jesus bendito é mais que um Servo, mais que um Cordeiro, mais que um Profeta: ele é o Filho de Deus: “Eu vi e dou testemunho: Este é o Filho de Deus!”

Que mais dizer, ante um Messias tão humilde e tão grande? “Senhor Jesus Cristo, Santo Messias, Servo e Cordeiro de Deus, cremos em ti, a ti seguimos, em ti colocamos nossa vida e nossa morte! Sustenta-nos, pois em ti esperamos: tu és o sentido de nossa existência, a razão de nossa vida e o rumo da nossa estrada! Queremos seguir-te, a ti, tão pequeno e tão grande; queremos morrer contigo e contigo ressuscitar-nos para a vida eterna; queremos ser testemunhas do Reino do Pai que plantaste com tua bendita vinda. Senhor Jesus, a ti amamos, em ti esperamos, em ti vivemos! Sê bendito para sempre. Amém”. 

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