sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Em oração na Geórgia, Papa reza por vítimas de conflitos


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
 À GEÓRGIA E AO AZERBAIJÃO
(30 DE SETEMBRO - 2 DE OUTUBRO DE 2016)

ENCONTRO COM A COMUNIDADE ASSIRO-CALDEIA

ORAÇÃO DO SANTO PADRE PELA PAZ
Igreja Católica Caldeia de São Simão Bar Sabba'e - Tbilissi
Sexta-feira, 30 de setembro de 2016


Senhor Jesus,
adoramos a vossa cruz,
que nos liberta do pecado, origem de toda a divisão e de todo o mal;
anunciamos a vossa ressurreição,
que resgata o homem da escravidão do fracasso e da morte;
esperamos a vossa vinda na glória,
que leva a cumprimento o vosso reino de justiça, alegria e paz.

Senhor Jesus,
por vossa paixão gloriosa,
vencei a dureza dos corações, prisioneiros do ódio e do egoísmo;
pela força da vossa ressurreição,
arrancai da sua condição as vítimas da injustiça e da opressão;
pela fidelidade da vossa vinda
confundi a cultura da morte e fazei resplandecer o triunfo da vida.

Senhor Jesus,
uni à vossa cruz os sofrimentos de tantas vítimas inocentes:
as crianças, os idosos, os cristãos perseguidos;
envolvei com a luz da Páscoa quem está ferido no seu íntimo:
as pessoas abusadas, privadas da liberdade e da dignidade;
fazei experimentar a estabilidade do vosso reino a quem vive na incerteza:
os exilados, os refugiados, quem perdeu o gosto pela vida.

Papa fala de fraternidade em encontro com Patriarca da Geórgia


DISCURSO
Viagem do Papa Francisco a Geórgia e Azerbaijão
Encontro com Sua Santidade e Beatitude Elias II, Catholicos 
e Patriarca de toda a Geórgia
Palácio do Patriarcado
Sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Constitui para mim uma grande alegria e uma graça particular encontrar Vossa Santidade e Beatitude e os veneráveis Metropolitas, Arcebispos e Bispos, membros do Santo Sínodo. Saúdo ao senhor Primeiro-Ministro e a vós, ilustres Representantes do mundo académico e da cultura.

Vossa Santidade inaugurou uma página nova nas relações entre a Igreja Ortodoxa da Geórgia e a Igreja Católica, ao realizar a primeira visita histórica ao Vaticano dum Patriarca georgiano. Naquela ocasião, trocou com o Bispo de Roma o ósculo da paz e a promessa de rezarmos um pelo outro. Assim foi possível revigorar os laços de grande significado que existem entre nós desde os primeiros séculos do cristianismo. Tais laços incrementaram-se mantendo-se respeitosos e cordiais, como atestam a receção calorosa aqui reservada aos meus enviados e representantes, as atividades de estudo e pesquisa nos Arquivos do Vaticano e nas Universidades Pontifícias feitas por fiéis ortodoxos georgianos, a presença em Roma duma vossa comunidade alojada numa igreja da minha diocese, e a colaboração, sobretudo de caráter cultural, com a comunidade católica local. Cheguei como peregrino e amigo a esta terra abençoada, quando, para os católicos, está no seu ponto alto o Ano Jubilar da Misericórdia. Também o santo Papa João Paulo II viera aqui – o primeiro dos Sucessores de Pedro que o fez – num momento muito importante, ou seja, no limiar do Jubileu do ano 2000: viera reforçar os «vínculos profundos e fortes» com a Sé de Roma [Discurso na cerimónia de boas-vindas, Tbilissi, 8 de novembro de 1999: Insegnamenti XXII/2 (1999), 843] e lembrar a grande necessidade que havia, no limiar do terceiro milénio, do «contributo da Geórgia, esta antiga encruzilhada de culturas e tradições, para a edificação (…) duma civilização do amor» [Discurso no Palácio Patriarcal, Tbilissi, 8 de novembro de 1999: Insegnamenti XXII/2 (1999), 848].

Agora, a Providência divina faz-nos encontrar novamente e, face a um mundo sedento de misericórdia, unidade e paz, pede-nos que os vínculos entre nós recebam novo impulso, renovado ardor, de que o ósculo da paz e o nosso abraço fraterno já são um sinal eloquente. Assim a Igreja Ortodoxa da Geórgia, enraizada na pregação apostólica e de modo especial na figura do apóstolo André, e a Igreja de Roma, fundada sobre o martírio do apóstolo Pedro, têm a graça de renovar hoje, em nome de Cristo e da sua glória, a beleza da fraternidade apostólica. De facto, Pedro e André eram irmãos: Jesus convidou-os a deixar as redes e tornar-se, juntos, pescadores de homens (cf. Mc 1, 16-17). Caríssimo Irmão, deixemo-nos de novo olhar pelo Senhor Jesus, deixemo-nos ainda atrair pelo seu convite a pôr de lado tudo o que nos impede de ser, juntos, anunciadores da sua presença. 

Papa: "Que as diferenças sejam fonte de enriquecimento recíproco".


DISCURSO
Viagem do Papa Francisco a Geórgia e Azerbaijão
Encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático 
Pátio do Palácio Presidencial
Sexta-feira, 30 de setembro de 2016


Senhor Presidente,
Distintas Autoridades,
Ilustres membros do Corpo Diplomático,
Senhoras e Senhores!

Agradeço a Deus Todo-Poderoso por me ter dado a oportunidade de visitar esta terra abençoada, local de encontro e intercâmbio vital entre culturas e civilizações, que achou no cristianismo, desde a pregação de Santa Nino no início do século IV, a sua identidade mais profunda e o fundamento seguro dos seus valores. Como afirmou São João Paulo II ao visitar a vossa pátria, «o cristianismo tornou-se a semente do sucessivo florescimento da cultura georgiana» [Discurso na cerimônia de boas-vindas, 8 de novembro de 1999, 2: Insegnamenti XXII/2 (1999), 841], e esta semente continua a dar os seus frutos. Recordando com gratidão o nosso encontro do ano passado no Vaticano e as boas relações que a Geórgia sempre manteve com a Santa Sé, agradeço-lhe sentidamente, Senhor Presidente, o seu aprazível convite e as palavras cordiais de boas-vindas que me dirigiu em nome das autoridades do Estado e de todo o povo georgiano.

A história plurissecular da vossa pátria manifesta o enraizamento nos valores expressos pela sua cultura, língua e tradições, inserindo o país a pleno título e de modo fecundo e peculiar no álveo da civilização europeia; ao mesmo tempo, como evidencia a sua posição geográfica, é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia, um gonzo que facilita as comunicações e as relações entre os povos, tendo possibilitado ao longo dos séculos tanto o comércio como o diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos. Como se diz com pundonor no vosso hino nacional, «o meu ícone é a minha pátria, (…) montanhas e vales esplendorosos são partilhados com Deus». A pátria é como um ícone que define a identidade, delineia as características e a história, enquanto as montanhas, erguendo-se livres para o céu, longe de ser uma muralha insuperável, enchem de esplendor os vales, distinguem-nos e relacionam-nos, tornando cada um deles diferente dos outros e todos solidários com o céu comum que os cobre e protege. 

Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo


Cumpro o meu dever, obedecendo aos preceitos de Cristo, que diz: Examinai as Escrituras, e: Procurai e encontrareis, para que não tenha de ouvir o que foi dito aos judeus: Estais enganados, porque não conheceis as Escrituras nem o poder de Deus. Se, de facto, como diz o apóstolo Paulo, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus, aquele que não conhece as Escrituras não conhece o poder de Deus nem a sua sabedoria. Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo.
 
Por isso quero imitar o pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e antigas, e também a esposa que diz no Cântico dos Cânticos: Guardei para ti, meu amado, frutos novos e antigos. Assim comentarei o livro de Isaías, apresentando-o não apenas como profeta, mas também como evangelista e apóstolo. Ele próprio diz, referindo-se a si e aos outros evangelistas: Como são belos, sobre os montes, os pés dos que anunciam boas novas, dos que anunciam a paz. E Deus fala-lhe como a um apóstolo: A quem hei-de enviar? Quem irá ter com este povo? E ele respondeu: Eis-me aqui, enviai-me.
 
Ninguém julgue que eu desejo explicar de modo completo, em tão poucas palavras, o conteúdo deste livro da Escritura, que abrange todos os mistérios do Senhor. Efectivamente, no livro de Isaías o Senhor é preanunciado como o Emanuel que nasceu da Virgem, como autor de prodígios e milagres, como morto, sepultado e ressuscitado de entre os mortos e como Salvador de todos os povos. Que dizer da sua doutrina sobre física, ética e lógica? Este livro é como um compêndio de todas as Escrituras e contém em si tudo o que a língua humana pode exprimir e a inteligência dos mortais pode compreender. Da profundidade dos seus mistérios dá testemunho o próprio autor quando escreve: Para vós toda a visão será como as palavras de um livro selado. Se se dá a quem sabe ler, dizendo: «Lê-o por favor», ele responde: «Não posso, porque está selado». E se se dá a quem não sabe ler, dizendo: «Lê-o por favor», ele responde: «Não sei ler».
 
E se parece débil a alguém esta reflexão, oiça o que diz o Apóstolo: As aspirações dos profetas sejam submetidas aos profetas, de modo que tenham possibilidade de falar ou de se calar. Portanto, os Profetas compreendiam o que diziam e por isso todas as suas palavras estão cheias de sabedoria e de sentido. Aos seus ouvidos não chegavam apenas as vibrações da voz; Deus falava ao seu espírito, como diz outro profeta: O Anjo falava em mim; e também: Clama nos nossos corações: Aba, Pai; e ainda: Escutarei o que diz o Senhor.



Do Prólogo ao Comentário de São Jerônimo, presbítero, sobre o Livro do Profeta Isaías
(Nn. 1.2: CCL 73, 1-3) (Sec. V)

Salvação eterna de pessoas não-católicas


- "As pessoas que não são católicas vão para o inferno?" 
(Da Silva - Sorocaba-SP).

É tradicional dizer-se: “Fora da Igreja, não há salvação”. O axioma, à primeira vista, causa espanto a muitos, parecendo-lhes expressão de mentalidade estreita, pouco condizente com a Misericórdia de Deus. Devidamente entendida, porém, tal máxima desvenda um pouco da infinita Bondade do Criador.

Em análise sumária, a proposição acima quer dizer que não há salvação se não por meio do Cristo e da obra redentora de Cristo. Ora, Cristo vive através dos séculos e se prolonga na Igreja, de onde se segue que toda salvação se obtém por contato com a Igreja de Cristo. Esta dedução é assaz lógica: se o Filho de Deus se dignou tornar-se o Salvador dos homens, compreende-se que não haja graça que não seja graça de Cristo, outorgada através do “Corpo de Cristo que é a Igreja” (cf. Colossenses 1,29).

Dito isto, note-se que o indispensável contato com a Igreja de Cristo, longe de se estabelecer por uma só via, pode ser alcançado de diversas maneiras:

1) O modo mais óbvio é o da incorporação à Igreja mediante a recepção do batismo de água e dos demais sacramentos. A Igreja é, sim, uma sociedade visível (porque Cristo quis aparecer entre nós de forma sensível ou num corpo); é, pois, normal que os que a ela pertencem, manifestem por algum sinal exterior a sua pertinência à Igreja.

À categoria dos homens batizados se pode agregar a daqueles que, tendo tido conhecimento de Cristo e da sua Igreja, se preparam para receber o primeiro sacramento; estes (catecúmenos), embora ainda não tenham o batismo de água, já possuem o desejo do mesmo (ou o batismo de desejo), desejo explícito, professado, em virtude do qual se salvam.

Contudo, fora dos que assim demonstram de algum modo pertencer à Igreja, contam-se outros muitos indivíduos, destituídos de qualquer vínculo externo com a Esposa de Cristo. Não obstante, pertencem-lhe sem que o saibam e sem que, por sua vez, Ela o saiba.

São Jerônimo


Neste último dia do mês da Bíblia, celebramos a memória do grande “tradutor e exegeta das Sagradas Escrituras”: São Jerônimo, presbítero e doutor da Igreja. Ele nasceu na Dalmácia em 340, e ficou conhecido como escritor, filósofo, teólogo, retórico, gramático, dialético, historiador, exegeta e doutor da Igreja. É de São Jerônimo a célebre frase: “Ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”.

Com posse da herança dos pais, foi realizar sua vocação de ardoroso estudioso em Roma. Estando na “Cidade Eterna”, Jerônimo aproveitou para visitar as Catacumbas, onde contemplava as capelas e se esforçava para decifrar os escritos nos túmulos dos mártires. Nessa cidade, ele teve um sonho que foi determinante para sua conversão: neste sonho, ele se apresentava como cristão e era repreendido pelo próprio Cristo por estar faltando com a verdade (pois ainda não havia abraçado as Sagradas Escrituras, mas somente escritos pagãos). No fim da permanência em Roma, ele foi batizado.

Após isso, iniciou os estudos teológicos e decidiu lançar-se numa peregrinação à Terra Santa, mas uma prolongada doença obrigou-o a permanecer em Antioquia. Enfastiado do mundo e desejoso de quietude e penitência, retirou-se para o deserto de Cálcida, com o propósito de seguir na vida eremítica. Ordenado sacerdote em 379, retirou-se para estudar, a fim de responder com a ajuda da literatura às necessidades da época. Tendo estudado as línguas originais para melhor compreender as Escrituras, Jerônimo pôde, a pedido do Papa Dâmaso, traduzir com precisão a Bíblia para o latim (língua oficial da Igreja na época). Esta tradução recebeu o nome de Vulgata. Assim, com alegria, dedicação sem igual e prazer se empenhou para enriquecer a Igreja universal.

Saiu de Roma e foi viver definitivamente em Belém no ano de 386, onde permaneceu como monge penitente e estudioso, continuando as traduções bíblicas, até falecer em 420, aos 30 de setembro com, praticamente, 80 anos de idade. A Igreja declarou-o padroeiro de todos os que se dedicam ao estudo da Bíblia e fixou o “Dia da Bíblia” no mês do seu aniversário de morte, ou ainda, dia da posse da grande promessa bíblica: a Vida Eterna.

“Todos acorriam a ele, e cada qual procurava ganhar-lhe a vontade: uns louvavam sua santidade, outros a doutrina, outros sua doçura e trato suave e benigno, e finalmente todos tinham postos os olhos nele como em um espelho de toda virtude, de penitência, e oráculo de sabedoria”. - Pe. Ribadaneira.

São Jerônimo, rogai por nós!



Ó Deus, criador do universo, que vos revelastes aos homens, através dos séculos, pela Sagrada Escritura, e levastes o vosso servo São Jerônimo a dedicar a sua vida ao estudo e à meditação da Bíblia, dai-me a graça de compreender com clareza a vossa palavra quando leio a Bíblia. Por Cristo nosso Senhor. Amém. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O inferno de Alepo e as orações das crianças


Com seus 45 anos, o maronita Joseph Tobji continua na lista dos 30 bispos mais jovens do mundo. Foi chamado a conduzir a arquidiocese maronita de Alepo, a cidade mártir da qual quase todos os dias, há quase cinco anos, chegam imagens de corpos despedaçados e de edifícios destruídos.

De crianças que brincam entre escombros, crianças que morrem sob as bombas e granadas, e outras crianças que rezam para que a “guerra suja” termine.

“Confiamos que suas orações são mais poderosas que as nossas”, disse outro bispo de Alepo, o armênio-católico Boutros Marayati, referindo-se às crianças de Alepo, cristãos e muçulmanos, que no próximo dia 6 de outubro se reunirão para pedir em oração a libertação de sua cidade da espiral de morte que a envolve.

Arcebispo Joseph, em sua cidade se vive novamente o inferno.

No passado recente, milhares de milicianos jihadistas tinham se concentrado em Alepo, tinham conquistado três quartéis na entrada da cidade e assediaram a parte ocidental. Depois, a situação mudou, as forças governamentais retomaram os quartéis e começaram o assédio da parte oriental. Foi quando, então, surgiu a iniciativa da trégua, que já fracassou.


Agora, as imagens mais atrozes chegam dali…

Na parte oriental, há pelo menos 300.000 pessoas. E claro, nem todos apoiam os grupos armados. Há muita gente que não tem nenhuma culpa. Na quarta-feira passada, o governo e o exército, mediante a televisão e as redes sociais, difundiram um chamado para aqueles que vivem nos bairros, no qual se anunciava a abertura de espaços para deixar que as pessoas se dirigissem a regiões apontadas como seguras. Muitas famílias de civis saíram, mas não houve uma evacuação massiva. O ultimato para os que desejam sair termina nos próximos dias. E existe o perigo de um novo recrudescimento. 

Síria: "Nós nunca estamos seguros"


Como está a situação na Síria hoje?

Agora todo mundo está ansioso porque a situação promete, mas por outro lado estamos enfrentando uma crise humanitária de enorme escala. É por isso que as pessoas dizem: “Ok, nós temos paz, mais uma vez nós experimentamos um pouquinho de paz”, mas essa obviamente não é uma paz total. Damasco, por exemplo, durante o tempo em que estive lá, permaneceu quieta por dois dias, mas no domingo houve oito explosões nos arredores da cidade. O grupo Estado Islâmico (EI), a Al-Nusra e outros grupos da Al-Qaeda querem desestabilizar a situação e mostrar que não haverá paz sem o envolvimento deles. A Síria mudou completamente em apenas 5 anos. De um país rico, que usufruía de paz e em que os negócios iam bem, para um país completamente destruído.

Como a guerra mudou a vida dos sírios?

A população da Síria atualmente pulou de 24,5 milhões para 17 milhões. Aproximadamente 6 milhões de pessoas estão fora do país. Mais de 4,8 milhões de refugiados sírios estão nos países vizinhos, e 13,5 milhões necessitam de ajuda humanitária dentro da Síria. Algumas áreas são extremamente difíceis de se chegar. A comida muito cara. Por exemplo, numa área sob o controle do governo, o preço do arroz subiu aproximadamente 250% desde 2010, mas em áreas controladas pelos rebeldes esse preço subiu 28 vezes mais! Se a comida básica é tão cara, imaginem a vida miserável que eles levam!? Mais de 57% das pessoas não conseguem nenhum trabalho. Elas vivem de esmola ou de ajuda humanitária. 4,6 milhões de pessoas estão em áreas de difícil alcance. Todos têm medo da possível divisão do país e do prolongamento dos conflitos, devido a novos fatores como as ações do exército turco em território sírio contra os chamados rebeldes e contra os curdos. A situação é extremamente complexa, mas certamente pela primeira vez em muitos meses há uma pequena chama de esperança.


Quais experiências mais entristeceram o senhor durante sua viagem à Síria?

Primeiro, as ruínas que se vê ao redor de Damasco. Sempre foi uma cidade amável e as pessoas ali ainda se recusam a cair no desespero. Apesar da situação difícil, eles tentam levar uma “vida normal”. Mas a paisagem ao redor da cidade é terrível. Quando nós fomos a Homs, usamos vias alternativas porque as rodovias estavam bloqueadas pelos atiradores de tocaia. As ruas estão sujas, as pessoas usam trapos para se vestirem, os preços altíssimos, e um clima de extrema desconfiança. O número frequente dos pontos de revista é definitivamente um impacto na mentalidade das pessoas: “Nós estamos sempre em perigo porque há muitos soldados fazendo revista em cada carro e em cada pessoa”. Em razão da constante tensão causada pelos bombardeios, todos estão extremamente cansados, especialmente a polícia.

Em Homs, nós ficamos num lugar onde poucos dias antes houve um ataque da Al-Nusra. Eles dirigiram um carro até o centro da cidade e num ponto de revista eles acionaram a bomba, matando a eles mesmos e a seis soldados. Esses atos do terrorismo traumatizam profundamente as pessoas. “Nós nunca estamos seguros”, eles dizem. Isso tudo os deixa de fato saturados. As famílias estão numa situação dramática já que não podem se sustentar. Eles não têm trabalho ou são muito mal pagos. E os deslocados, que tiveram de sair de suas casas – 6,5 milhões para ser mais preciso – necessitam alugar quartos cujo os preços são exorbitantes. Sem renda alguma, isso se torna um grande desafio para eles. Por último mas não menos importante, a questão dos jovens que têm medo de serem recrutados pelo exército ou pelos rebeldes para lutar. Eles são os mais vulneráveis, por isso fogem. É por isso também que entre os refugiados na Europa há tantos jovens. 

Fé e fidelidade


Fé em Deus, mas fé também nas pessoas. Em tempo de eleições municipais, só podemos acreditar num candidato se ele apresenta fidelidade nas atitudes normais na sua vida. Fidelidade no que diz, no que pensa e no que faz. Diz a Sagrada Escritura assim: “quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes, e quem é injusto nas pequenas também é injusto nas grandes” (Lc 16,10).

A fé é adesão firme em Deus, porque Ele é fiel. Acreditar no outro supõe que ele também seja fiel. Nisso está a identidade do voto, da confiança depositada no candidato que a gente escolhe. Ele não pode ser incoerente e irresponsável na administração que ora está assumindo. A prática que temos visto, nos últimos tempos, não tem sido essa da parte de muitas das nossas lideranças políticas.

Não podemos permitir que o direito e as pessoas justas sejam pisados pelas lideranças inescrupulosas. Na seara dos políticos encontramos candidatos honestos e preocupados com o bem popular e vão trabalhar para isso. Mas também sabemos dos carreiristas e despreparados para uma função pública de responsabilidade. Não é fácil fazer um verdadeiro discernimento na hora da escolha!

Os brasileiros não estão muito confiantes na ação política. Os vexamos que aparecem levam a um total descrédito, a ponto de dizer que um novo Brasil é impossível de acontecer. Na verdade, falta fé, porque falta fidelidade da parte daqueles que deveriam ser modelos de coerência. Muitos eleitores preferiam não votar em ninguém, porque são muitas as decepções no mundo político. 

Polêmica nas redes por “Cegonhas”: Um filme para crianças que filtra ideologia de gênero?


Milhares de pessoas compartilharam no Whatsapp e diferentes redes sociais uma advertência sobre o filme “Cegonhas, a história que não te contaram” (Storks), uma animação sucesso de bilheteria em sua estreia e que inclui postulados da polêmica ideologia de gênero.

O filme de Warner Bros. Pictures narra as aventuras de uma cegonha e uma jovem humana que devem entregar um bebê “produzido” por engano. A polêmica se deve ao fato de que quase no final do filme, aparece em uma rápida sequência de casais do mesmo sexo recebendo bebês, causando confusão entre algumas crianças espectadoras.

Esta sequência, que passou inadvertida nos trailers promocionais do filme, causou mal-estar e desatou a difusão de mensagens contra o filme.

Ao ser questionado acerca da sua decisão de incluir estas imagens, Nicholas Stoller, diretor de Cegonhas, admitiu que sua intenção foi “mostrar uma reflexão do que são as famílias hoje em dia” e “tentamos mostrar todas elas, sem importar a cor de pele e, muito menos, a orientação sexual”. 

A palavra «Anjo» designa a sua função, não a sua natureza



Deveis saber que a palavra «Anjo» designa uma função, não uma natureza. Na verdade, aqueles santos espíritos da pátria celeste são sempre espíritos, mas nem sempre se podem chamar Anjos. Só são Anjos quando exercem a função de mensageiros. Os que transmitem mensagens de menor importância chamam-se Anjos; os que transmitem mensagens de maior transcendência chamam-se Arcanjos.

Esta é a razão pela qual à Virgem Maria não foi enviado um Anjo qualquer mas o Arcanjo Gabriel; de facto, era justo que para esta missão fosse enviado um Anjo superior, porque vinha anunciar a maior de todas as mensagens.
 
É pela mesma razão que se lhes atribuem nomes particulares, que designam a missão respectiva que desempenham. Na santa cidade do Céu, onde a visão de Deus omnipotente dá um perfeito conhecimento de tudo, não precisam de nomes próprios para se distinguirem uns dos outros; mas quando vêm realizar alguma missão junto dos homens, são conhecidos pelo nome da função que exercem.
 
Assim, Miguel significa «Quem como Deus?»; Gabriel, «Fortaleza de Deus»; e Rafael, «Medicina de Deus».
 
Quando se trata de realizar algum mistério que exige um poder especial, verifica-se que é Miguel o enviado, para dar a entender, pela sua acção e pelo seu nome, que ninguém pode actuar como Deus. Por isso aquele antigo inimigo, que pela sua soberba pretendeu ser semelhante a Deus, dizendo: Subirei até ao céu, levantarei o meu trono acima dos astros do céu e serei semelhante ao Altíssimo, será abandonado a si mesmo no fim do mundo e condenado ao extremo suplício. É este que São João no Apocalipse nos apresenta a combater contra o Arcanjo Miguel: Travou-se um combate no Céu contra o Arcanjo Miguel.
 
A Maria foi enviado Gabriel, que significa «Fortaleza de Deus», porque veio anunciar Aquele que, apesar da sua aparência humilde, havia de triunfar sobre os poderes superiores. Convinha, de facto, ser anunciado pela «Fortaleza de Deus» Aquele que vinha ao mundo como Senhor dos Exércitos e poderoso nas batalhas.
 
Rafael, como dissemos, quer dizer «Medicina de Deus», como se compreende na missão que teve junto de Tobias: tocou-lhe os olhos como um médico e dissipou as trevas da sua cegueira. Por isso, aquele que foi enviado para curar é chamado «Medicina de Deus».


Das Homilias de São Gregório Magno, papa, sobre os Evangelhos
(Hom. 34, 8-9: PL 76, 1250-1251) (Sec. VI)

Para quem deve governar um prefeito?


É recorrente, em períodos eleitorais, alguns candidatos apresentarem uma dicotomia entre o governante ruim que governa para as elites (especialmente no sentido econômico) e o governante bom, a alternativa ao mal, aquele que governaria para os trabalhadores.

Ora, na Câmara dos Vereadores é compreensível que haja vereadores que desejem representar mais especificamente um setor da sociedade. Geralmente, um enfermeiro irá se candidatar para lutar por melhorias em hospitais e postos de saúde; a professora, para batalhar por melhores condições de trabalho e estudo nas escolas etc.

Mas tal discurso não cabe em um candidato à prefeitura.

O prefeito, na qualidade de chefe do poder executivo municipal, deve ser o líder, aquele que governa (embora geralmente tenha sido votado pela maioria e não por unanimidade) em nome de todos os cidadãos do município. Deve ser, no âmbito local, aquele que equilibra os vários componentes da cidade, aquele que, embora represente um partido e sua bandeira, enquanto está à frente de seu gabinete é o prefeito de toda a cidade, devendo governar para todos.

Claro que um prefeito geralmente estará mais ligado a um grupo do que aos outros, mas deve ter sempre ciência (também deve tê-la o eleitor!) de que não é prefeito somente dos coligados ou dos que o elegeram, mas de todo o município, devendo, portanto, governar em proveito do Bem Comum e não ser um catalisador dos conflitos e divergências internas.

Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael


Com alegria, comemoramos a festa de três Arcanjos neste dia: Miguel, Gabriel e Rafael. A Igreja Católica, guiada pelo Espírito Santo, herdou do Antigo Testamento a devoção a estes amigos, protetores e intercessores que do Céu vêm em nosso socorro pois, como São Paulo, vivemos num constante bom combate. A palavra “Arcanjo” significa “Anjo principal”. E a palavra “Anjo”, por sua vez, significa “mensageiro”.

São Miguel


O nome do Arcanjo Miguel possui um revelador significado em hebraico: “Quem como Deus”. Segundo a Bíblia, ele é um dos sete espíritos assistentes ao Trono do Altíssimo, portanto, um dos grandes príncipes do Céu e ministro de Deus. No Antigo Testamento o profeta Daniel chama São Miguel de príncipe protetor dos judeus, enquanto que, no Novo Testamento ele é o protetor dos filhos de Deus e de sua Igreja, já que até a segunda vinda do Senhor estaremos em luta espiritual contra os vencidos, que querem nos fazer perdedores também. “Houve então um combate no Céu: Miguel e seus anjos combateram contra o dragão. Também o dragão combateu, junto com seus anjos, mas não conseguiu vencer e não se encontrou mais lugar para eles no Céu”. (Apocalipse 12,7-8).

São Gabriel


O nome deste Arcanjo, citado duas vezes nas profecias de Daniel, significa “Força de Deus” ou “Deus é a minha proteção”. É muito conhecido devido a sua singular missão de mensageiro, uma vez que foi ele quem anunciou o nascimento de João Batista e, principalmente, anunciou o maior fato histórico: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré… O anjo veio à presença de Maria e disse-lhe: ‘Alegra-te, ó tu que tens o favor de Deus’…” a partir daí, São Lucas narra no primeiro capítulo do seu Evangelho como se deu a Encarnação.

São Rafael


Um dos sete espíritos que assistem ao Trono de Deus. Rafael aparece no Antigo Testamento no livro de Tobit (Tobias). Este arcanjo de nome “Deus curou” ou “Medicina de Deus”, restituiu à vista do piedoso Tobit e nos demonstra que a sua presença, bem como a de Miguel e Gabriel, é discreta, porém, amiga e importante.“Tobias foi à procura de alguém que o pudesse acompanhar e conhecesse bem o caminho. Ao sair, encontrou o anjo Rafael, em pé diante dele, mas não suspeitou que fosse um anjo de Deus” (Tob 5,4).
São Miguel, São Gabriel e São Rafael, rogai por nós!



Ó Deus, que entre todos os anjos escolhestes Arcanjos para anunciar seus mistérios de amor, concedei-nos que ao celebrarmos na terra a sua memória sintamos a sua proteção celestial. Por Cristo Nosso Senhor. Amém. 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

Uma das consequências do chamado “bem-estar” é aquela de conduzir as pessoas a se fecharem em si mesmas, tornando-as insensíveis às exigências dos outros. Faz-se tudo para iludir apresentando modelos de vida efêmeros, que desaparecem depois de alguns anos, como se a nossa vida fosse uma moda a seguir e a mudar a cada estação. Não é assim. A realidade deve ser acolhida e enfrentada pelo que é, e muitas vezes nos faz encontrar situações de necessidade urgente. É por isso que, entre as obras de misericórdia, está o chamado à fome e à sede: dar de comer aos famintos – e há tantos hoje – e de beber aos sedentos. Quantas vezes os meios de comunicação nos informam de populações que sofrem com a falta de comida e de água, com graves consequências especialmente para as crianças.

Diante de certas notícias e especialmente de certas imagens, a opinião pública se sente tocada e parte em campanhas de ajuda para estimular a solidariedade. As doações se fazem generosas e deste modo se pode contribuir para aliviar o sofrimento de tantos. Esta forma de caridade é importante, mas talvez não nos envolva diretamente. Em vez disso, quando andando pelo caminho, encontramos uma pessoa em necessidade, ou um pobre vem bater à porta da nossa casa, é muito diferente, porque não estamos mais diante de uma imagem, mas somos envolvidos em primeira pessoa. Não há mais distância alguma entre mim e ele ou ela, e me sinto questionado. A pobreza em abstrato não nos questiona, mas nos faz pensar, nos faz lamentar; mas quando vemos a pobreza na carne de um homem, de uma mulher, de uma criança, isso nos interpela! E por isso, aquele hábito que nós temos de fugir às necessidades, de não nos aproximarmos deles, trocando um pouco a realidade dos necessitados com os hábitos da moda para nos afastarmos deles. Não há mais distância alguma entre mim e o pobre quando cruzo com ele. Nestes casos, qual é a minha reação? Esquivo o olhar e vou além? Ou paro para falar e me interesso pelo seu estado? E se faz isso não faltará quem diga: “Está louco, porque fala com um pobre!”Vejo se posso acolher de algum modo aquela pessoa ou procuro me livrar disso o quanto antes? Mas talvez essa peça somente o necessário: algo para comer e para beber. Pensemos um momento: quantas vezes recitamos o “Pai nosso”, e muitas vezes não damos verdadeiramente atenção a essas palavras: “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”.

Nunca é tarde: aos 101 anos, brasileira recebe a Primeira Comunhão


Dona Penha, uma senhora de 101 anos, viveu um momento único em sua vida no último dia 27 de setembro, em Santo Antônio de Pádua (RJ). Ela recebeu a Primeira Comunhão em uma missa celebrada na capela do asilo Nossa Senhora do Carmo. Para os que presenciaram o fato, tratou-se de um grande testemunho do amor de Deus.

“Foi um momento muito bonito e nos mostrou que nunca é tarde para receber a Eucaristia, que para quem busca Deus não há tempo ou vergonha que possa impedir”, declarou a auxiliar administrativa da instituição, Josiane Ribeiro, e afirmou que ocasiões como esta ajudam a “reafirmar a fé”.

Josiane contou à ACI Digital que Dona Penha chegou há cerca de um ano ao asilo administrado pelas Irmãs da Associação Nossa Senhora do Rosário de Fátima. No local, há uma capela na qual são celebradas Missas durante a semana.

“A Dona Penha começou a acompanhar as outras senhoras e um dia pediu para se confessar. O Padre Domingos Sávio Silva Ferreira, então, percebeu que ela ainda não tinha recebido a Comunhão e pediu para as irmãs a prepararem para receber o sacramento”, lembrou Josiane.

Jovem cristão é preso no Paquistão por curtir post "blasfemo" no Facebook


Um jovem cristão foi detido recentemente no Paquistão por “curtir” uma publicação supostamente blasfema contra o islã no Facebook.

Segundo informou o jornal britânico ‘The Independent’, o agente policial Akhtar Ansari explicou que o jovem, que é menor de 18 anos, foi detido depois que a publicação “inapropriada” foi reportada por um muçulmano, que a considerou ofensiva.

A publicação, segundo as autoridades, incluía uma fotografia da Caaba, na Meca, uma construção em forma de cubo, considerado o local mais sagrado para os muçulmanos.

Outro policial, Shahbaz Ahmed, disse à agência AFP que o jovem foi acusado de “ferir os sentimentos religiosos dos muçulmanos e dessacralizar o lugar religioso”.

Em julho de 2016, a agência vaticana Fides advertia sobre o progressivo aumento das denúncias por “blasfêmia digital” no Paquistão. As denúncias se realizam com ou sem provas, apoiadas na chamada lei de blasfêmia regida nesse país. 

Papa: "Jubileu é tempo de misericórdia para todos, bons e maus".


CATEQUESE
Praça São Pedro – Vaticano
Quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

As palavras que Jesus pronuncia durante a sua paixão encontram o seu ápice no perdão. Jesus perdoa: “Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem” (Lc 23, 34). Não são apenas palavras, porque se tornam um ato concreto no perdão oferecido ao “bom ladrão”, que estava próximo a Ele. São Lucas fala de dois malfeitores crucificados com Jesus, que se dirigem a Ele com atitudes opostas.

O primeiro o insulta, como o insultava todo o povo, como fazem os chefes do povo, mas este pobre homem, movido pelo desespero, diz: “Não és tu o Cristo? Salva a ti mesmo e a nós!” (Lc 23, 39). Este grito testemunha a angústia do homem diante do mistério da morte e a trágica consciência de que somente Deus pode ser a resposta libertadora: por isso é impensável que o Messias, o enviado de Deus, possa estar na cruz sem nada fazer para salvar-se. E não entendiam isso. Não entendiam o mistério do sacrifício de Jesus. E em vez disso Jesus nos salvou permanecendo na cruz. Todos nós sabemos que não é fácil “permanecer na cruz”, nas nossas pequenas cruzes de cada dia. Ele, nessa grande cruz, nesse grande sofrimento, permaneceu assim e ali nos salvou; ali nos mostrou a sua onipotência e ali nos perdoou. Ali se cumpre a sua doação de amor e surge para sempre a nossa salvação. Morrendo na cruz, inocente entre dois criminosos, Ele atesta que a salvação de Deus pode alcançar qualquer homem em qualquer condição, mesmo na mais negativa e dolorosa. A salvação de Deus é para todos, ninguém excluído. É oferecida a todos. Por isso o Jubileu é tempo de graça e de misericórdia para todos, bons e maus, aqueles que estão com saúde e aqueles que sofrem. Recordem-se daquela parábola que Jesus conta na festa do casamento de um filho de um poderoso da terra: quando os convidados não quiseram ir, diz a seus servos: “Ide às encruzilhadas e convidai para as bodas todos quantos achardes” (Mt 22, 9). Todos somos chamados: bons e maus. A Igreja não é somente para os bons ou para aqueles que parecem bons ou acreditam ser bons; a Igreja é para todos, também preferivelmente para os maus, porque a Igreja é misericórdia. E este tempo de graça e de misericórdia nos faz recordar que nada pode nos separar do amor de Cristo! (cfr Rm 8, 39). A quem está acamado em um leito de hospital, a quem vive fechado em uma prisão, a quantos estão presos pelas guerras, eu digo: olhem para o Crucifixo; Deus está convosco, permanece com vocês na cruz e a todos se oferece como Salvador a todos nós. A vocês que sofrem tanto digo, Jesus foi crucificado por vocês, por nós, por todos. Deixem que a força do Evangelho penetre no vosso coração e vos console, vos dê esperança e a íntima certeza de que ninguém está excluído do seu perdão. Mas vocês podem me perguntar: “Mas, me diga, padre, aquele que fez as coisas mais terríveis na vida, tem possibilidade de ser perdoado?” – “Sim! Sim: ninguém está excluído do perdão de Deus. Somente deve se aproximar arrependido de Jesus e com a vontade de ser por Ele abraçado”. 

México: Corpo de sacerdote sequestrado é encontrado.


A Procuradoria de Justiça de Michoacán (México) informou que o corpo do Pe. José Alfredo López Guillén, sequestrado em 19 de setembro, foi encontrado este domingo (25/09) em um trecho da estrada Puruándiro-Zináparo, nas proximidades de sua paróquia, a Santíssima Trinidade; tornando-se o terceiro sacerdote assassinado no país em uma semana.

O sacerdote foi encontrado no sábado à noite e, segundo a necropsia “a causa da morte foram feridas produzidas por projétil de arma de fogo, com uma rigidez cadavérica de aproximadamente 120 horas”.

De acordo com a Procuradoria, o Pe. López Guillén foi visto pela última vez na noite da segunda-feira, 19. Tinha ido a um estabelecimento para pedir que lhe enviassem alimentos, que foram entregues pessoalmente na paróquia.

Na mesma noite, o sacerdote enviou uma mensagem à empregada que preparava suas refeições, para avisá-la que não era necessário que fosse trabalhar na terça-feira. A família do Pe. López Guillén denunciou o seu desaparecimento na quarta-feira.

A Arquidiocese de Morelia também anunciou que o sacerdote foi encontrado através da sua conta no Twitter. 

Cresçamos na fé e na justiça


Peço-vos a todos que obedeçais à palavra da justiça e em tudo exerciteis a paciência. Esta paciência pudestes vós contemplá-la com os vossos próprios olhos, não só nos bem-aventu- rados Inácio, Zósimo e Rufo, mas também em muitos outros que eram da vossa comunidade, bem como no próprio Paulo e nos outros Apóstolos. Lembrai-vos de que todos estes não correram em vão, mas na fé e na justiça, e se encontram agora no lugar que mereceram, junto do Senhor, com quem também padeceram. Porque eles não amaram este mundo, mas Aquele que por nós morreu e que Deus ressuscitou por causa de nós.
 
Permanecei nestes sentimentos e segui o exemplo do Senhor, firmes e inabaláveis na fé, amando-vos uns aos outros com amor fraterno, conservando-vos unidos na verdade, procedendo reciprocamente com a mansidão do Senhor, sem desprezar ninguém. Quando podeis fazer o bem, não adieis a oportunidade, porque a esmola livra da morte. Sede submissos uns para com os outros, tende no meio dos pagãos um comportamento irrepreensível, de modo a merecerdes ser louvados pelas vossas boas obras e o Senhor não seja blasfemado por vossa culpa. Ai daquele por cuja culpa se blasfema o nome de Deus! Ensinai a todos a viver santamente, como vós mesmos viveis.
 
Estou profundamente contristado por causa de Valente, que foi durante algum tempo presbítero na vossa comunidade e que vive agora esquecido do ministério que se lhe tinha confiado. Por isso vos exorto a que eviteis a avareza e sejais castos e leais. Fugi de todo o mal. Quem não se pode controlar nestas coisas, como irá anunciá-las aos outros? Quem não se abstém da avareza, acaba por ser contagiado pela idolatria e considerado como pagão que ignora o juízo de Deus. Ou não sabemos que os santos julgarão o mundo, como ensina Paulo? 

Por minha parte, nada disto conheci ou ouvi dizer de vós, em cuja comunidade trabalhou o bem-aventurado Paulo, que vos louva no início da sua epístola. Com efeito, Paulo gloria-se de vós perante todas as Igrejas que então conheciam a Deus, quando nós ainda O não conhecíamos.
 
É por isso, irmãos, que estou muito contristado por causa de Valente e de sua esposa. O Senhor lhes conceda o verdadeiro arrependimento. Tratai-os com discrição e não os considereis como inimigos, mas reconduzi-os como membros que sofrem e erram, para que todo o corpo seja salvo. Fazendo assim, edificar-vos-eis a vós mesmos.



Da Carta de São Policarpo, bispo e mártir, aos Filipenses
(Cap. 9, 1 – 11, 4: Funk 1, 275-279) (Sec. II)