domingo, 21 de agosto de 2016

O rosto de Deus


Olhando para a carta que o papa Francisco publicou falando sobre o “Ano da Misericórdia”, ele começa dizendo que Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. Como Ele mesmo diz: “Quem me viu, viu o Pai” (Jo 14,9). Portanto, Jesus de Nazaré revela a misericórdia de Deus, que é Pai, e nos convida a fixar os olhos nessa misericórdia como caminho privilegiado de encontro com o Senhor.

Existem algumas atitudes irresponsáveis, no caminhar da história, que clamam ao céu. Certamente não vão passar de forma despercebida diante do julgamento de Deus. Não podemos brincar com a justiça, com a honestidade e com a verdade. São parâmetros de estabilidade de uma cultura, trazendo consequências positivas ou negativas, dependendo da forma como são tratadas.

Na oração de unidade do Pai Nosso pedimos perdão pelas falhas cometidas, quando dizemos, “perdoai-nos as nossas ofensas” (Lc 11,4). Significa que o mal não pode durar para sempre, porque existe possibilidade de mudança na forma de agir. Mudança que cria proximidade da criatura com o seu Criador, com Deus que é Pai da misericórdia e da acolhida fraterna de quem O procura.

Falando do rosto de Deus, olhamos também para o rosto das pessoas, criadas à imagem e semelhança do Criador. Por isso existe nelas a vida como um mistério, que ultrapassa as realidades simplesmente humanas. O descrente tem dificuldade para entender essa realidade. Mas uma coisa é certa: a dita semelhança exige da pessoa muita determinação e ação concreta na construção do bem.

Além da semelhança com o Criador, com Cristo que é o rosto de Deus, a Palavra divina fala da necessidade de pertença ao Povo da Aliança. No Antigo Testamento isso acontecia através do rito da circuncisão. No Novo Testamento, é substituído pelo batismo e o testemunho de fé como compromisso na comunidade cristã. Então, a vida de fé deve fazer com que o cristão tenha também o rosto do Pai.

O projeto de Deus para o seu povo é a vida, mas com indicação de plenitude. Vida que tem possibilidade de eternidade e de continuidade na glória celeste, fazendo com que todos sejam felizes no convívio de seu Reino. As portas estão abertas, mas estreitas e exigem empenho de quem livremente quer passar por elas. O caminho é o de identificação com o rosto do Pai, com Jesus Cristo.


Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba

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