domingo, 31 de julho de 2016

Panamá: JMJ retorna à América! Papa Francisco fez o anúncio oficial.


Viagem do Papa Francisco à Polônia – JMJ 2016
Angelus
Campus Misericordiae
Domingo, 31 de julho de 2016

Queridos irmãos e irmãs!

No final desta Celebração, desejo unir-me a todos vós em ação de graças a Deus, Pai de misericórdia infinita, porque nos concedeu viver esta Jornada Mundial da Juventude. Agradeço ao Cardeal Dziwisz e ao Cardeal Rylko, incansáveis trabalhadores nessa jornada, pelas palavras que me dirigiram e sobretudo pelo trabalho e a oração com que prepararam este evento; e agradeço a todos quantos contribuíram para o seu bom êxito. Um «obrigado» imenso digo-o a vós, queridos jovens! Enchestes Cracóvia com o entusiasmo contagiante da vossa fé. São João Paulo II rejubilou do Céu, e ajudar-vos-á a levar por todo o lado a alegria do Evangelho.

Nestes dias, experimentamos a beleza da fraternidade universal em Cristo, centro e esperança da nossa vida. Ouvimos a sua voz, a voz do Bom Pastor, vivo no meio de nós. Falou ao coração de cada um de vós: renovou-vos com o seu amor, fez-vos sentir a luz do seu perdão, a força da sua graça. Fez-vos experimentar a realidade da oração. Foi uma «oxigenação» espiritual, para poderdes viver e caminhar na misericórdia quando voltardes aos vossos países e às vossas comunidades.

Aqui, ao lado do altar, está a imagem da Virgem Maria venerada por São João Paulo II no Santuário de Kalwaria. Nossa Mãe, ensina-nos o modo como pode ser fecunda a experiência vivida aqui na Polônia; diz-nos para fazer como Ela: não perder o dom recebido, mas guardá-lo no coração, para que germine e dê fruto, com a ação do Espírito Santo. Assim, cada um de vós, com as suas limitações e fragilidades, poderá ser testemunha de Cristo no local onde vive, na família, na paróquia, nas associações e nos grupos, nos ambientes de estudo, trabalho, serviço, entretenimento, em todo o lado para onde vos guiar a Providência no vosso caminho.

Papa: O olhar de Jesus ultrapassa os defeitos e vê a pessoa; não se detém no mal do passado.




Viagem do Papa Francisco à Polônia – JMJ 2016
Missa de Envio da Jornada Mundial da Juventude
Campus Misericordiae
Domingo, 31 de julho de 2016

Queridos jovens, viestes a Cracóvia para encontrar Jesus. E o Evangelho de hoje fala-nos precisamente do encontro entre Jesus e um homem, Zaqueu, em Jericó (cf. Lc 19, 1-10). Aqui, Jesus não Se limita a pregar ou a saudar alguém, mas quer – diz o Evangelista – atravessar a cidade (cf. v. 1). Por outras palavras, Jesus deseja aproximar-Se da vida de cada um, percorrer o nosso caminho até ao fim, para que a sua vida e a nossa se encontrem verdadeiramente.

E assim acontece o encontro mais surpreendente, o encontro com Zaqueu, o chefe dos «publicanos», isto é, dos cobradores de impostos. Zaqueu era, pois, um rico colaborador dos odiados ocupantes romanos; era um explorador do seu povo, alguém que, pela sua má reputação, não podia sequer aproximar-se do Mestre. Mas o encontro com Jesus muda a sua vida, como sucedeu ou pode sucede cada dia com cada um de nós. Entretanto Zaqueu teve de enfrentar alguns obstáculos para encontrar Jesus: pelo menos três, que podem dizer algo também a nós.

O primeiro é a baixa estatura: Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era pequeno. Também hoje podemos correr o risco de ficar à distância de Jesus, porque não nos sentimos à altura, porque temos uma baixa opinião de nós mesmos. Esta é uma grande tentação, que não tem a ver apenas com a autoestima, mas toca também a fé. Porque a fé diz-nos que somos «filhos de Deus; e, realmente, o somos» (1 Jo 3, 1): fomos criados à sua imagem; Jesus assumiu a nossa humanidade, e o seu coração não se afastará jamais de nós; o Espírito Santo deseja habitar em nós; somos chamados à alegria eterna com Deus. Esta é a nossa «estatura», esta é a nossa identidade espiritual: somos os filhos amados de Deus, sempre. Compreendeis então que não aceitar-se, viver descontentes e pensar de modo negativo significa não reconhecer a nossa identidade mais verdadeira? É como voltar-se para o outro lado enquanto Deus quer pousar o seu olhar sobre mim, é querer apagar o sonho que Ele tem para mim. Deus ama-nos assim como somos, e nenhum pecado, defeito ou erro Lhe fará mudar de ideia. Para Jesus – assim nos mostra o Evangelho –, ninguém é inferior e distante, ninguém é insignificante, mas todos somos prediletos e importantes: tu és importante! E Deus conta contigo por aquilo que és, não pelo que tens: a seus olhos, não vale mesmo nada a roupa que vestes ou o celular que usas; não Lhe importa se andas na moda ou não, importas-Lhe tu. A seus olhos, tu vales; e o teu valor é inestimável.

Provai os espíritos a ver se são de Deus




Inácio gostava muito de ler livros mundanos e romances que narravam supostos feitos heróicos de homens ilustres. Assim que se sentiu melhor, pediu que lhe dessem alguns deles, para passar o tempo. Mas não se tendo encontrado naquela casa nenhum livro deste gênero, deram-lhe um que tinha por título A vida de Cristo e outro chamado Florilégio dos Santos, ambos escritos na língua pátria.

Com a leitura frequente desses livros, nasceu-lhe um certo gosto pelos fatos que eles narravam. Mas, quando deixava de lado essas leituras, entregava seu espírito a lembranças do que lera outrora; por vezes ficava absorto nas coisas do mundo, em que antes costumava pensar.

Em meio a tudo isto, estava a divina providência que, através dessas novas leituras, ia dissipando os outros pensamentos. Assim, ao ler a vida de Cristo nosso Senhor e dos santos, punha-se a pensar e a dizer consigo próprio: “E se eu fizesse o mesmo que fez São Francisco e o que fez São Domingos?” E refletia longamente em coisas como estas. Mas sobrevinham-lhe depois outros pensamentos vazios e mundanos, como acima se falou, que também se prolongavam por muito tempo. Permaneceu nesta alternância de pensamentos durante um tempo bastante longo.

Contudo, nestas considerações, havia uma diferença: quando se entretinha nos pensamentos mundanos, sentia imenso prazer; mas, ao deixá-los por cansaço, ficava triste e árido de espírito. Ao contrário, quando pensava em seguir os rigores praticados pelos santos, não apenas se enchia de satisfação, enquanto os revolvia no pensamento, mas também ficava alegre depois de os deixar.

No entanto, ele não percebia nem avaliava esta diferença, até o dia em que se lhe abriram os olhos da alma, e começou a admirar-se desta referida diferença. Compreendeu por experiência própria que um gênero de pensamentos lhe trazia tristeza, e o outro, alegria. Foi esta a primeira conclusão que tirou das coisas divinas. Mais tarde, quando fez os Exercícios Espirituais, começou tomando por base esta experiência, para compreender o que ensinou sobre o discernimento dos espíritos.


Da Narrativa autobiográfica de Santo Inácio, recolhida de viva voz pelo Padre Luís Gonçalves da Câmara (Cap.1,5-9:Acta Sanctorum Iulii,7 [1868],647) (Séc.XVI)

Quem viveu antes de Cristo não pôde ir para o Céu?


Se foi Cristo quem remiu os nossos pecados e nos trouxe a salvação, então todas as pessoas que viveram e morreram antes da vinda de Jesus ficaram impedidas de ir para o céu?

São Tomás de Aquino responde:

“…A pena do pecado do homem não foi somente a morte do corpo, mas também uma punição na alma. Porque o pecado era também da alma, esta deveria ser punida pela privação da visão divina. Ora, [antes da vinda de Cristo] não se tinha ainda apresentado uma satisfação para que esta privação fosse afastada. Por isso, antes do advento de Cristo, todos desciam aos infernos, até os Santos Patriarcas [Atenção: aqui não se trata do inferno da condenação eterna; o mesmo termo é usado também para se referir a um local igualmente misterioso, em que as almas dos mortos aguardavam a Redenção, privadas da visão de Deus, mas, ao mesmo tempo, sem terem condenado a si mesmas à eterna ausência de Deus]. Muitos que estavam nos infernos para lá desceram mesmo possuindo caridade e fé no Esperado, como Abraão, Isaac, Jacó, Davi e muitos outros homens justos e perfeitos”. 

Santo Inácio de Loyola


Iñigo Lopez de Loyola nasceu numa família cristã nobre e muito rica numa cidade na Espanha, em 1491. Foi educado com todo cuidado para se tornar um perfeito fidalgo. Cresceu apreciando os luxos da corte e era um ótimo cavaleiro.

Com 26 anos optou pela carreira militar, mas uma bala de canhão mudou sua vida. Ferido na perna esquerda, durante a defesa da cidade de Pamplona, ele ficou um longo tempo em convalescença. Nesse meio tempo trocou a leitura dos romances de guerra por livros sobre a vida dos santos e a Paixão de Cristo. E assim foi tocado pela Graça de Deus.

Quando ficou curado, trocou a vida de militar por uma vida de dedicação a Deus. Foi então à capela do santuário de Nossa Senhora de Montserrat, pendurou sua espada no altar e deu as costas ao mundo da corte e das pompas. A partir deste momento passou a ser chamado de Inácio.

Viveu como eremita e mendigo passando as mais duras necessidades. Ali preparou a base do seu livro mais importante: "Exercícios Espirituais".

Mudou-se para Paris, onde estudou filosofia e teologia. No ano de 1534 fundou a Companhia de Jesus junto com mais seis companheiros. Nascia assim os missionários jesuítas, que espalharam-se pelo mundo levando o Evangelho para os povos mais longínquos do planeta.

Inácio morreu no dia 31 de julho de 1556, em Roma, na Itália.  


Ó Pai, pela vossa misericórdia, Santo Inácio de Loyola anunciou as insondáveis riquezas de Cristo. Concedei-nos, por sua intercessão, crescer no vosso conhecimento e viver na vossa presença segundo o Evangelho, frutificando em boas obras. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

sábado, 30 de julho de 2016

Papa pede aos jovens para ser protagonistas da história e de um mundo em conflito.




Viagem do Papa Francisco a Cracóvia, Polônia – JMJ 2016
Vigília de oração com os jovens no “Campus Misericordiae
30 de julho de 2016

Queridos jovens!

É bom estar aqui convosco nesta Vigília de Oração.

Na parte final do seu corajoso e emocionante testemunho, Rand pediu-nos uma coisa. Disse-nos: «Peço-vos, sinceramente, que rezeis pelo meu amado país». Uma história marcada pela guerra, pelo sofrimento, pela ruína, que termina com um pedido: o da oração. Que há de melhor para começar a nossa Vigília do que rezar?

Vimos de várias partes do mundo, de continentes, países, línguas, culturas, povos diferentes. Somos “filhos” de nações que estão talvez em disputa por vários conflitos, ou até mesmo em guerra. Outros vimos de países que podem estar “em paz”, que não têm conflitos bélicos, onde muitas das coisas dolorosas que acontecem no mundo fazem parte apenas das notícias e da imprensa. Mas estamos cientes duma realidade: hoje e aqui, para nós provenientes de diversas partes do mundo, o sofrimento e a guerra que vivem muitos jovens deixaram de ser uma coisa anônima, já não são uma notícia de imprensa, mas têm um nome, um rosto, uma história, fizeram-se meus vizinhos. Hoje a guerra na Síria é a dor e o sofrimento de tantas pessoas, de tantos jovens como a corajosa Rand, que está aqui entre nós e pede-nos para rezar pelo seu país amado.

Há situações que nos podem parecer distantes, até ao momento em que, de alguma forma, as tocamos. Há realidades que não entendemos porque vemo-las apenas através dum monitor (do celular ou do computador). Mas, quando tomamos contato com a vida, com as vidas concretas e já não pela mediação dos monitores, então algo mexe conosco, sentimo-nos convidados a envolver-nos: “Basta de cidades esquecidas”, como diz Rand; nunca mais deve acontecer que irmãos estejam “circundados pela morte e por assassinatos” sentindo que ninguém os ajudará. Queridos amigos, convido-vos a rezar juntos pelo sofrimento de tantas vítimas da guerra, para podermos compreender, uma vez por todas, que nada justifica o sangue dum irmão, que nada é mais precioso do que a pessoa que temos ao nosso lado. E, neste pedido de oração, quero-vos agradecer também a vós, Natália e Miguel, pois também vós partilhastes conosco as vossas batalhas, as vossas guerras interiores. Apresentastes-nos as vossas lutas e o modo como as superastes. Sois um sinal vivo daquilo que a misericórdia quer fazer em nós.

Agora, não vamos pôr-nos a gritar contra ninguém, não vamos pôr-nos a litigar, não queremos destruir. Não queremos vencer o ódio com mais ódio, vencer a violência com mais violência, vencer o terror com mais terror. A nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se fraternidade, chama-se irmandade, chama-se comunhão, chama-se família. Alegramo-nos pelo fato de virmos de culturas diferentes e nos unirmos para rezar. Que a nossa palavra melhor, o nosso melhor discurso seja unirmo-nos em oração. Façamos um momento de silêncio, e rezemos; ponhamos diante de Deus os testemunhos destes amigos, identifiquemo-nos com aqueles para quem «a família é um conceito inexistente, a casa apenas um lugar para dormir e comer», ou com aqueles que vivem no medo porque creem que os seus erros e pecados os baniram definitivamente. Coloquemos na presença do nosso Deus também as vossas “guerras”, as lutas que cada um carrega consigo, no seu próprio coração.

(SILÊNCIO)

Porta dos Fundos e companhia: o humor da intolerância e da cristofobia


Você, católico, cristão ou ao menos um homem de boa vontade, pode verificar nos tempos atuais com que frequência passamos pelo escárnio público da fé sem nenhum tipo de punição e sob a chamada “liberdade de expressão”, ou ainda “liberdade artística”.

Os mesmos que conclamam a tolerância às suas escolhas ou àqueles que se opõem aos valores cristãos, caem na hipocrisia de serem intolerantes e ridicularizarem o credo alheio. Exigem o que não praticam. Enquanto o que exigem sempre foi praticado de quem se exige.

Somente num país como o nosso ainda nada foi feito criminalmente contra essa gente.

A falsa “liberdade de expressão”

Temos sim o direito de expressar-nos, é verdade. Contudo, somos responsáveis por tudo que dizemos, reproduzimos e fazemos. Isso não anula os deveres civis nem os da lei da boa convivência.

Ora, tais artistas e produtores devem saber que infringem o código penal e que podem ser processados a qualquer momento sob o artigo da lei:

CP – Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940

Art. 208 – Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso:

Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.

Parágrafo único – Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência.

A liberdade de expressão tem limite: em primeiro lugar, o bom senso e o respeito, e é exatamente disto que decorre a necessidade de leis que a delimitem devido aos excessos humanos.

Jesus entra em nós com a sua misericórdia, diz Papa




VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À POLÓNIA
POR OCASIÃO DA XXXI JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE
(27-31 DE JULHO DE 2016)

SANTA MISSA COM SACERDOTES, RELIGIOSAS E RELIGIOSOS,
LEIGOS CONSAGRADOS E SEMINARISTAS DA POLÓNIA
HOMILIA DO SANTO PADRE
Łagiewniki (Cracóvia), Santuário de São João Paulo II
Sábado, 30 de julho de 2016

A passagem do Evangelho, que ouvimos (cf. Jo 20, 19-31), fala-nos de um lugar, um discípulo e um livro.

O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa; dele, apenas se diz que as suas portas estavam fechadas (cf. v. 19). Oito dias depois, os discípulos ainda estavam naquela casa, e as portas ainda estavam fechadas (cf. v. 26). Jesus entra lá, coloca-Se no meio e leva a sua paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados: numa palavra, a misericórdia de Deus. Dentro deste lugar fechado, ressoa forte o convite que Jesus dirige aos seus: «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós» (v. 21).

Jesus envia. Ele, desde o início, deseja que a Igreja esteja em saída, vá pelo mundo. E quer que o faça assim como Ele próprio fez, como Ele foi enviado ao mundo pelo Pai: não como poderoso mas na condição de servo (cf. Flp 2, 7), não «para ser servido mas para servir» (Mc 10, 45) e para levar a Boa-Nova (cf. Lc 4, 18); e assim são enviados os seus, em todos os tempos. Impressiona o contraste: enquanto os discípulos fechavam as portas com medo, Jesus envia-os em missão; quer que abram as portas e saiam para espalhar o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo.

Esta chamada é também para nós. Como não ouvir nela o eco do grande convite de São João Paulo II: «Abri as portas»? Mas, na nossa vida de sacerdotes e pessoas consagradas, pode haver muitas vezes a tentação de permanecer um pouco fechados, por medo ou comodidade, em nós mesmos e nos nossos setores. E, no entanto, a direção indicada por Jesus é de sentido único: sair de nós mesmos. Trata-se de realizar um êxodo do nosso eu, de perder a vida por Ele (cf. Mc 8, 35), seguindo o caminho do dom de si mesmo. Por outro lado, Jesus não gosta das estradas percorridas a metade, das portas entreabertas, das vidas com via dupla. Pede para se meter à estrada leves, para sair renunciando às próprias seguranças, firmes apenas n'Ele.

Por outras palavras, a vida dos seus discípulos mais íntimos, como nós somos chamados a ser, é feita de amor concreto, isto é, de serviço e disponibilidade; é uma vida onde não existem – ou, pelo menos, não deveriam existir – espaços fechados e propriedades privadas para própria comodidade. Quem escolheu configurar com Jesus toda a existência já não escolhe os próprios locais, mas vai para onde é enviado; pronto a responder a quem o chama, já não escolhe sequer os tempos próprios. A casa onde habita não lhe pertence, porque a Igreja e o mundo são os espaços abertos da sua missão. O seu tesouro é colocar o Senhor no meio da vida, sem nada mais procurar para si. Assim foge das situações gratificantes que o colocariam no centro, não se ergue sobre os trémulos pedestais dos poderes do mundo, nem se reclina nas comodidades que enfraquecem a evangelização; não perde tempo a projetar um futuro seguro e bem retribuído, para evitar o risco de ficar à margem e sombrio, fechado nos muros estreitos dum egoísmo sem esperança nem alegria. Feliz no Senhor, não se contenta com uma vida medíocre, mas arde em desejo de dar testemunho e alcançar os outros; gosta de arriscar e sair, não forçado por sendas já traçadas, mas aberto e fiel às rotas indicadas pelo Espírito: contrário a deixar correr a vida, alegra-se por evangelizar.

ACN: Ajudar na formação de 1000 sacerdotes em memória ao Pe. Jacques Hamel


A Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) decidiu honrar a memória do Padre Jacques Hamel, barbaramente assassinado em 26 de julho passado, com uma ação concreta que vai além das recordações, das belas palavras e das justas considerações destes últimos dias: o apoio à formação de 1.000 sacerdotes em todo o mundo.

“Depois do brutal assassinato de Padre Jacques – explica o Diretor da AIS/Itália, Alessandro Monteduro – pensamos muito em como responder a tanto horror e sobre como homenagear um sacerdote que por quase sessenta anos serviu incansavelmente à Igreja. Chegamos à conclusão que a melhor forma talvez fosse dedicar a ele um projeto para a formação de 1.000 novos sacerdotes, que para nós, precisamente como foi Padre Hamel, são ‘soldados da fé’”.

Tudo se faça para glória de Deus


Evita as artes mágicas e fala aos fiéis para se precaverem contra elas. Recomenda às minhas irmãs que amem o Senhor e que vivam contentes com os seus maridos nas coisas materiais e espirituais. Igualmente exorta os meus irmãos, em nome de Jesus Cristo, para que amem as suas esposas, como o Senhor ama a Igreja. Se alguém puder permanecer em castidade, para honrar a carne do Senhor, permaneça nela com humildade. Se se gloriar, perde-se; e se se julgar superior ao bispo, está perdido. Os que se casam, esposos e esposas, devem contrair o seu matrimónio com a aprovação do bispo, para que o seu casamento seja segundo o Senhor e não segundo a concupiscência. Tudo se faça para glória de Deus.

Prestai atenção ao bispo, para que também Deus vos preste atenção. Eu ofereço a minha vida por aqueles que se submetem ao bispo, aos presbíteros e aos diáconos; e oxalá me seja dado ter parte com eles em Deus. Colaborai intimamente uns com os outros: juntos lutai, correi, sofrei, descansai e levantai-vos, como administradores, assistentes e ministros de Deus. Procurai agradar Àquele sob cujas ordens militais e de quem recebeis a remuneração; e não haja entre vós nenhum desertor. Seja o vosso baptismo como um escudo, a fé como um capacete, a caridade como uma lança, a paciência como um arsenal de todas as armas; os vossos depósitos sejam as boas obras, para que possais receber a seu tempo a recompensa a que tendes direito. Sede magnânimos uns para com os outros, praticando a mansidão, para que o mesmo faça Deus convosco. Queira Deus que eu possa gozar para sempre da vossa presença.

A Igreja que está em Antioquia da Síria, segundo me disseram, goza de paz, graças às vossas orações; assim também eu me sinto agora mais tranquilo, com a segurança que vem de Deus, e o meu único desejo é chegar até junto de Deus através do martírio, para merecer ser vosso discípulo na ressurreição. Seria bom, ó Policarpo abençoado por Deus, convocar uma assembleia agradável a Deus e eleger alguém que seja digno de confiança e diligente, o qual possa ser chamado o «correio divino», e que ele tenha a honra de partir para a Síria, a fim de celebrar a vossa infatigável caridade para glória de Deus.

O cristão não é senhor de si, mas está ao serviço de Deus. Esta obra é de Deus e também é vossa, se a levardes a bom termo. Eu confio na graça e creio que estais dispostos a realizar a boa obra para honra de Deus. É breve esta minha carta de exortação, porque conheço o vosso ardente zelo pela verdade.

Como não pude escrever a todas as Igrejas, porque tive de partir improvisamente de Tróade para Nápoles da Macedónia, tu, que tens o pensamento de Deus, escreve a todas as Igrejas situadas a Oriente para que façam o mesmo. As que puderem, mandem mensageiros; as outras mandem cartas por meio de delegados que tu enviarás, e assim alcançareis glória eterna com esta obra, como bem mereceis.

Desejo que vos encontreis sempre bem, em Jesus Cristo nosso Deus, e por Ele permaneçais na unidade, sob a vigilância de Deus. Sede fortes no Senhor.


Da Carta de Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, a Policarpo
(5, 1 – 8, 1.3: Funk 1, 249-253) (Sec. I)