quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O Papa e a homilia do “fracasso” da Cruz: um evangélico inteligente explica


“E se, às vezes, os nossos esforços e o nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o fracasso da cruz”. Essas palavras cheias de sabedoria foram ditas pelo Papa Francisco em sua homilia em Nova Iorque (24/09). Algumas pessoas – por ódio, maldade ou por pura ignorância – estão tirando a frase de seu contexto e distorcendo o seu sentido.

Em um dos muitos sites furrecas evangélicos que estão distorcendo essa homilia e xingando o Papa de “Besta do Apocalipse”, tive a alegria de encontrar entre os comentários de leitores esse prudente comentário de um irmão evangélico:


Em meio a tantas criaturas com o cérebro embotado e a língua cheia de veneno, é bom saber que há pessoas intelectualmente honestas e atentas, que não servem como instrumentos de Satanás – o pai da mentira – para a difusão de inverdades.

Afinal, o Papa não disse nada diferente do que Isaías e São Paulo proclamam na Bíblia: o Messias é desprezado, é visto como “escória da humanidade”; a cruz é um escândalo, é loucura, DO PONTO DE VISTA HUMANO.

“Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.” – Is 53,3

“Já que o mundo, com a sua sabedoria, não reconheceu a Deus na sabedoria divina, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura de sua mensagem. Os judeus pedem milagres, os gregos reclamam a sabedoria; mas nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. – I Cor 1, 21-23

Acaso Isaías chamou o Messias de “escória da humanidade”? Claro que não! Ele estava dizendo que, com sua visão limitada, as pessoas O veriam assim. Acaso São Paulo afirmou a mensagem de Deus é uma “loucura”? Óbvio que não! Ele quis dizer que tal mensagem é loucura somente do ponto de vista humano.

Da mesma forma, o Papa Francisco não disse que a cruz de Cristo é um fracasso. Reparem na expressão que o Papa usa: “HUMANAMENTE FALANDO”. Ou seja, a morte na cruz é um fracasso sob o olhar dos homens, não de Deus.

E o Papa continua, nessa homilia, convidando os cristãos a imitar Cristo, tomando a sua cruz. Pois muitas vezes parece que a nossa missão não dá frutos, não é eficiente; aos olhos do mundo, é como se não tivéssemos sucesso. Mas Deus nos chama a ver as coisas de outro modo. Confiram:

“Podemos ficar encastrados quando medimos o valor dos nossos esforços apostólicos pelo critério da eficiência, do funcionamento e do sucesso externo que governa o mundo dos negócios. Não digo que estas coisas não sejam importantes! Foi-nos confiada uma grande responsabilidade e o povo de Deus, justamente, espera resultados. Mas o verdadeiro valor do nosso apostolado é medido pelo valor que o mesmo tem aos olhos de Deus. Ver e avaliar as coisas a partir da perspectiva de Deus chama-nos para uma conversão constante ao primeiro tempo da nossa vocação e – nem é preciso dizê-lo – a uma grande humildade. A cruz mostra-nos uma maneira diferente de medir o sucesso: a nós cabe-nos semear, e Deus vê os frutos do nosso trabalho. E se, às vezes, os nossos esforços e o nosso trabalho parecem gorar-se e não dar fruto, estamos a trilhar a mesma via de Jesus Cristo; a sua vida, humanamente falando, acabou com um fracasso: o fracasso da cruz.

“Sei que muitos de vós estais a enfrentar o desafio que supõe a adaptação a um programa pastoral em evolução. Como São Pedro, peço-vos que, perante qualquer prova que tenhais de enfrentar, não percais a paz e respondei como fez Cristo: deu graças ao Pai, tomou a sua cruz e seguiu em frente.” – Homilia completa: aqui.

Portanto, o Papa falou com clareza e em plena conformidade com as Escrituras. Ninguém é obrigado a gostar do sucessor de Pedro, mas quem sair espalhando infâmias com seu nome terá que responder por isso no Dia do Juízo. São Tiago disse que a língua, mesmo sendo um órgão pequeno, é capaz de levar o corpo todo para o inferno. Calúnia é pecado grave, pessoal!
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O Catequista

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