sábado, 26 de setembro de 2015

O sabor amargo dos doces de Cosme e Damião


Nos deparamos mais uma vez com a discussão acerca de São Cosme e Damião e a falaciosa relação dos santos católicos com a entrega de doces que é fruto da umbanda impulsionada pelo sincretismo religioso.

Em meio a tantos textos sem contextos, percebemos muitos pretextos que tiram nossos olhos da verdade e do sagrado. Vamos aos fatos:

Catolicismo

São Cosme e Damião são santos mártires da Igreja Católica, cuja memória é celebrada no dia 26 de setembro. Cosme e Damião eram irmãos gêmeos e exerciam a profissão de médicos. Eram chamados de "Anaryroi" ou seja “os sem dinheiro” por causa dos seus serviços de caridade. Diversas curas e milagres foram realizados através deles. Com a terrível perseguição imposta pelo imperador Diocleciano, os irmãos foram presos e acusados de usar de feitiçaria, bruxismo e meios satânicos para realizar as curas.

Ao serem interrogados, diante da acusação responderam: “Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo e pelo Seu poder!”. Foram então forçados a adorar os deuses sob pena de serem cruelmente torturados, ao que eles responderam: "Teus deuses nenhum poder têm; adoramos o Criador do céu e da terra".

Sofreram severas torturas, mas milagrosamente não pareciam sentir nada dos cruéis flagelos que lhes eram impostos. Diante do fato foram então decapitados. Após o culto à Cosme e Damião se espalhar, o Papa Félix construiu por volta do ano 526 uma basílica dedicada a eles em Roma. A solenidade aconteceu então no dia 26 de setembro que ficou fixado como data da memória dos santos. 

Umbanda

O primeiro aspecto que difere da celebração dos santos Cosme e Damião é o dia. Na Umbanda são celebrados dia 27 que no catolicismo é dia de São Vicente de Paula.

Segundo, são caracterizados apenas no nome, mas na realidade são "Ibejí" ou "Ibejís" que são os Orixás que protegem as crianças e são os Orixás de amor e alegria. São filhos gêmeos de Xangô e Iansã. O nome "Ibeji" é uma junção dos termos "iorubas" que quer dizer "nascimento", e "eji", que quer dizer "dois".

Na própria Umbanda existe uma forte confusão por tudo isso, pois os "Ibejís" confundem-se com os "Erês" que provem do Candomblé. Os primeiros são espíritos muito fortes que, depois de Oxalá, são os únicos que dominam totalmente a magia. Os segundos são os intermediários entre a pessoa e seu Orixá. A palavra "Eré" significa "brincadeira, divertimento".

Por serem divindades atribuídas a crianças, o dualismo entre eles próprios cria a confusão. Segundo a Federação de Umbanda e Candomblé de Brasília e do Entorno, “os Ibejis são celebrados com cultos próprios durante todo o ano, já que estão ligados a ideia de “criação" e são cultuados em todos os rituais”. A Umbanda celebra Cosme e Damião e não os Ibejis, na mesma data.

“Quando os escravos foram trazidos da África para o Brasil acabaram criando a Umbanda e, para realizar seus cultos, associaram seus deuses aos do catolicismo. Mas o princípio é o mesmo”, informa a Federação.

A grande cerimônia dedicada às divindades, acontece no dia 27 de setembro, como forma de agradecimento e como forma de devolver a proteção dispensada. É nesta ocasião que comidas como caruru, vatapá, bolinhos, doces, balas (associadas às crianças, portanto) são oferecidas tanto a eles como aos frequentadores dos terreiros. E cultiva-se também o costume de distribuir-se tais doces na noite desta celebração.

Nos deparamos então com um profundo sincretismo religioso que esvazia, relativiza e deturpa o sentido religioso e sagrado da verdadeira devoção aos santos mártires São Cosme e São Damião.

Sobre este sincretismo o Papa Bento XVI nos alertou na Caritas in Veritate: "O mundo atual registra a presença de algumas culturas de matiz religioso que não empenham o homem na comunhão, mas isolam-no na busca do bem-estar individual, limitando-se a satisfazer os seus anseios psicológicos. Também uma certa proliferação de percursos religiosos de pequenos grupos ou mesmo de pessoas individuais e o sincretismo religioso podem ser factores de dispersão e de apatia. Um possível efeito negativo do processo de globalização é a tendência a favorecer tal sincretismo, alimentando formas de « religião » que, em vez de fazer as pessoas encontrarem-se, alheiam-nas umas das outras e afastam-nas da realidade”.

Em um encontro com bispos do Brasil no vaticano, o Papa Bento XVI exortou: "o culto não pode nascer de nossa fantasia".

Com relação a recepção dos tais "doces", devemos estar atentos às obras das trevas e não ter parte com elas. Alguns definem não haver nenhum problema se for por pura filantropia e caridade, mas fica a pergunta: "Como definir quando, onde e quem está promovendo uma coisa ou outra?".

Ficamos portanto com aquilo que nos ensina a Palavra de Deus em Ef 5, 8-13: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor: comportai-vos como verdadeiras luzes. Ora, o fruto da luz é bondade, justiça e verdade. Procurai o que é agradável ao Senhor, e não tenhais cumplicidade nas obras infrutíferas das trevas; pelo contrário, condenai-as abertamente. Porque as coisas que tais homens fazem ocultamente é vergonhoso até falar delas. Mas tudo isto, ao ser reprovado, torna-se manifesto pela luz."


São Cosme e São Damião, rogai por nós!


Fabiano Farias de Medeiros
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ZENIT

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