segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Morador de rua salva refém e morre baleado na escadaria da Catedral de São Paulo


Duas pessoas morreram baleadas no início da tarde da última sexta-feira (4) na escadaria da Catedral de São Paulo. Trata-se de um homem que mantinha uma mulher refém e um morador de rua que interviu em favor dela.

No vídeo vemos o homem que mantinha a jovem refém sendo surpreendido pelo morador de rua. Os dois entram em luta corporal. O morador de rua é então baleado pelo criminoso que, por sua vez, recebe vários tiros da polícia e cai morto. Em seguida, o morador de rua caminha até a porta de entrada da Catedral e também cai logo em seguida.  


A mulher que viveu esses momentos dramáticos resolveu falar dois dias depois de ter sobrevivido aos ataques. Ela está muito nervosa, assustada e prefere não mostrar o rosto. “Eu estava dentro da igreja, fui abordada. Chegou próximo de mim e falou: ‘Vem comigo’. Eu falei: ‘Não, não vou'. Foi na hora que ele mostrou a arma”, lembra a refém.

O homem era Luiz Antônio da Silva, de 49 anos. Tinha uma extensa ficha policial: tentativa de homicídio, tentativas de furtos, lesão corporal, resistência à prisão e tráfico de drogas. A vítima disse que não conhecia Luiz e que não sabe por que ele a atacou. 

“Desci as escadas todinhas com ele. Quando eu avistei os policiais, eles vieram e abordaram ele. Quando falaram ‘mão pra cima’, ele começou a dar tiro nos policiais. Me segurou, começou a subir de novo as escadas comigo. Teve uma hora que ele escorregou, foi a hora que eu consegui segurar a arma dele. Foi na hora que ele puxou com tudo, aí acabou atingindo meu olho”, afirma a refém. “O senhorzinho veio, empurrou ele e os dois caíram. Na hora que eu me levantei. Desci as escadas correndo. Ainda eu vi o senhorzinho sendo atingido”, conta a refém. “O senhorzinho interveio por mim e deu a vida por mim”, afirma a refém.

O morador de rua chama-se Francisco Erasmo Lima, de 61 anos. Ele foi tratado como herói pelo ato sublime.

Onze parentes compareceram ao seu enterro, sem velório, com uma cerimônia simples na manhã deste domingo (6), no cemitério de Perus, na zona Norte de São Paulo.

Uma sobrinha de Francisco, Ione Gabriela, de 19 anos, conta que ele foi abandonado pelos pais quando era pequeno e criado por uma família adotiva em Pernambuco. Desde jovem trabalhava como pedreiro, e recentemente fazia bicos e morava em abrigos ou na rua.

De acordo com a ex-mulher de Francisco, Izabel Rodrigues, de 58 anos, ele vivia havia 10 anos fora de casa. Os dois se separaram porque Francisco bebia muito. “Apesar disso, era um homem maravilhoso. Sempre foi um bom pai”, afirmou.

Algumas pessoas que acompanhavam outros enterros ou visitavam túmulos de parentes, também ofereceram condolências à família. “Poderia ter sido qualquer um de nós naquela situação de refém. Para mim ele foi um herói”, disse a dona de casa Leila Cinque, de 54 anos, que depositou flores sobre o caixão de Francisco.

Francisco deu a vida por uma desconhecida, era morador de rua que em um instante ganhou uma morada no Céu. Descanse em paz!
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Com informações: Paraná Portal/ Folha de São Paulo/ G1 Fantástico

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