sábado, 5 de setembro de 2015

Bispos da Venezuela em defesa dos direitos humanos


“Pedimos que a normalidade seja retomada o mais rápido possível, porque existem muitas dificuldades e ansiedades em meio a quem vive em ambos os lados do confim, e não só entre eles, mas em toda a população dos dois países, que seguem com indignação os acontecimentos que degradam a condição de seres civilizados e irmãos”. Assim se expressa a Comissão “Justiça e Paz” da Conferência Episcopal da Venezuela sobre a atual situação de conflito na região de confim com a Colômbia, que provocou o fechamento da fronteira entre os dois países decidida pelo Presidente venezuelano, a expulsão de cerca de mil colombianos e a convocação de seus embaixadores, informou a Agência Fides.

A motivação é a defesa dos direitos humanos e da segurança alimentar dos venezuelanos, pois segundo o governo, quase metade dos gêneros alimentícios venezuelanos é contrabandeada na Colômbia. A fronteira também é usada cotidianamente por contrabandistas, traficantes de seres humanos e narcotraficantes, em seus crimes. 

A Comissão Justiça e Paz “está profundamente preocupada com as várias denúncias de graves violações de direitos humanos no âmbito do decreto de suspensão das garantias constitucionais em diferentes municípios do confim, é uma situação que afeta todos nós que vivemos na Venezuela, já que é notável a presença de colombianos em nossa terra e existem muitas relações de fraternidade e cooperação... Não se pode estigmatizar todo um grupo de presumíveis crimes sem um justo processo e o direito à defesa”.

Assim - informa Fides - os Bispos lançam um apelo às autoridades venezuelanas para que garantam “um justo processo e a integridade física das pessoas, especialmente pelo direito à vida”, segundo estabelecido pela Constituição e pelas leis. Às autoridades garantes dos direitos humanos dos dois países, pedem que este problema “tenha uma rápida solução e não se torne uma questão ideológica ou política, nem uma ocasião para promover a xenofobia ou o desprezo de qualquer cidadão por causa de sua origem”. Solidários com milhões de colombianos que enriqueceram a Venezuela com seus valores e capacidades, os Bispos convidam à responsabilidade, à calma e à oração, auspiciando que o fato de se declarar cristãos movimente a solidariedade, a misericórdia, o perdão, e rechace tudo o que leva ao desprezo, à violência e à guerra.

“Muitos dos expulsos não puderam pegar suas coisas, que deixaram no território venezuelano – prosseguem os Bispos – é justo restituir aos proprietários os bens imóveis e outros objetos; é urgente que as famílias se reúnam na totalidade de seus membros, a fim de evitar uma crise humanitária causada pelas deportações de massa; como venezuelanos, queremos ver a resposta do Poder Moral em plenitude, trabalhando para que sejam respeitados os direitos humanos de todos os cidadãos, venezuelanos ou colombianos”.

Os Bispos estão conscientes do sofrimento de tantas pessoas por causa desta situação e expressam a sua solidariedade: “Nos, cidadãos venezuelanos, nos sentimos irmãos do país vizinho, nunca fomos estranhos, porque temos uma história comum”, prossegue o texto, convidando a colher a ocasião destes eventos para refletir “sobre o futuro de nosso país, sobre as responsabilidades da liderança política e militar em conduzir a nossa nação, sobre a paz interna e sobre o que queremos e desejamos como venezuelanos”. 

O comunicado se conclui reiterando que “o Estado tem a obrigação de garantir os direitos humanos de todos os seus cidadãos, incluindo os estrangeiros sob a sua jurisdição”.
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ZENIT

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