segunda-feira, 13 de julho de 2015

Discurso na visita à população de Bañado Norte, no Paraguai


Discurso
Visita do Papa à população de Bañado Norte, no Paraguai
Domingo, 12 de julho de 2015

Queridos amigos!

Com grande alegria, vejo cumprir-se esta manhã o meu desejo de visitar-vos. Não poderia visitar o Paraguai, sem estar convosco, sem estar na vossa terra.

Encontramo-nos aqui na paróquia denominada Sagrada Família e confesso-vos que, ao longo do caminho, tudo me fazia recordar a Sagrada Família. Ver os vossos rostos, os vossos filhos, os vossos avós. Ouvir as vossas histórias e tudo o que fizestes para estar aqui, a luta que travais para ter uma vida digna, um teto. Tudo o que fazeis para superar a inclemência do tempo, as inundações destas últimas semanas, faz-me recordar a família humilde de Belém. Uma luta que não vos roubou o sorriso, a alegria, a esperança. Uma peleja que não vos impediu a solidariedade, antes, pelo contrário, estimulou-a e fê-la crescer.

Quero me deter na presença de José e Maria em Belém. Eles tiveram de deixar a sua terra, os seus parentes, os seus amigos. Tiveram de deixar o que lhes pertencia e deslocar-se a outra terra; uma terra onde não conheciam ninguém, onde não tinham casa, nem família. Foi então que aquele jovem casal teve Jesus; em tal contexto, aquele jovem casal deu-nos de presente Jesus. Estavam sozinhos, numa terra estranha, os três. De repente, começaram a aparecer pastores; pessoas como eles, que tiveram de deixar o que possuíam a fim de obter melhores oportunidades familiares. Viviam sujeitos a inclemências de vários tipo, nomeadamente as do tempo. 

Quando ouviram falar do nascimento de Jesus, saíram ao seu encontro, fizeram-se próximos, vizinhos. De repente, tornaram-se a família de Maria e José, a família de Jesus.

Acontece o mesmo, quando Jesus aparece na nossa vida. É isto que desperta a fé. A fé faz-nos próximos, aproxima-nos da vida dos outros. A fé desperta o nosso compromisso, a nossa solidariedade. O nascimento de Jesus desperta a nossa vida. A fé, que não se faz solidariedade, é uma fé morta. É uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos. O primeiro a ser solidário foi o Senhor, que escolheu viver entre nós, escolheu viver no nosso meio. Eu venho como aqueles pastores de Belém. Quero fazer-me próximo. Quero abençoar a vossa fé, abençoar as vossas mãos, abençoar a vossa comunidade. Vim dar graças convosco, porque a fé se fez esperança, e esperança que estimula o amor. A fé que Jesus desperta é uma fé com capacidade de sonhar o futuro e de lutar por ele no presente. Por isso mesmo, quero encorajar-vos a continuar a ser missionários, a contagiar com a fé estas ruas, estas vielas. Fazendo-vos próximos especialmente dos mais jovens e dos idosos; fazendo-vos apoio das famílias jovens e de quantos estão a atravessar momentos difíceis.

Quero confiar as vossas famílias à Sagrada Família, para que o seu exemplo, o seu testemunho continue a ser luz no caminho, estímulo nos momentos difíceis e sempre nos dê de presente «pastores» capazes de acompanhar, apoiar e incentivar a vida das vossas famílias.


Convido-vos a rezar-Lhe juntos e peço-vos que não vos esqueçais de rezar por mim.

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