sábado, 13 de junho de 2015

A segunda aparição de Nossa senhora na Cova da Iria, a 13 de junho de 1917


No dia 13 de junho de 1917, celebrava-se, em Fátima, a festa de Santo António. Os pastorinhos, Lúcia de Jesus e seus primos Francisco e Jacinta Marto, preparavam-se para comparecer na Cova da Iria, ao meio-dia solar, como Nossa Senhora lhes tinha pedido, no dia 13 de maio anterior. As famílias procuraram demovê-los: a mãe da Lúcia não acreditava que a filha dissesse a verdade e queria que ela fosse à festa, em vez de ir à Cova da Iria; os pais do Francisco e da Jacinta partiram, muito cedo, para a feira das Pedreiras, Porto de Mós. A notícia da anunciada segunda aparição já tinha ultrapassado os limites da freguesia de Fátima e, por isso, logo de manhã, compareceram em Aljustrel várias pessoas de Boleiros, Fátima, e dos concelhos de Tomar e Torres Novas, para os acompanharem. A Lúcia tinha saído, de madrugada, com o rebanho, com intenção de regressar a casa, pelas 9 horas, ir à missa das 10, na igreja paroquial, e partir, logo a seguir, para a Cova da Iria. Mas, pouco depois do romper do sol, foi chamada a casa, onde se encontrou com as referidas pessoas e, depois de os três pastorinhos terem ido à missa das 10 horas, partiram todos, por volta das 11 horas, para a Cova da Iria. Juntaram-se ali cerca de sessenta pessoas (cfr. Memórias da Irmã Lúcia, Edições da Vice-Postulação, II, II, 4). 

Num dos dias seguintes, a Lúcia contou ao pároco de Fátima o que tinha acontecido: momentos antes da aparição, estavam a rezar o terço, à sombra de uma azinheira grande; de repente, viram um relâmpago, e dirigiram-se todos à carrasqueira, onde aparecera Nossa Senhora, em maio; a Lúcia “fez uma vénia, dobrando um joelho e, ao mesmo tempo, chegou a Senhora, vindo em linha oblíqua, 28 do lado nascente, e fez a pergunta: – Então, o que é que me quer? ‘– Quero-te dizer que voltes cá, no dia 13, e que aprendas a ler, para te dizer o que quero’. – Então, não quer mais nada? ‘– Não quero mais’” (Pároco de Fátima, em: Documentação Crítica de Fátima (= DCF) I, Doc. 2 de 14.06.1917, p. 11). A estranha ordem dada à Lúcia, de aprender a ler, começou a correr, e até a imprensa adversa, de Lisboa, lhe deu eco: “A Senhora disse aos pastorinhos que deviam aprender a ler e a escrever” (“O Mundo”, DCF III, 1, doc. 10, de 19 de agosto de 1917, p. 50-51); Carlos de Azevedo Mendes, em carta à sua noiva, a 8 de setembro de 1917, comentava: “Já te recordaste o que [Nossa Senhora] disse na 2.ª aparição? ‘Que aprendam a ler’. Dizia-me a Jacintita que já ia na carreira do A!!” (DCF I, doc. 55, p. 390); o Padre Dr. Manuel Nunes Formigão fez o seu primeiro interrogatório aos videntes, no dia 27 de setembro de 1917. Uma ideia mais tinha transparecido, entretanto, embora incorreta: a Senhora tinha dito “que era do Céu” e que os levaria para lá, de modo que o sacerdote perguntou à Lúcia: “Mas se a Senhora disse que te levaria para o Céu, no mês de Outubro próximo, para que te serviria aprenderes a ler? – Não é verdade isso: a Senhora nunca disse que me levaria para o Céu, em outubro, e eu nunca afirmei que ela me tivesse dito tal coisa” (DCF I, doc. 7, p. 57 e 59). O mesmo sacerdote, no dia 11 de outubro de 1917, voltou a interrogar a Lúcia, sobre o cumprimento da ordem da Senhora, em junho: “– Sabes ler? – Não. – Andas a aprender? – Não. – Como cumpres a ordem da Senhora?” (DCF I, Docs. 11, p. 88, e 12, p. 112). Não ficou registada a resposta da Lúcia a esta pergunta. Mas, numa carta particular, de cerca de 19 de outubro de 1917, Leonor Constâncio, comentando essa recomendação de Nossa Senhora, diz que as crianças não a cumpriram logo, “porque não havia, nem nunca houve, professora em Fátima. Agora, sem que ninguém a reclamasse, aparece nomeada para ali, por dois anos, uma professora das escolas móveis, e as crianças começaram já a frequentar a escola com bastante aproveitamento, sobretudo da Lúcia” (DCF 3, 1, Doc. 129, p. 345). 

Ainda no dia 11 de outubro, a Jacinta revelou que, na aparição de junho, “ouviu o segredo a Nossa Senhora”, e perguntada se o segredo era para serem ricos, disse que não; se era “para serem bons e felizes”, respondeu: ‘É. É para bem de todos os três’”; se era para irem para o Céu, respondeu: ‘não é’; não podia revelar o segredo “porque a Senhora disse que não disséssemos o segredo a ninguém” (DCF I, Doc. 11, p. 92, e Doc. 12, p. 114). Pode admitir-se que a Jacinta, criança de 7 anos, se tenha equivocado com o segredo de julho, mas é mais provável que se referisse àquilo que a Irmã Lúcia, nas “Memórias”, como veremos, chamará “segredo de junho”. A 2 de Novembro, o Dr. Formigão voltou a interrogar a Lúcia, sobre as seis aparições: “– Quando foi que perguntaste à Senhora o que é que fazia para que o povo acreditasse que era ela que te aparecia? ‘– Perguntei-lhe umas poucas de vezes; a primeira que perguntei, cuido que foi em junho’”. E sobre o segredo: ‘– Quando te disse o segredo?’ ‘– Parece-me que foi da 2.ª vez’” (DCF I, Doc. 17, p. 168-169; 172). Também a Jacinta repetiu o que a Senhora tinha dito, em junho, e que a Lúcia “pediu pelos doentes e pecadores, e a Senhora disse que melhorava uns e os convertia, e outros não” (DCF I, Doc. 17, p. 173).

Cinco anos mais tarde, a 5 de janeiro de 1922, no Asilo de Vilar, Porto, a pedido do seu confessor, Padre Manuel Pereira Lopes, a Lúcia escreveu o seu primeiro relato autógrafo sobre os acontecimentos de 1917. No que respeita a 13 de junho, não há novidades, a não ser: “Pedi-lhe para curar um coxo e algumas pessoas que me tinham pedido, umas, doentes, outras, pela conversão de alguns pecadores. Resposta: ‘Daqui a um ano, serão curados’”(DCF III, 3, Doc. 685, de 5 de janeiro de 1922, p. 266).

Iniciado o Processo Diocesano sobre os acontecimentos de 1917, em maio de 1922, foram pedidas notícias e informações  sobre eles a todas as pessoas, e deu-se início, a 13 de outubro desse ano, ao jornal mensal “Voz da Fátima”. No número do mês de dezembro, foi publicado um depoimento de Inácio António Marques, da Chainça, Santa Catarina da Serra. Sobre a segunda aparição, ele conta: “Ajoelham-se junto da célebre azinheirinha e principiam a rezar o terço […]. Terminada a ladainha, a Lúcia diz: ‘Lá vem Ela’, e manda ajoelhar. Principia, interrogando e respondendo a alguém que os meus olhos não veem nem os ouvidos ouvem. É a segunda aparição e, mais uma vez, ali afirma, perante o reduzido número de espetadores – porque ainda se lhes não pode chamar crentes – que Ela lhe está dizendo que vem ali, todos os meses, e que, a 13 de outubro, será a última vez e, então, dirá um segredo” (“Voz da Fátima”, 13.12.1922 e DCF II, Aditamento, Doc. A, 23.11.1922, p. 150).

No decorrer da inquirição propriamente dita, a 28 de setembro de 1923, foram ouvidas várias testemunhas, que se pronunciaram sobre a aparição de 13 de junho de 1917. Manuel Pedro Marto, pai do Francisco e da Jacinta, declarou, entre outras coisas, que, ao chegarem da feira, já de noite, “ouviram dizer que os pequenos tinham ido ao local, e tinham dito que viram Nossa Senhora” (DCF III, Doc. 4, p. 65). A mãe, Olímpia de Jesus, disse o mesmo: “contaram-lhe que Nossa Senhora lhes tinha aparecido, outra vez, como em treze de maio, e que tinha dito à Lúcia que fossem lá, todos os meses, e que fizessem penitência […] e “que a Senhora lhe tinha recomendado que aprendesse a ler” (DCF II, Doc. 4, p. 74-75 e 82). Maria Rosa, mãe da Lúcia, depois da festa de Santo António, “perguntou-lhe o que tinha visto. Respondeu que tinha visto a mesma mulherzinha do outro dia. Perguntou-lhe o que ela tinha dito. Disse que tinha dito que continuassem a ir lá e que aprendessem a ler. Esta proposta tornou-a descrente, porque lhe parecia que Nossa Senhora não tinha vindo à terra para lhe dizer que aprendesse a ler” (DCF II, Doc. 4, p. 86-88). Maria dos Santos ou Maria Carreira, da Moita Redonda, Fátima, afirmou que a Lúcia perguntou à Aparição: “Vossemecê mandou-me aqui vir, faça favor de me dizer o que me quer”. Ouviu uma zunida que vinha da azinheira, não compreendendo uma só palavra da resposta.

A Lúcia olhava para a azinheira, assim como as outras duas crianças, estando todos de mãos postas. A depoente não compreendeu bem o que ela, depois, disse à Aparição, mas as outras pessoas disseram- -lhe que a pequena lhe tinha perguntado se lhe queria mais alguma coisa” (DCF II, doc. 4, p. 101-104).

A Lúcia também foi ouvida, oficialmente, a 7 de julho de 1924, no Porto, sobre os acontecimentos de 1917. “No dia treze de junho […], perguntei-lhe: ‘– O que me quer Vossemecê?’ A resposta dela foi: ‘– Quero que continuem a vir aqui, nos outros meses, que rezem o Terço todos os dias e que aprendam a ler’. Como me tinham recomendado, pedi à Senhora que curasse um entrevado, e ela respondeu que, se ele se convertesse, ficaria curado dentro dum ano” (DCF II, Doc. 8, p. 140).

Depois de uma visão em Pontevedra, Espanha, a 17 de dezembro de 1927, a Irmã Lúcia escreveu algo mais sobre essa aparição de 13 de junho de 1917: “Ela pediu para os levar para o Céu. A Santíssima Virgem respondeu: ‘Sim, a Jacinta e o Francisco, levo-os em breve, mas tu, Lúcia, ficas cá mais algum tempo; Jesus quer servir-se de ti para me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o Seu trono’” (DCF V, 1, Doc. 370, de 11 de outubro de 1928, p. 737). Sobre esta última frase, na primeira edição da Quarta Memória da Irmã Lúcia, da Postulação dos Videntes (1976), e nas seguintes, foi acrescentada uma nota: “Lúcia, talvez pela pressa, omite o fim do parágrafo que, noutros documentos, diz assim: ‘Quem a aceita, prometer-lhe-ei a salvação, e estas almas serão amadas de Deus, como flores colocadas por Mim para enfeitar o Seu Trono”. Nesta versão, há variantes do texto escrito pela Irmã Lúcia, em 1927 ou 1928, desconhecendo-se quem as introduziu. O Padre Hubert Jongen, monfortino holandês (fevereiro de 1946), perguntou porque é que, “nos relatos posteriores, deixou de falar nesta promessa”. A Irmã Lúcia respondeu, sem mais explicações: “Quando redigi esses relatos posteriores, não pensei no caso” (S. M. Reis, A vidente de Fátima dialoga e responde pelas aparições, Braga, 1970, p. 81).

Na sua Segunda Memória, terminada a 21 de novembro de 1937, a Irmã Lúcia faz uma breve referência à aparição de junho acrescenta uma reflexão: “A Jacinta, quando me via chorar, consolava-me, dizendo: ‘Não chores. Decerto são estes os sacrifícios ue o Anjo disse que Deus nos ia enviar. Por isso, é para O reparar a Ele e converter os pecadores que tu sofres’” (Memórias da Irmã Lúcia, II, II, 4).

O Padre José Bernardo Gonçalves, S. J., encontrou-se com a Irmã Lúcia, a 24 de abril de 1941, em Tuy, e copiou uns apontamentos dela, entretanto desaparecidos. Sobre a aparição de junho de 1917: “Ao dizer estas últimas palavras, ‘eu nunca te deixarei, etc.’, foi a segunda vez que nos comunicou o reflexo” (ASF, Dossier Gonçalves, Doc. 4.7, fl. 6v, ed. em: A. M. Martins, Memórias e cartas da Irmã Lúcia, 1973, p. 460-461; Documentos de Fátima, 1976, p. 460-461).

Na Quarta Memória, concluída a 8 de dezembro de 1941, a Irmã Lúcia desenvolve o pensamento do apontamento de abril desse ano: “Foi no momento em que disse estas últimas palavras [‘o meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus’], que abriu as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa. Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco parecia estarem na parte dessa luz que se elevava para o Céu e eu na que se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que queria reparação. Eis ao que nos referíamos, quando dizíamos que Nossa Senhora nos tinha revelado um segredo em junho. Nossa Senhora não nos mandou, ainda desta vez, guardar segredo, mas sentíamos que Deus a isso nos movia” (Memórias da Irmã Lúcia, IV, II, 4).

Nos Processos informativos sobre a fama da santidade de vida, virtudes e milagres em geral da Jacinta e do Francisco, respetivamente a 21 de janeiro e a 13 de julho de 1955, a Irmã Lúcia prestou mais algumas informações sobre o dia 13 de junho. No Processo da Jacinta, não há novidades, em relação ao que já tinha referido anteriormente (“Processo informativo da Serva de Deus Jacinta Marto”, inédito, fls. 264v-266v). No Processo do Francisco, faz reflexões mais extensas: “Eu, parece-me que estava na luz que se derramava sobre a terra; o Francisco e a Jacinta estavam na luz que subia para o Céu. É que a luz que irradiava das mãos da Senhora, voltadas para nós, deslocava-se como a luz dum espelho, melhor, era uma luz tão intensa que iluminava a terra circunjacente e envolvia-nos a nós como que penetrando-nos […]. Vimos, instantes depois, que Ela deixou cair um pouco a mão esquerda e vimos em frente ao peito, para o lado da mão esquerda, um coração cercado de espinhos. Distanciava-se um pouco do peito, ficando um pouco, à frente da mão direita. Entendemos que era o Coração Imaculado de Maria que Ela nos mostrava, pedindo-nos reparação pelos ultrajes que recebe dos homens. Ficámos uns momentos a contemplar esta aparição. E, acto contínuo, começou a elevar-se e desapareceu para o lado do Oriente. […]. As pessoas que interrogavam o Servo de Deus, perguntando se tinha ouvido e visto Nossa Senhora. Respondeu: Que sim, que a tinha visto e que era muito linda. Mas não tinha ouvido nada do que Ela dissera. Que ouvia tudo o que eu lhe dizia e que bem via que a Senhora falava, porque bem lhe via mover A segunda aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria (13.06.1917) 34 os lábios, mas não ouvia o que Ela dizia. Ansiava o Servo de Deus por se encontrar sozinho com sua irmã e comigo, a fim de que lhe disséssemos tudo o que Nossa Senhora tinha dito. Ouvia com atenção e não se esquecia. Nesta aparição o que mais impressionou o Servo de Deus foi a luz imensa que Nossa Senhora nos comunicou e na qual nos víamos em Deus. ‘Que lindo é Deus, que lindo é Deus! – exclamava – mas está triste por causa dos pecados dos homens. Eu quero consolá-lo, quero sofrer por seu amor’. Quando as pessoas começaram a insultar-nos e, por vezes, a maltratar-nos, o Servo de Deus mostrava-se contente e dizia que, de certo, eram sofrimentos que Nossa Senhora tinha dito que nos ia enviar; por isso, queria sofrê-lo por seu amor. Dizia que, como Nossa Senhora tinha dito que o ia levar em breve para o Céu; já não lhe importava mais nada; só desejava ir para lá depressa. Notei que intensificou mais o espírito de oração e de recolhimento, retirando-se, cada vez mais, da companhia doutras pessoas” (Processo Informativo do Servo de Deus Francisco Marto, inédito, fls. 232-232v). No seu último escrito, Como vejo a mensagem, redigido, uns anos antes de falecer, e publicado postumamente, em 2007, a Irmã Lúcia descreve, mais uma vez, o que aconteceu, no dia 13 de junho de 1917, e faz uma reflexão mais profunda sobre a mensagem desse dia: “Sentia-me já como que cansada de tantos importunos interrogatórios, atropelos e contradições. Não sabia, ainda, que era este o caminho por onde Deus me queria conduzir os passos para, por meio da Sua Mensagem, levar-me ao Céu e a tantos outros que queiram segui-la, indo após Ele, com fé, esperança e amor. Foi neste estado de ânimo que me atrevi a pedir à Celeste Mensageira que nos levasse para o Céu: ‘Queria pedir-lhe para nos levar para o Céu’. Já de nada me importava a terra. O que desejava era que nos levasse com Ela para Céu. Mas não eram esses os desígnios de Deus; por isso, respondeu: ‘Sim; a Jacinta e o Francisco, levo-os em breve, mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração’. Era a Missão que Deus me destinava; mas o ficar sem a companhia da Jacinta e do Francisco parecia-me o ficar só, neste mundo tão incerto e deserto, sem quem me possa seguir, compreender, ajudar e compartilhar, trilhando comigo os caminhos por onde Deus me quisesse levar, seja tropeçando nas pedras por onde passar, pisando cardos e abrolhos, caindo e levantando, sempre Deus me há-de dar a mão e ajudar a erguer para Ele o meu olhar. Pela vida fora, e hoje ainda, penso assim, mas então era muito ignorante e criança, para discorrer de tal forma; por isso, a celeste Mensageira respondeu: ‘Não, filha, e tu, sofres muito? Não desanimes; eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus’. Com esta promessa, senti-me confortada, cheia de confiança, certa de que a Senhora nunca me deixará só, seria Ela a conduzir-me e a guiar-me os passos pelos caminhos da vida, por onde Deus me quiser levar, e assim me abandonei nos braços paternais do nosso Deus, e a Seus cuidados de Mãe. Foi então que a celeste Mensageira, abrindo os braços com um gesto de maternal protecção, nos envolveu no reflexo da Luz do imenso Ser de Deus […]. Nesta aparição de 13 de junho de 1917, de que estou falando, digo nas “Memórias”: ‘À frente da palma da mão direita de Nossa Senhora, estava um coração, cercado de espinhos, que parecia estarem-lhe cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria, ultrajado pelos pecados da humanidade, que pedia reparação” (Como vejo a mensagem, através dos tempos e dos acontecimentos, 2.ª edição, Outubro de 2007, p. 42-44).


Pe. Luciano Cristino
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Fátima 2017 

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