quarta-feira, 9 de julho de 2014

Discurso do Papa Francisco à sociedade civil de Molise


Discurso do Papa Francisco à sociedade civil de Molise
e abertura do ano Jubilar Celestiano
Catedral de Isernia
Sábado, 5 de julho de 2014


Queridos irmãos e irmãs,

Obrigado pela calorosa acolhida! Agradeço a Dom Camillo Cibotti, o novo bispo de Isernia, e seu antecessor, o arcebispo Salvatore Visco, o prefeito, as Autoridades e a todos aqueles que contribuíram para esta visita. Este é o último encontro de  hoje, e se passa em um lugar simbólico: a Praça da Catedral. A praça é o lugar onde nos encontramos com  os cidadãos, e a catedral é o lugar onde nos encontramos com Deus, escutamos a Sua Palavra, para  viver como irmãos, irmãos e cidadãos. No cristianismo não há oposição entre o sagrado e o profano, neste sentido: os cidadãos e os irmãos.

Há uma ideia forte que me marcou, pensando na herança de São Celestino V. Ele, como São Francisco de Assis, teve um sentindo profundo da misericórdia de Deus, e do fato que a misericórdia de Deus renova o mundo.

Pietro del Morrone, como Francisco de Assis, conhecia a sociedade do seu tempo, com a sua grande pobreza. Eles estavam muito perto do povo, para o povo. Eles tinham a mesma compaixão de Jesus para com as  pessoas cansadas e oprimidas; mas não se limitavam a dispensar bons conselhos, ou consolações piedosas. Eles foram os primeiros a fazer  uma escolha contra-corrente, eles escolheram confiar na providência do Pai, não apenas como uma ascese pessoal, mas como um testemunho profético da paternidade e da fraternidade, que é a mensagem do Evangelho de Jesus Cristo.

E sempre me toca que com esta forte compaixão para com seu povo, esses santos sentiram a necessidade de dar ao povo a maior coisa, a maior riqueza: a misericórdia do Pai e do perdão. “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores.” Nas palavras do Pai Nosso, há um projeto de vida, com base na misericórdia. Misericórdia, indulgência, perdão de dívidas, não é apenas algo devocional, íntimo, um paliativo espiritual, uma espécie de óleo que nos ajuda a ser mais suaves, bons, não. É a profecia de um mundo novo: A misericórdia é a profecia de um mundo novo, em que os bens da terra e do trabalho são igualmente distribuídos e ninguém é privado, porque a solidariedade ea partilha são a consequência concreta da fraternidade. Estes dois santos deram um exemplo. Eles sabiam que, como clérigos – um era um diácono, o outro bispo, o bispo de Roma – como clérigos, ambos tinham que dar o exemplo de pobreza, de misericórdia e de esvaziamento total de si.

Aqui, então, há o sentido de uma nova cidadania, é o que  sentimos aqui nesta praça em frente à Catedral, onde falamos sobre a memória de São Pedro Celestino V.  Eis o sentido atualíssimo do Ano  Jubilar Celestiano, que a partir deste momento, eu declaro aberto, e durante o qual será aberta a porta, para todos,  da misericórdia divina.Não é uma fuga, não é uma fuga da realidade e de seus problemas, é a resposta que vem do Evangelho: o amor como uma força de purificação das consciências, força de renovação das relações sociais, força de projeção  para uma  economia diferente , que põe no centro a pessoa, o trabalho, família, ao invés do dinheiro e do lucro.


Estamos todos conscientes de que este não é o caminho do mundo,  não somos sonhadores, iludidos, nem queremos criar um oásis fora do mundo. Pelo contrário, acreditamos que esta estrada é boa para todos, é o caminho que realmente nos aproxima da justiça e da paz. Mas também sabemos que somos pecadores, que nós mesmos somos sempre tentados a não seguir este caminho e nos conformarmos com a mentalidade do mundo, a mentalidade do poder, a mentalidade das riquezas. Por isso nos confiamos à misericórdia de Deus, e nos empenhados a produzir com a sua graça, frutos de conversão e  obras de misericórdia. Essas duas coisas: converter-se e fazer obras de misericórdia. Este é o lema deste ano, deste ano jubilar Celestiano. Nós acompanhe e nos sustente sempre neste caminho a Virgem Maria, Mãe de Misericórdia.


Tradução: Liliane Borges

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