segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As aparições de Nossa Senhora



Há ocasiões em que há muitos indícios de uma forte presença de Deus, fazendo-nos acreditar que não é algo inventado ou sonhado pelas pessoas. Assim aconteceu em Guadalupe, Lourdes e Fátima.

Em outras ocasiões os sinais são tão confusos que a gente deve desconfiar quando aparecem videntes fanáticos com mensagens esquisitas, que não estão em sintonia com o Evangelho e a Igreja. De qualquer forma, as aparições não são uma comunicação de Deus totalmente pura.

Na mensagem do vidente, sempre vêm misturadas as suas experiências psicológicas e culturais, a visão que ele tem do mundo, a mentalidade da época e tantas outras coisas.

Por isso, a mensagem das aparições não pode ser tomada ao pé da letra, como se fosse uma comunicação “diretinha” de Jesus ou de Maria. A gente deve separar o que nos parece mais próximo de Deus daquilo que é limitação humana.

O fato de ver ou ouvir Nossa Senhora ou Jesus não significa que os videntes têm mais fé do que nós. A fé não precisa de sinais. Para nós importa saber que Deus se serve dessa capacidade extraordinária das pessoas para nos comunicar algo de seu amor.

As aparições não podem ser uma nova revelação de Deus para continuar ou completar o que Jesus Cristo nos deixou. Os videntes destacam alguns aspectos da vida de fé como a conversão, a penitência, a renovação pela opção ao Evangelho e a oração. Embora seja uma forma de comunicação extraordinária, as mensagens das aparições não substituem a Bíblia nem o Espírito Santo que fala no coração de cada cristão e da comunidade.

A gente dificilmente pode afirmar com tal certeza quando uma aparição é verdadeira, mas há alguns critérios que nos ajudam:

Ø    EQUILÍBRIO MENTAL DO VIDENTE: Se a pessoa tem boa saúde psíquica. As aparições vêm por pura graça de Deus e deve acontecer em pessoas mentalmente saudáveis.

Ø    HONESTIDADE DO VIDENTE E DE SEU GRUPO: Por vezes a busca de fama, poder e dinheiro ou a pressão de parentes e amigos acaba provocando aparições falsas nos videntes que como gravadores, passam a repetir mensagens para atrair um grande público.

Ø    A QUALIDADE DA MENSAGEM: A mensagem do vidente deve estar de acordo com o Evangelho e com a caminhada da Igreja. Tem que ser boa notícia, atualização do Evangelho para nós. Se começa a falar mal dos outros, a criticar as pastorais e os movimentos, especialmente os que defendem os pobres, é sinal que vem de Deus, mas do engano, do orgulho e da vaidade.

Ø    OS FRUTOS DAS APARIÇÕES: Se o movimento de uma aparição leva muitos cristãos a viver melhor na fé, na esperança e na caridade é um bom sinal. Nem sempre quando nas aparições acontecem sinais no céu ou milagres indica que a aparição seja divina. Pode acontecer que mesmo que o vidente seja desonesto ou desequilibrado, as pessoas também vejam sinais no sol, na lua, nuvens ou em qualquer coisa da natureza. A força do poder da mente associada à fé pode produzir frutos maravilhosos mesmo que a aparição não seja verdadeira.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A Piedade Mariana nas Devoções e Práticas (Parte II)



 A Oração do Rosário

Uma forma de oração mariana praticada ininterruptamente por muitos séculos e sempre encorajada pela mais alta autoridade eclesiástica é a oração do rosário.

A primeira tradição foi o uso muito antigo, atestado já a propósito dos monges egípcios dos primeiros séculos cristãos, de contar as orações orais com a ajuda de grãos ou pedrinhas. Posteriormente lanço-se mão de uma cordinha munida de pérolas ou grãos, enquanto na maioria das vezes a oração repetida ao ritmo desta cadeia era o “pai-nosso”.

A partir do século XII a “ave-maria” difundiu-se sempre mais. Começou-se a repetir-se também esta oração através de cordinhas munidas de nós, e por fim, foi unida ao “pai-nosso”. A contemplação hoje habitual dos 20 mistérios da vida, paixão e glorificação de Jesus Cristo é atestada com certeza a partir de 1480.

Durante séculos a tradição cristã considerou São Domingos como o verdadeiro criador do rosário, mas o certo é que as origens do rosário devem ser procuradas no fundador da Ordem dos Pregadores, no início do século XIII.

Em todo caso, São Domingos e a sua Ordem (dominicana) permaneceram através dos tempos, e até hoje, um símbolo da difusão desta oração por meio da pregação, dos escritos e das associações. Outras Ordens, como a Companhia de Jesus (jesuítas), a adotaram e contribuíram de maneira significativa para a sua difusão em toda a Igreja.


Num tempo de graves perigos provocados pelas heresias e pelo ataque dos turcos contra o Ocidente, São Pio V (1569 e 1571) exortou a cristandade a encontrar conforto no rosário. Depois da grande vitória conseguida na batalha naval de Lepanto, ele acrescentou à virtude desta oração a salvação da cristandade, definiu sua forma, e instituiu o dia 7 de outubro como festa do santo rosário e concedeu uma indulgência plenária aos que o rezassem.

De modo particular, o rosário é ilustrado sob os seguintes aspectos essenciais:

Ø    O rosário é uma oração bíblica;
Ø    Ele faz a resenha dos dados essenciais da história da salvação;
Ø    Está orientado para Cristo;
Ø    Apresenta um caráter meditativo;
Ø    Entre liturgia e rosário existe uma relação profunda.

O Concílio de Éfeso no ano de 431 afirmou: “Quem não confessar que o Emanuel é verdadeiramente Deus e que conseqüentemente a bem-aventurada Virgem Maria é a Mãe de Deus, porque, segundo a carne, deu à luz o Verbo encarnado que procede de Deus, seja excomungado”.

Como afirma o Magnificat, Deus realizou grandes coisas em Maria. Estas grandes coisas nada mais são senão isto: “Maria tornou-se Mãe de Deus”.

A finalidade última e autêntica da oração é o louvor a Cristo, ao passo que Maria abre caminho para Ele.

O que as nossas igrejas e o Cristianismo experimentado cotidianamente parecem oferecer apenas de maneira insuficiente, é procurado por muitos indivíduos nas filosofias e religiões orientais que com freqüência chegam ao homem ocidental sedento de soluções e cheio de problemas confeccionados de maneira sincretista.

Que o indivíduo recorra ao esquema orgânico e fixo de uma oração continuamente repetida não é necessariamente uma coisa de que deva envergonhar-se.

Para compreender realmente a natureza desta oração e experimentar a sua bênção, existe apenas um caminho: aproximar-se dela e rezá-la.

O Terço

Desde o início do Cristianismo, há mais de dois mil anos, os seguidores de Jesus desenvolveram muitas formas de oração. Uma delas, muito conhecida, é a oração vocal ou de repetição[1].

Não se sabe quando os cristãos começaram a rezar a ave-maria como oração vocal. Na Idade Média, monges analfabetos não podiam ler os Salmos e recitavam de memória algumas frases, inclusive a primeira parte da ave-maria que vem do Evangelho de Lucas.

Como há 150 Salmos, eles rezavam no correr do dia o mesmo número de ave-marias, mas só a primeira parte que junta a saudação do anjo com a de Isabel[2]. A segunda parte da ave-maria se espalhou a partir do ano 1480. Embora exista uma lenda que São Domingos tenha recebido diretamente de Maria o rosário, foi um monge que, nos anos 1300 fez a divisão das ave-marias em 15 dezenas com um pai-nosso em cada uma. Mais tarde, outro monge propôs a meditação dos mistérios. E depois, um frade dominicano criou o rosário, dividindo nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos.

O nome rosário quer dizer uma corrente de ave-marias, como uma coroa de rosas. O Papa João Paulo II, no aniversário de seu pontificado (16/10/2002) incluiu os Mistérios Luminosos no rosário. 

Atualmente o rosário possui duzentas ave-marias e vinte pai-nosso. O terço significa, como a palavra já fala, a terça parte do rosário, ou seja, 50 ave-marias. Um rosário completo tem quatro terços. A devoção do terço é livre. O devoto de Maria reza o terço como lhe guia o coração.

Se há desejo e tem possibilidades, pode rezar mais ave-marias, se lhe falta ocasião, reza menos. Mas deve ser bem rezado, com o coração aberto e boa preparação. Não é bom rezar o terço de forma mecânica, repetindo às pressas as ave-marias, para acabar logo. Os mistérios podem ser enriquecidos com trechos da Palavra de Deus, hinos e canções.

Como acontece com outras devoções, não se deve misturar o terço com a liturgia. Na hora da missa não se reza o terço.

Embora seja tão bom, nenhum católico é obrigado a rezar o terço. Como devoção, rezar o terço não é lei para ninguém, mas um instrumento abençoado.


[1] cf. Mc 14,39; Mt 26,44
[2] cf. Lc 28,42
_________________________________
Fonte: O Culto a Maria Hoje, Paulinas. (com algumas adaptações).

domingo, 23 de outubro de 2011

Uma só Maria em todas as "Nossas Senhoras"


Epíteto é uma palavra qualificando o nome de uma pessoa. Celebridades, reis e santos tem epítetos após o nome. É um título! Ex. Átila, o flagelo de Deus. Napoleão, o corso (Ilha de Córsega, onde ele nasceu). São Boaventura, o doutor seráfico. São João Maria Vianney, o cura d´Ars. Rui Barbosa, a águia de Haia. Os títulos após um nome ou são honoríficos ou são uma espécie de ‘apelido’ que caracteriza alguém: o que fez, foi ou pelo seu modo de ser. A bíblia acrescenta títulos aos nomes, a começar pelo de Jesus: o Nazareno (Mt.2,23). Há no Novo Testamento mais de 100 títulos apostos ao nome de Jesus: o Messias; o Verbo de Deus; o Ungido de Deus; o Emanuel (Deus conosco); o primogênito de toda a criação; a cabeça da Igreja etc. Indicam o amadurecimento da fé em Cristo ressuscitado no início da Igreja. São Marcos (2,17) informa: Jesus deu aos dois apóstolos irmãos, Tiago e João, um epíteto: Boanerges, isto é, filhos do trovão.
 
Ora, no Evangelho de Lucas a primeira referência à pessoa de Maria é um título dado a ela pelo mensageiro de Deus: “ó cheia de graça!” (Lc.1,28). Jesus chama sua mãe de Mulher: nas Bodas de Caná e no Calvário (Jo.2,4); (Jo.19,26). “Mulher, eis aí teu filho!” Isto revela a convicção dos primeiros cristãos no papel de Maria na salvação realizada por Jesus. Ela é a nova Eva, prevista no livro do Gênesis (3,15), como a vencedora futura do demônio. Vitória confirmada no livro do Apocalipse, cap. 12, que fala do grande sinal que apareceu no céu: uma mulher vestida de sol, a lua debaixo dos pés e uma coroa de 12 estrelas na cabeça. Por isso, a reflexão cristã deu à Maria desde os primeiros tempos o título: Imaculada! Ela é ainda chamada de: Mãe de Deus e de Sempre Virgem. O título de “nossa senhora” vem desde o 1º século. Segundo a pesquisa histórica e a iconografia (arte de representar por imagens), as primeiras imagens de Nossa Senhora seriam as chamadas “virgens orantes“ das catacumbas romanas. Maria é representada de pé, braços elevados em atitude de oração. A origem da veneração à Maria para o culto litúrgico e a devoção popular, nasceu da excelência da Mãe de Deus no evangelho: do seu papel na missão de Jesus, de sua condição de discípula-modelo para os cristãos. Essa é a causa dos inumeráveis títulos das “nossas senhoras” pelo mundo afora.
 
Não raro os títulos “nossa senhora” traduzem os anseios das pessoas, grupos ou povos. Assim os escravos negros eram devotos de Nossa Senhora do Rosário. Com o tempo o culto litúrgico à Mãe de Jesus e as invocações populares (ladainhas, novenas, terço) multiplicaram as “nossas senhoras”. Lembravam os locais onde Maria viveu (Belém, Nazaré); os episódios narrados nos Evangelhos (Ex: a Natividade; a Anunciação); o papel dela na missão de Jesus; um local onde aconteceram fatos extraordinários (Lourdes, Fátima, aparecida). Enfim, Maria é uma só em seu corpo terreno. Os títulos referem-se à sua condição glorificada, à íntima e inseparável união com o Filho ressuscitado. A grande imprensa não sabe distinguir isso. Um cristão consciente deve saber! Nomes e títulos de “nossa senhora” devem nos conduzir à escuta da Palavra de Deus e ao amor a Jesus Cristo. “Todas as gerações me chamarão: bem-aventurada!”
 
 
Pe. Antonio Clayton Sant ´Anna – CSsR
Diretor da Academia Marial de Aparecida

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Convite!



Com as bênçãos de Deus e a proteção de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, dia 21/10/2011, iniciará sua festa. Vamos nos unir em oração neste grande encontro de irmãos e irmãs que é a Paróquia de N. S. P. Socorro, COHAB. Alegremo-nos e abramos o nosso coração para ouvir e acolher aquilo que o Senhor irá falar.

Diponhamo-nos a viver como Maria, que é mãe e mestra na Evangelização de todos nós, e neste ensinamento, vamos nos unir para elevar o seu culto de louvor e adoração ao nosso Deus e dele receber bênçãos e graças em Cristo Jesus.


LOCAL: Igreja de N. S. Perpétuo Socorro - COHAB
PERÍODO: 21 a 30/10/2011

A festa é sua, é nossa!! Vamos participar!!!



OBJETIVO DO FESTEJO

I- Evangelizar tendo como instrumento o Testemunho de Maria, Mãe e Mestra e a Palavra de Deus como base na evangelização.

II- Ser um tempo forte de catequese e confraternização comunitário.

OBJETIVO ECONÔMICO

- Concluir a reforma de nossa Igreja Matriz.

Cordialmente, 
        Frei Carlos e Comissão Organizadora 2011.

Rezar pelas missões com a Virgem do Rosário


No domingo, dia 23 de outubro, a Igreja Católica celebra o Dia Mundial das Missões. É o dia em que as comunidades católicas se reúnem para rezar pelos missionários e aprofundar seu compromisso com as missões. No dizer de Bento XVI, “é uma ocasião preciosa para nos determos e meditarmos se e como respondemos à vocação missionária: uma resposta para a vida da Igreja”. O gesto concreto que acompanha a nossa oração neste dia é a Coleta Missionária. Com ela se constitui o Fundo Universal de Solidariedade, que é usado para subsidiar o trabalho da Igreja nas áreas mais carentes do Mundo.

O Dia Mundial das Missões acontece durante o mês do Rosário, quando inúmeras comunidades costumam se unir na oração do terço, honrando a Virgem do Rosário, que é também a Rainha das Missões.


Sabemos que a fé católica subsiste, em muitos lugares, graças à oração do Rosário. No tempo em que a maioria das pessoas era analfabeta, São Domingos de Gusmão propôs o rosário (três terços) como método de oração para as pessoas mais simples. Ao longo dos anos, foi o rosário que animou a fé cristã na ausência de padres e nos momentos de crise da Igreja. Era comum as comunidades se reunirem nos domingos para rezarem um terço do rosário seguido pela Ladainha de Nossa Senhora. Foi pela oração do rosário que pessoas se animaram a deixarem suas terras para irem a lugares distantes anunciar o Evangelho de Jesus Cristo.

João Paulo II diz que “rezar o rosário pelos filhos e, mais ainda, com os filhos, educando-os desde tenra idade para este momento diário de paragem orante da família, não traz por certo a solução de todos os problemas, mas é uma ajuda espiritual que não se deve subestimar”. Famílias que cultivam o hábito da oração do terço tem mais chances de superar os problemas do que as outras famílias.
 
No Dia Mundial das Missões renovemos o nosso compromisso com a causa do anúncio do Evangelho. Não nos esqueçamos da “missão na ecologia” que é o tema proposto para reflexão no mês de outubro do corrente ano. Renovemos nosso propósito de rezar pelas missões, podendo, para isso, nos valer do rosário, que é uma oração muito querida para inúmeros cristãos católicos presentes nos cinco continentes. E que Maria, a Virgem do Rosário e a Rainha das Missões nos proteja e acompanhe!

Dom Canísio Klaus

Bispo de Santa Cruz do Sul - RS


Às mulheres, a palavra!


No sábado, 3 de setembro, de um lugar incógnito da Líbia, Muamar Khadafi enviou uma mensagem aos soldados que permaneciam a seu lado na luta que travava contra os rebeldes: «Não se deixem atemorizar! A vitória é nossa! Não sejam mulheres, mas valentes!»

No domingo, os holofotes se voltaram para Roberto Carlos, de visita a Israel. A maior parte dos repórteres e jornalistas que o acompanhavam, transmitiu a notícia com estas palavras: «De quipá, cercado por policiais e repórteres (as mulheres tiveram de ver de longe, por causa da tradição judaica), o cantor Roberto Carlos causou frisson na tarde deste domingo em Jerusalém, ao visitar um dos lugares mais sagrados dos judeus, o Muro das Lamentações».

No mesmo dia, comecei a ler a autobiografia de Renata Borlone, uma jovem que, ao encontrar o Movimento dos Focolares, imprimiu um novo rumo à vida, tanto que seu processo de canonização já foi introduzido. Pouco antes da conversão, passou por uma experiência bastante negativa: «Certa vez, fui à missa com um vestido que eu julgava modesto, apesar de suas mangas curtas. O padre achou por bem não dar a comunhão a quem não estivesse de mangas compridas. Foi o que fez: ante o numeroso grupo de jovens ajoelhadas ao longo da balaustrada, ele ia escolhendo a quem conceder a eucaristia. Olhando para mim, passou adiante. Senti-me humilhada, até mesmo porque não me parecia estar cometendo um grande pecado. Continuei a frequentar a igreja, mas passei a entender as pessoas que, em situações semelhantes, sentem vontade de mandar os padres às favas».


No dia 14, o deputado Laerte Tetila apresentou na Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul um projeto de lei proibindo o Poder Público de financiar shows de cantores, autores de músicas preconceituosas contra a mulher: «Sabemos que o machismo existe desde que o mundo é mundo. O desrespeito à mulher, em composições musicais, nunca foi novidade. Mas, agora, chegamos a tal ponto, que as mulheres passaram a reagir, já que certas letras atingem níveis de baixaria nunca antes acontecidos. Letras deletérias, de conteúdos desrespeitosos, depreciativos, ofensivos; muitas vezes, com agressividade latente, que desqualifica, humilha e avilta explicitamente a imagem, a moral e a autoestima das mulheres».

Por fim, no dia 7 de outubro, foi anunciado que o Prêmio Nobel da Paz de 2011 havia sido conferido a três mulheres: Ellen Johnson Sirleaf, Leymah Gbowee e Tawakkul Karman. De acordo com o Comitê Norueguês, a escolha se deve «à sua luta não violenta pela segurança e pelos direitos das mulheres na participação do processo da construção da paz. Não podemos alcançar a democracia e a paz duradoura no mundo se as mulheres não têm as mesmas oportunidades dos homens para influenciar o desenvolvimento em todos os níveis da sociedade».

Ellen Johnson Sirleaf é a primeira mulher a ser eleita numa nação africana, a Libéria. Desde que assumiu o poder, em 2006, ela promove a paz no país buscando o desenvolvimento social e econômico e fortalecendo o status da mulher na sociedade.
Leymah Gbowee – também liberiana – se notabilizou na organização das mulheres, independentemente de suas diferenças étnicas e religiosas, no intuito de pacificar a nação e assegurar a participação feminina nas eleições.

Tawakkul Karman se distinguiu na luta pelos direitos das mulheres e pela busca da democracia e da paz no Iêmen, processo que faz parte da que passou a ser conhecida como a “Primavera Árabe”.

Às mulheres, a palavra! Que elas nos digam o que pensam de si mesmas e de sua presença na sociedade através da palavra de uma líder, como foi Chiara Lubich: «Narra a Escritura que bastaram poucas palavras para induzir a mulher ao pecado: “Serás como Deus” (Gn 3,5). Também hoje, na balbúrdia de vozes que deformam o pensamento, uma tendência infiltrou-se e continua avançando: levar a mulher a “ser como o homem”.

O Papa Pio XII vê a mulher como a “obra-prima da criação”. Para tanto, porém, ela precisa ser verdadeiramente mulher. Nos tempos atuais, saturados de ateísmo, a mulher, com o seu natural instinto para Deus e a sua perene vocação ao amor, tem uma missão primordial na renovação da sociedade: ser “portadora de Deus” para ser o coração da humanidade».

Dom Redovino Rizzardo, cs

Bispo de Dourados - MS


terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Piedade Mariana nas Devoções e Práticas (Parte I)


Apesar das condições dos tempos que já não são as mesmas, para a maior parte dos homens permanecem invariáveis aqueles momentos característicos do dia - manhã, meio-dia, tarde e noite – que assinalam os tempos de sua atividade e constituem um convite a uma pausa para a oração.

Maria, através do “sim” à mensagem do anjo[1], lançou a ponte que permitiu a Deus entrar na história do homem, enquanto o Logos se tornou um membro na cadeia das gerações humanas. O “sim” de Maria foi um “sim” que abraçou toda a sua vida. Um “sim” que ela traduziu, na prática, com profundo espírito de fé e obediência: o vínculo da mãe com o Filho na obra Redentora de Cristo continuou imutável mesmo na morte de cruz. Na sua qualidade de crente que teve que superar as provações mais duras, ela está completamente ao lado dos homens, do nosso lado.

No “Angelus Domini” confessamos que Maria é a nossa mais próxima, e ao mesmo tempo, mais exemplar companheira no caminho da fé. O orante medita sobre esta fé quando, no meio das ocupações do dia, pára por um breve momento a fim de orar.

O ritmo natural do dia oferece-lhe o quadro exterior para santificar as próprias ações e aspirações no início (laudes), no seu meio (hora média) e no seu fim (vésperas), relacionando-as com os mistérios da salvação. Recordando a contribuição dada por Maria à história da redenção, ele se sente chamado a crer de maneira viva e vigorosa, com uma fé que repete o “sim” da Virgem para a obra salvífica de Cristo e cujos frutos espera gozar. Quem reza o “Ângelus Domini” sabe que a Mãe de Deus o protege.

A oração do anjo permanece, pois, uma prática devocional que exprime os dados constitutivos e fundamentais da fé cristã, válidos para todos os tempos em genuína conformidade com a Bíblia e de maneira compreensível para os homens de todas as épocas, porque faz de forma simples. Ela se oferece ao homem moderno, dilacerados por imposições interiores e exteriores, e gravemente ameaçado na sua humanidade como meio de recolhimento e de reflexão sobre a única coisa necessária.

Ainda hoje, a oração do “Ângelus Domini” nada perdeu de sua atualidade, nem tem necessidade de reformas, mas somente de ser reavivada na prática dos fiéis.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Programação do Festejo 2011


Baixe agora a programação completa do Festejo de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro 2011

Download em:  
             

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Nossa Senhora Aparecida, exemplo para o povo brasileiro


Maria apareceu em muitos lugares, como Lourdes, Fátima e La Salete. No Brasil, o Senhor quis que ela "aparecesse" através de uma imagem. A imagem é uma representação plástica que se torna uma linguagem forte. A linguagem visual. O importante é que a imagem seja autêntica. Ou seja, que contenha uma mensagem para transmitir e que o faça.

Nossa padroeira se apresentou no Brasil por meio de uma imagem. Isso traz um significado profundo. É Deus se manifestando através dos recursos que temos para melhor compreender sua mensagem. Nosso povo é pobre e muitos não sabiam ler. Até hoje é grande o número de analfabetos. Mesmo aqueles que sabem ler, não têm o costume de se aprofundar na leitura, no tema.


A imagem, então, é uma importante ferramenta de comunicação com o povo. No Brasil, imagem evangelizadora que Deus usou foi a tão simples e pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida. Na sua humildade, Maria se coloca sempre pequena. Por isso, Deus a fez grande. Realizou nela maravilhas. Ela é a pobre do Senhor. E porque assim se fez, o Senhor olhou para sua pequenez, para sua humildade, e nela fez maravilhas.

Foi assim que Maria pôde profetizar em seu cântico: "Todas as gerações me proclamarão bem-aventurada". Todo esse trabalho de evangelização, que estamos realizando, hoje, deve ser feito com a força e o poder de Deus. Para que isso aconteça, ele só pode ser feito na humildade. A eficácia sobrenatural está intimamente ligada à humildade. Você pode e deve ser muito humilde e, por isso mesmo, muito eficaz.

É muito comum as pessoas confundirem eficácia com altivez, orgulho e auto-suficiência. Isso é do mundo. É daquele que é o soberbo, o orgulhoso. Para ele é assim. Mas, para Deus não! Aprenda, com a pequena imagem de Nossa Senhora Aparecida, a sua eficácia. Não houve no mundo eficácia como a de Maria. Ela deu ao mundo o Salvador. Ela trouxe a salvação a toda humanidade.

Maria tudo realizou na humildade. Não encontramos na Bíblia alguém mais pobre e humilde de coração. Justamente porque foi a mais pobre, a mais humilde, a mais simples, é que Deus fez dela a maior maravilha: o ponto de ligação entre a terra e o céu.

Humildade não é sinônimo de ineficiência. As pessoas pensam que os humildes são ineficientes. Não! Os orgulhosos, os vaidosos, os auto-suficientes fazem estardalhaço, mas são iguais ao bumbo, que emite som alto e é oco por dentro. O segredo da eficácia está na humildade. Você conhece alguém mais eficaz do que Maria? Ela trouxe o Salvador e a salvação a este mundo: a essência. Portanto, nós é que precisamos aprender essa eficácia com Maria.
___________________________________________
Monsenhor Jonas Abib (*)

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Nossa Senhora na Concepção Protestante


Maria desempenha um papel central também segundo a concepção protestante da fé, que este dado realmente desapareceu em larga escala da consciência geral, com prejuízo das próprias igrejas da reforma, e que uma veneração de Maria biblicamente fundamentada não ofende, necessariamente, a honra de Deus e de Cristo.

Não podemos, pois, nos interessar por Jesus Cristo sem levar em consideração sua mãe. Não temos Jesus Cristo sem Maria! Maria é aquela através da qual Cristo foi unido a toda humanidade e à sua história.

Exaltar, portanto, a virgindade de Maria significa exaltar a nossa salvação pois, sem a virgindade de Maria não há salvação. A Igreja não tem o direito de reduzir a doutrina sobre o nascimento virginal. 


Vejamos, por exemplo, o reconhecimento de alguns protestantes a respeito de Maria:

“Não existe Evangelho algum sem Cristo, sem a Igreja, sem o Espírito Santo e sem Maria” (Brandenburg).

“O Filho de Deus tem uma mãe” (Stahlin).

Maria é a porta da qual Deus entrou pessoalmente no mundo.

Embora os protestantes censurem a Igreja Católica dizendo que ela honra a si própria e exalta a si mesma em Maria, não faltam também autores evangélicos que estabelecem uma união entre Maria e a Igreja. Maria se reconhece como a humilde serva do Senhor que Deus olhou e encheu de graça.

Maria não é a causa da salvação, mas sua posição e função demonstram que a ação salvífica de Deus nunca se desenrola ignorando ou deixando de lado a história. Deus entrou na história por meio de Maria, portanto, ela, a israelita, pode representar toda a humanidade a quem Deus se dirige em sua ação e a quem quer atingir, partindo de Israel.

Considerar Maria como tipo da Igreja significa considerar como representante daquela força de fé que mantém em vida a comunidade cristã, como fogo que continua a arder sob as cinzas de toda e qualquer destruição.
____________________________________________
Fonte: O Culto a Maria Hoje, Paulinas.* com pequenos cortes e adaptações.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A educação afetiva e sexual dos filhos e o uso do preservativo como inibidor da Aids


Qual a melhor forma para se evitar a AIDS? Os preservativos são realmente seguros? Existe "sexo seguro" ? Como deve ser a educação afetiva e sexual dos filhos?

Neste artigo o autor explica à católicos e não-católicos quais os fundamentos da Igreja para não recomendar o uso dos preservativos, e comenta o programa de distribuição de preservativos iniciado pelo Ministério da Saúde e da Educação.

Caríssimos irmãos e irmãs: hoje gostaria de ter com vocês uma conversa amigável. Somos uma família. Uma família mais unida do que julgam aqueles que não nos conhecem. E na família há esses momentos gostosos de conversa depois do almoço, na varanda, no quintal ou na sala tomando um cafezinho. Desejaria, agora, se vocês me permitissem, entrar no vosso lar, sentar-me ao lado de vocês e, num cálido ambiente familiar, ir falando daquilo que me preocupa e que penso ser motivo de preocupação e de perplexidade para vocês, como fazem os irmãos entre si, os pais com os filhos, os filhos com os pais e os amigos de verdade. 
 
E provável que esse nosso encontro se prolongue por um certo tempo. É bom que seja assim. Deste modo tudo o que gostaria de lhes comunicar, penso, ficará claro e, provavelmente, a partir dessa nossa conversa, vocês sairão mais esclarecidos e se sentirão mais fortalecidos para abordar esse tema com os seus filhos, vizinhos, amigos e irmãos na fé. 

Ultimamente tem aparecido, nos jornais, revistas e televisão – inclusive num programa de grande audiência – ataques a nossa grande família que é a Igreja, chamando-a de “retrógrada” e “medieval”, e tratando ao Cardeal Alfonso López Trujillo, que trabalha no Vaticano como Presidente do Pontifício Conselho para a Família, de uma maneira afrontosa. Culpam-no, erradamente, de não ter apresentado nenhuma pesquisa sobre a ineficácia dos preservativos. Também por esta razão nos vimos obrigados a citar bastantes pesquisas sobre esta matéria. Trabalhos estes que também são do conhecimento de D. Alfonso. 


OS QUESTIONAMENTOS 

Alguns meios de comunicação questionam: como é possível que a Igreja não recomende o uso dos preservativos? Não é este o método mais eficaz para deter o avanço dessa doença que está se convertendo numa verdadeira epidemia endêmica de âmbito planetário?: “A Igreja nega o óbvio”, apregoa a manchete de um importante jornal paulistano... 

Talvez nós, que amamos a Igreja, nos sentimos constrangidos quando o Ministério da Saúde, ou a Organização Mundial da Saúde (OMS) expressa opiniões semelhantes. 

Vamos por isso raciocinar juntos num âmbito familiar. Muitos de nós já enviamos a diferentes jornais artigos e cartas que tentavam esclarecer o problema. Mas ou não os publicam ou os publicam fracionados ou incluídos num contexto que os desfigura. E é por isso que sinto necessidade de abrir o coração e falar agora, sem entraves, à nossa querida família cristã. Esta é a razão de ser desta carta familiar. Num clima sereno, sem polemicas, vamos ir deixando fluir os nossos pensamentos, procurando que prevaleça o bom senso e a ponderação. 

A OMS parte de um fato: os costumes atuais não seguem as normas tradicionais, nas que as relações sexuais estão destinadas a consumar um amor estável dentro do matrimônio onde, como fruto desse amor, hão de vir os filhos, criados e educados dentro desse âmbito familiar. Isto, porventura, poderia ser considerado como o “ideal” mas – argumenta-se – não podemos viver de “idealismos” mas de realidades. E a realidade é bem diferente. Os jovens começam a ter relações sexuais antes do matrimônio; muitos não se casam, e mantêm relações eventuais e transitórias; as moças jovens com freqüência deixam-se levar pelos seus impulsos e sentimentos, não se vive a fidelidade conjugal... Há, enfim, em não poucos ambientes um clima de permissividade ou até de promiscuidade, bem diferente a um eventual e teórico “ideal”. E é preciso encarar essa realidade, deixando de lado certos princípios, que estão sendo ultrapassados pelo progresso das ciências e das descobertas dos fármacos anticoncepcionais e dos preservativos. A verdade é que a Igreja está fora da realidade. 

Continua-se argumentando: Qual é o método mais seguro, barato e de fácil divulgação?: o preservativo. Mas o preservativo não tem falhas? Alguns representantes do Ministério da Saúde e da OMS dizem taxativamente que não. Outros, contudo, admitem que elas existem, mas argumentam deste modo: admitamos que os preservativos têm 10% de ineficácia, mas este risco é muito maior quando eles não são usados; então o risco é de 100%. É por esta razão que recomendamos o preservativo. Um cientista, num importante jornal do Rio de Janeiro, alega que as vacinas contra o sarampo e a pólio, também não imunizam 100%. E nem por isso se pensa na possibilidade de não usá-las ou de fazer campanhas chamando a atenção para isso, sob pena de incentivar a rejeição das vacinas que praticamente erradicaram aquelas doenças.
Estes argumentos parecem tão contundentes que não poucos católicos ficam perplexos. Talvez não chegam a contradizer abertamente a posição da Igreja, mas ficam com dúvidas ou acuados ou pelo menos fragilizados. 

ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS 

Devemos, contudo, ponderar que a Igreja – a única instituição duas vezes milenar – tem razões muito sérias para recomendar que não se usem os preservativos. Convido-os, por isso, novamente, para continuarmos refletindo juntos, com toda calma e serenidade. 

Falando-lhes como um irmão, preocupado como estou, que se deteve a estudar esse assunto em profundidade, a fim trazer-lhes um posicionamento seguro a respeito destes questionamentos, quero dizer-lhes que a argumentação antes apresentada – que compara as falhas do preservativo com as das vacinas do sarampo, ou da pólio, por exemplo – não é consistente, por duas razões: a primeira, porque os vírus da pólio e do sarampo não se podem evitar: atacam em qualquer momento, transmitem-se pelo ar que se respira, pela água que se bebe, pelo alimento que se come ou pelo contato habitual do relacionamento social... A AIDS, não: transmite-se fundamentalmente pelas relações sexuais. E ninguém é obrigado a praticá-las com uma pessoa que não se conhece em profundidade, da mesma maneira que é obrigado a comer, a beber, a respirar ou a relacionar-se socialmente... A segunda, porque no caso dos preservativos, a propaganda recomenda o uso como se as relações promíscuas fossem “normais”, inócuas, inevitáveis, ou até recomendáveis. Essa é a feição que tem as propagandas que às vezes aparecem: “aproveite o carnaval, mas use ‘camisinha’”. Aceita-se um pressuposto inadequado – a promiscuidade – e inclusive incentiva-se a mesma: “não se iniba, divirta-se, mas – cuidado! – use ‘camisinha’”. 

A propaganda, em geral, não faz nenhuma advertência, não entra em sutilezas, simplesmente incita a usar a “camisinha” fomentando o que este uso traz consigo: uma relação eventual e insegura. É um meio que, sem dúvida, convida ao desregramento sexual. Desregramento sexual este que traz consigo muitos inconvenientes: o enfraquecimento da saúde e da força de vontade, a perda de um comportamento social e profissionalmente correto, a falta de respeito à pessoa humana e, sobretudo, a infidelidade conjugal e a gravidez precoce, da qual não poucas vezes deriva o aborto. 

A mentalidade permissivista pode aceitar-se teoricamente, porém, quando na prática nos afetam pessoalmente, é bem diferente. Pode-se defender o “sexo livre”, mas ninguém aceita que a sua esposa, ou o seu marido, tenha relações com um terceiro. Pode-se, intelectualmente, ser favorável às relações sexuais pré-matrimoniais, mas ninguém gosta que uma filha de quinze anos fique grávida, ou que um filho de quatorze anos seja pai. O fim bom não justifica utilizar meios perversos. Quem aceitaria montar uma escola para ensinar aos pivetes de rua a roubar sem matar? Alguém alegaria que o fim é excelente: evitar muitas mortes. Mas os meios utilizados são péssimos. 

Evitar o pior não justifica consentir no que é mau. Evitar a AIDS é ótimo mas fomentar a promiscuidade é péssimo. Não estaremos utilizando um inibidor para a AIDS – o preservativo – que, em última análise, pode se tornar causa desta mesma doença? Descuida-se a educação dos adolescentes para a afetividade e a vida sexual sadias, lamenta-se o uso precoce do sexo e a gravidez das adolescentes e de repente, “a toque de caixa”, põe-se nas mãos dos menores um pacote de preservativo como que dizendo: “fique bem a vontade, a ‘camisinha’ garante”. É igual que querer apagar um incêndio com gasolina! E depois chamam de irresponsável a quem dá um grito de alerta. 

O “slogan” da “camisinha” que foi anunciado num conhecido programa de televisão é este: “Pecado é não usar camisinha”. É difícil inventar uma tão ardilosa falácia. “Pecado é não usar ‘camisinha’”, mas não é pecado trair a esposa usando camisinha; não é pecado o desregramento sexual porque se usa “camisinha”; não é pecado deflorar uma menina porque se usa “camisinha”; não é pecado perverter menores incitando-os a usar “camisinha”; não é pecado desfigurar a imagem do Brasil, que tem tantos valores, apresentando-o como o país da libertinagem, das mulheres fáceis, dos bacanais de carnaval... 

Se uma campanha gastou tempo para inventar esta “sutileza”, o que poderemos esperar no desenvolvimento da mesma campanha? A Igreja simplesmente aconselha a ter um comportamento decente – porque, não o esqueçamos, a questão consiste em ser simplesmente decente – e deixa em liberdade para que as pessoas tomem a atitude que o desejarem: não faz campanha. Não tem milhões para fazer propaganda. Não pressiona a opinião pública dessa maneira. Mas, tem que suportar o peso fabuloso que representa para a opinião pública programas de televisão caríssimos. Nós perguntaríamos, quem realmente comete o pecado? Por que esse interesse em denegrir a imagem da Igreja? Não será por medo que a atitude transparente d’Ela desperte a consciência dos cidadãos? Será necessário gastar milhões para tentar convencê-los: “Não, não há pecado quando se usa ‘camisinha’”. A Igreja não pretende admiração. A Igreja o que pretende é respeito. 

As ações que facilitam a propagação de uma doença são eticamente reprováveis. E os atos que desumanizam o sentido da sexualidade são igualmente reprováveis. João Paulo II assim se expressou: “o uso dos preservativos acaba estimulando, queiramos ou não, uma prática desenfreada do sexo”. 

Podemos inibir-nos às vezes, queridos irmãos e irmãs, mas é preciso ter a coragem de dizer as verdades, aos filhos, à sociedade e ao Estado: não existe sociedade estável, sem família bem constituída; não há família bem constituída sem fidelidade conjugal; e não há fidelidade conjugal sem a educação da afetividade e do sexo, sem auto-controle. E quando não há auto-controle, o que fazer? A OMS e o Ministério da Saúde advertem: Não é para se preocupar: use a “camisinha”! A “camisinha” soluciona todos os problemas... Perguntamos: a “camisinha” protege das crises conjugais, do sexo prematuro tão perturbador para tantos menores de idade, da delinqüência juvenil e das conseqüências naturais da desestruturação do lar? Sabemos muito bem que a questão não consiste em curar os efeitos; é preciso suprimir as causas. Não se soluciona o problema profilático da água colocando um filtro em cada torneira, mas purificando a água na fonte, no reservatório. Não se encontra o remédio na “camisinha”, mas na mudança de atitude: um verdadeiro trabalho educativo no qual a Família, o Estado e a Igreja têm que envidar os mais vigorosos esforços. 

Não, não é com preservativos que se solucionarão os problemas do desregramento sexual, mas com um trabalho profundo que venha a colocar no lugar que merece o valor da vida, do amor, do sexo, do matrimônio e da família. 

E é nessa empreitada que está metida a Igreja. A Igreja não nega o óbvio. A Igreja reconhece o óbvio – a realidade – mais esforça-se por superá-la. Talvez seja a única entidade, a nível mundial, que tem a coragem de chamar as coisas pelo seu verdadeiro nome. E talvez seja por essa razão que é tão duramente criticada: a luz alegra os olhos sadios e fere os que estão doentes. 

O FUNDAMENTO DA POSIÇÃO DA IGREJA 

Mas, caríssimos amigos e amigas, voltemos a um ponto concreto destas nossas reflexões. Há quem diga: que tem a ver a Igreja com a eficácia técnica e profilática dos preservativos? E nós poderíamos responder com toda a certeza: em realidade ela não tem nada que ver com isso, como não tem nada que ver com a eficácia da estreptomicina, enquanto o assunto estiver no âmbito científico. A Igreja defenderia a mesma opinião de sempre ainda que os preservativos fossem absolutamente seguros. Com efeito, o fundamento da posição da Igreja é muito mais profundo: a mesma natureza humana. 

O eminente descobridor do HIV, Luc Montagnier, não se recusou a comprometer-se a fundo ao indicar como deveriam ser as campanhas contra a AIDS: “são necessárias campanhas contra práticas sexuais contrárias à natureza biológica do homem. E, sobretudo, há que educar a juventude contra o risco da promiscuidade e o vagabundeio sexual” . Note-se que não é o Padre que fala no confessionário, mas o cientista-descobridor do HIV. 

A lei natural determina que existe um vínculo inseparável entre a relação sexual e a transmissão da vida. Romper artificialmente essa união – como acontece no uso do preservativo – representa uma grave infração dessa mesma lei natural. 

A Igreja reafirmou este princípio em repetidos documentos. Apresentamos aqui, apenas um texto da Humanae Vitae, de Paulo VI: “A doutrina da Igreja está fundamentada sobre a conexão inseparável que Deus quis e que o homem não pode alterar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e o significado procriador”(n. 12). 

A mesma Encíclica esclarece: “É de excluir, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, tanto perpétua como temporária, e tanto do homem como da mulher; é, ainda, de excluir toda, a ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação”(n. 14). 

Não se pode mudar a ordem natural em função de uma solução imediatista e inadequada que, além de não solucionar o problema da proliferação da AIDS, propicia e incentiva a uma prática desregrada do sexo. 

Se a Igreja não tem porque dar um diagnostico técnico sobre a eficácia do preservativo, contudo – como qualquer pai ou qualquer mãe – muito se importa quando se pretende enganar os seus filhos com afirmações pouco transparentes ou falaciosas. Nos artigos que têm aparecido recentemente nos jornais, infectologistas afirmam que “não conhecem qualquer estudo confirmando que o vírus da AIDS passa pelos poros da camisinha”. Uma afirmação como esta só tem duas explicações: ou, por um lado, há um desconhecimento das múltiplas pesquisas verificativas existentes nesse sentido (ignorância que não se pode desculpar num verdadeiro cientista); ou, por outro, existe má fé: ocultam-se dados importantes para não tirar força a uma campanha que envolve milhões de reais, alimenta a próspera “indústria do sexo” e enriquece os laboratórios. 

A EFICÁCIA DOS PRESERVATIVOS 

Com efeito, existem numerosos trabalhos que demonstram a ineficácia dos preservativos. A nossa conversa familiar está-se prolongando demais. Não a quero tornar mais cansativa e pesada, com uma repetição enfadonha de dezenas de pesquisas existentes nesta matéria. Por isso pediria o vosso consentimentos para citar apenas alguns exemplos. 

“A Food and Drug Administration (FDA) – entidade do governo dos Estados Unidos encarregada de aprovar medicamentos, próteses, aditivos alimentares, etc. – estudou 430 marcas com 102.000 preservativos; 165 fabricadas nos EUA com 38.000 preservativos e 265 marcas estrangeiras com 64.000 preservativos. O resultado da pesquisa verificou que 12% das marcas de estadunidenses e 21% das estrangeiras não tinha um nível suficiente de qualidade” . “Aceitando essa taxa de defeitos, a probabilidade de falha no caso do preservativo seria de 20,8% anual se mantivessem relações uma vez por semana e de 41,6% se fossem duas vezes por semana” . 

“Em 1992 o Dr. Ronald F. Carey, pesquisador da FDA, introduz microesferas de poliestireno do diâmetro do HIV em preservativos que tinham superado positivamente o teste da FDA e os submeteu a variações de pressão similares às que se produzem numa relação sexual: um terço deles perdeu entre 0,4 e 1,6 nanolitros. Numa relação sexual de dois minutos, com um preservativo que perde um nanolitro por segundo, passariam 12.000 vírus de HIV” . Como se observa, a porosidade do látex pode permitir a passagem de milhares de vírus da AIDS, com toda a sua carga mortífera, apenas numa breve relação. Este vírus é 450 vezes menor que o espermatozóide. 

O Centro de Controle de Doenças de Atlanta (EEUU), o que mais informações possuem na luta contra AIDS, reconhece que “o uso apropriado dos preservativos em cada ato sexual pode reduzir, mas não eliminar, o risco de doenças de transmissão sexual” e acrescenta: “a abstinência e a relação sexual com um parceiro(a) mutuamente fiel e não infectado (a) são as únicas estratégias preventivas totalmente eficazes”. Nestes mesmos termos, a OMS, paradoxalmente, em algum momento já afirmou que “só a abstinência ou a fidelidade recíproca perdurável entre os parceiros sexuais não infectados, elimina completamente o risco de infecção do vírus HIV”. Se tornássemos a ler, novamente, esta última frase pareceria estarmos escutando um aconselhamento da Igreja. Mas, não, é a própria OMS que o afirma. Criticando a Igreja, essa organização está, sem perceber, contestando afirmações feitas por ela mesma. 

Uma fonte da Internet subscreve: “Em maio de 2003, um estudo realizado na França pelo “Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica”, põe os cabelos em pé, ao indicar que a metade dos preservativos usados se rompem ou se utilizam mal: há, portanto, segundo esse estudo, somente uns 50% de eficácia prática dos preservativos. A eficácia teórica, realizada no laboratório em condições ideais, é bem diferente da eficácia alcançada no uso prático dos preservativos. 

Esta mesma fonte acrescenta: “Toda sociedade se fundamenta na confiança que os cidadãos têm nos responsáveis políticos, escolhidos democraticamente nas urnas, por isso mesmo não há nada mais decepcionante que a queda dessa confiança. Confiamos em que os responsáveis políticos haverão tomado nota destes importantes estudos que se acabam de citar, para agir em conseqüência, já que não se pode brincar com a saúde dos cidadãos” . 

Não se poderia aplicar esse apelo a algumas autoridades brasileiras e a certos meios de comunicação social? Por que culpar o Cardeal Lopez Trujillo das suas afirmações e não ao Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica da França? Aliás, ao referirmos ao Cardeal Lopez Trujillo, acrescentaremos a resposta que ele mesmo deu à BBC de Londres depois das suas declarações tão mal interpretadas, dizendo que o Sr. Cardeal não apresentava provas científicas para as suas declarações. Assim se expressa D. Alfonso:“Há muitos estudos publicados que fazem surgir dúvidas fundamentadas no que diz respeito à «segurança» do uso do preservativo. Jacques Suaudeau, doutor em Medicina, que seguiu de perto o debate e problema da AIDS na África, tem um importante artigo em nosso «Lexicon» cheio de anotações bibliográficas acerca do tema. Nós recebemos também notícias de um relatório de grupos que representam 10.000 médicos que acusam o «Centre for Disease Control» (CDC) nos Estados Unidos de ocultar a pesquisa do próprio governo, a qual mostrava a «ineficácia dos preservativos para prevenir a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis». Este informe do «Catholic Family and Human Rights Insitut» (um grupo em Nova York que controla os temas da ONU em relação à família e à vida) manifesta além disso que a rejeição do CDC de reconhecer este fato «contribuiu para propagar a epidemia de doenças sexualmente transmissíveis»”. 

Infelizmente do equívoco da BBC se fez eco uma muito conhecida revista brasileira e, aquele programa de televisão de tão grande audiência a que nos referimos antes. Não é só a imatura superficialidade de ambas as reportagens as que nos causam espanto, mas a irresponsabilidade com que se acusa, sem provas, (aí sim é que não apresentam provas!) uma autoridade da Igreja digna de crédito. 

Poderíamos prosseguir citando dúzias de pesquisas até esgotar a vossa paciência, queridos irmãos e irmãs. Limitamo-nos apenas a fazer constância de algumas delas, a mais, citando-as no fim desta carta. 

Depois de tudo o que foi dito perguntamos: como é possível que um pesquisador, professor de uma renomada Universidade do Rio de Janeiro, possa afirmar que “não existe qualquer estudo mostrando que a “camisinha” é ineficaz na prevenção da AIDS”? Como se explica que as críticas dirigidas a quem desaconselha o uso do preservativo e propõe uma educação afetiva e sexual mais de acordo com a natureza humana, tenha como um único destinatário a Igreja Católica? 

O descobridor do HIV, o Centro de Controle de Doenças de Atlanta, o Instituto da Saúde e da Pesquisa Médica da França, não falam fundamentando-se numa norma religiosa mas, pelo contrário, baseando-se nos resultados orientados por um estudo científico sério e consciencioso. 

Então, como é possível dizer que a “Igreja nega o óbvio”? Não seria melhor asseverar que a Igreja afirma o que toda pessoa com um mínimo de informação e de consciência ética também afirmaria, seja esta hindu, budista, maometana, cristã ou espírita; quer seja parte do povo comum do Brasil, quer integre um governo que diz querer representar os sentimentos desse povo? 

Voltamos a insistir em algo fundamental: a Igreja não rejeita o uso de preservativos somente porque estes não são eficazes. Continuaria afirmando o mesmo se estes fossem 100% perfeitos, em todo momento e em todas as circunstâncias. Mas levando em conta as falhas da “camisinha”, é natural que, como faria qualquer mãe responsável, advirta aos seus filhos dos riscos que correm. Há momentos em que calar-se representa uma grave omissão. Porque faz isso o Ministério da Saúde? Como já afirmamos em outro momento, não é transparente uma propaganda de difusão indiscriminada do uso do preservativo sem chamar a atenção sobre os seus perigos. Se todo laboratório tem a obrigação legal de indicar na bula dos remédios os efeitos colaterais do mesmo, e os fabricantes de cigarros alertar, em cada maço, as doenças que o fumo provoca, o Ministério da Saúde tem também a obrigação de prevenir a população a respeito do risco no uso dos preservativos. Coisa que ele sistematicamente não faz: fala-se sempre de “sexo seguro”. 

A ATITUDE DA IGREJA DISSEMINA A AIDS? 

A Igreja não está impedindo o combate à AIDS, pelo fato de não concordar com o uso da “camisinha”. Quem afirmar o contrário está difundindo uma inverdade insidiosa que muitos aceitam passivamente sem ulteriores verificações. Como uma pequena mostra disto que acabamos de afirmar copio um artigo de, ISTMO, uma conhecida e prestigiosa revista cultural mexicana, – não de uma revista religiosa – escrita por um especialista na matéria e não por um moralista: “Se analisarmos a AIDS na África, devemos pensar que a influência da Igreja Católica se circunscreve a 15,6% da sua população total. Alguém se atreveria a afirmar que a AIDS prejudica em maior medida aos católicos do que aos muçulmanos ou animistas? Não seria possível fazer isto, já que diversas estatísticas demonstram que a comunidade católica sofre em medida bem menor a praga da AIDS: é lógico que o ensinamento em favor da monogamia e da castidade tenham os seus efeitos positivos em ambiente de promiscuidade generalizada. 

“Então entre que grupos humanos a atitude da Igreja poderia contribuir para disseminar AIDS? Entre os católicos sem prática religiosa, nem vivência dos seus princípios morais? Seria sensato supor que quem é infiel a sua esposa, virá a respeitar a orientação da Igreja que desaconselha o uso do preservativo? Nestas condições correria, por acaso, o risco de contaminar-se para ser fiel às orientações de uma religião que não pratica? Seria um absurdo. Evidentemente que quem não têm escrúpulos de ter relações com uma mulher fácil ou uma prostituta, nem se apresentará a questão da licitude moral do preservativo. Portanto acusar a Igreja Católica na difusão da AIDS por esse motivo é, mais do que um absurdo, uma manobra para negar-se a reconhecer a realidade contrária: sem a moral católica a sociedade seria mais promíscua e, em conseqüência, a AIDS estaria muito mais estendida”. 

The Wall Street Journal, no 14 de outubro último, deixou constância que 25% dos doentes de AIDS no mundo são atendidos por instituições católicas. E, igualmente, afirmou que os estudos científicos – um deles a cargo do Serviço de Saúde dos Estados Unidos e outro à responsabilidade da Universidade de Harvard – coincidiam em alertar sobre os decepcionantes resultados da prevenção da AIDS baseados no preservativo. Menciona-se o caso de Uganda que em 1991 contava com uma taxa de infecção de 20%, enquanto que no ano de 2002 tinha descido aos 6%, em virtude de uma política sanitária centrada na fidelidade e na abstinência, não no preservativo, (à diferença de Botsuana e Zimbábue que ainda ocupam os primeiros lugares nos contágios) . 

Chama a atenção que estes fatos são sistematicamente silenciados. Por baixo das realidades verdadeiramente científicas desliza uma correnteza estranha e anticientifica que silencia estas realidades positivas. A agência LifeSite e a agência ACI, por exemplo, denunciaram recentemente que a maioria dos informes sobre a AIDS na África ignoram sempre os êxitos conseguidos em Uganda, por haver apostado, na sua política sanitária, na promoção da abstinência sexual, da fidelidade e da castidade. 

Muitas autoridades, incluindo o Secretário de Estado norte-americano Colin Powell, louvaram e reconheceram o êxito de Uganda em reduzir a taxa de infecção uns 50% desde 1992. Inclusive a CNN informou que no ano 2000 foi o país “com maior sucesso na luta contra a AIDS”. No entanto a LifeSite adverte que por uma razão desconhecida “o êxito de Uganda poucas vezes é mencionado” . 

Questionamo-nos se essas razões, desconhecidas e entranhas, são as que fazem a alguns cientistas brasileiros dizerem que “desconhecem a existência de pesquisas sobre falhas nos preservativos” e os levam a formular críticas maldosas dizendo que a Igreja “desconhece a realidade” e “nega o óbvio”. 

O jornal espanhol La Gaceta de los Negócios, (16/12/02) comenta nesse sentido: “os patrocinadores do preservativo, como principal instrumento de prevenção da AIDS, em lugar de aceitar esta evidência – o grande sucesso da Uganda – se obstinam nas políticas de extensão do uso do preservativo, que leva inevitavelmente consigo o implícito convite à promiscuidade sexual sob a mentirosa promessa do ‘sexo seguro’. O resultado é o que temos diante dos olhos. Há loucos dispostos a tudo antes de propor o domínio sobre as paixões”. A afirmação está feita por um jornal comercial, não por um boletim paroquial. 

O governo Bush procura, agora, incorporar um treinamento de abstinência ao Programa Internacional Americano para a AIDS. Este plano questiona a efetiva prevenção da Aids por preservativos . 

Há evidentes realidades de que o chamado “sexo seguro” não têm contido a expansão da doença. Por exemplo, conduzida por Nelson Mandela, a África do Sul abraçou firmemente a estratégia do “sexo seguro”, e o uso de preservativo aumentou. Mas a África do Sul continua a liderar mundialmente os casos de infecção por AIDS com 11,4% de sua população atualmente infetada. Há Notícias do Mercury News de Miami que a Fundação Bill e Melinda Gates gastarão US$ 28 milhões para estudar o potencial dos preservativos no controle de natalidade e no combate a AIDS na África. Porém, as mesmas notícias de Mercury News, acautelam que: “As bases científicas para a prevenção da AIDS através de preservativos são mais teóricas que clinicamente provadas”. 

Insistimos: não entendemos como, depois de tantos questionamentos de tão alto nível, algum professor universitário brasileiro ou algum representante do Ministério da Saúde afirmem, sem fazer nenhuma ressalva, “a segurança absoluta dos preservativos”. Perguntamos reiteradamente: é ignorância ou uma versão nova da “conspiração do silêncio”? 

A SOLICITA PREOCUPAÇÃO DA IGREJA PELA AIDS 

Não podemos deixar de notar que a Igreja preocupa-se extraordinariamente com a AIDS. Mas ainda, é uma das entidades que, de uma maneira mais efetiva, luta contra a AIDS. O Cardeal Cláudio Humes, chefe da delegação da Santa Sé na ONU, no 22 de setembro de 2003, também proclamou que “a Santa Sé, graças as suas instituições no mundo inteiro, provê 25% da atenção total que se dá às vítimas do HIV/AIDS, e assim ela se situa entre os principais atores nessa matéria, particularmente entre os mais assíduos e melhores provedores de atenção às vítimas” . 

A Igreja no Brasil já assumiu o serviço de prevenção do HIV e da assistência a soro-positivos e, sem preconceitos, acolhe, acompanha e defende o direito à assistência médica e gratuita daquelas e daqueles que foram infectados pelo vírus da AIDS. Faz também um trabalho de prevenção pela conscientização dos valores evangélicos, sendo presença misericordiosa e promovendo a vida como bem maior (Cf. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, nº 123 – Doc. 71, 2003). 

Evidentemente, ninguém dedicaria tamanho esforço para atender solicitamente e curar, na medida do possível, os doentes da AIDS, e ao mesmo tempo, estivesse facilitando a propagação da mesma doença de uma maneira irresponsável, como maldosamente já disse ultimamente algum meio de comunicação. Em todas as questões é preciso olhar, de diferentes ângulos, para todas as facetas de um problema a fim de obter a respeito dele um diagnóstico equilibrado e certeiro. Este critério não é certamente o que seguem os que estão criticando a Igreja agora por desaconselhar o uso do preservativo. 

O PROGRAMA DE DISTRIBUIÇÃO DE PRESERVATIVOS 
 
Capítulo à parte constitui o programa de distribuição de preservativos iniciado pelo Ministério da Saúde e da Educação. Pretendem entregar cerca de 235 milhões de preservativos por ano, para 2 milhões e meio de estudantes das escolas fundamentais. Voltamos a repetir o que já dissemos em outro lugar. No âmbito de uma população estudantil formada por adolescentes, o perigo de que a propaganda de distribuição de preservativos venha a ser um incentivo para a prática do sexo precoce, é algo claro e evidente de per si. Porque, sob a capa de evitar uma doença, parece que, subliminarmente, se está insinuando com uma a pedagogia indireta,: “Transar, não há nada demais”. “se você sente esse impulso porque não satisfazê-lo? O importante – isso sim! – é usar a “camisinha”. É isto, por ventura, o mais importante para um pai e uma mãe responsáveis? Que pai responsável pensa: se minha filha se deita com qualquer coleginha para se divertirem não tem importância, o que tem importância é que não se esqueçam de usar a “camisinha”? 

Por outro lado, sendo a educação afetiva e sexual uma tarefa que compete primordialmente aos pais, a propaganda maciça, iniludível e impositiva sobre o uso dos preservativos entre menores, significa uma interferência abusiva num direito inalienável do pátrio poder. 

Poder-se-ia também questionar que os pais não estão preparados para oferecer uma educação afetiva e sexual aos filhos. Isto, porém, não deve levá-los a culpável omissão de relegar obrigação tão grave a uma orientação impessoal e massiva que, pelo que se observa, também não está preparado para transmiti-la. São os pais que devem, com responsabilidade própria e intransferível, ir, gradativamente, adquirindo esses conhecimentos para passá-los, na sua devida hora, aos seus filhos. Essa tarefa faz toda mãe responsável a respeito da alimentação, dos cuidados da puericultura, de higiene e dessa função tão importante como é a de discernir do certo e do errado, sem necessidade de fazer estudos especializados. É uma questão de interesse, de prioridades. Não se pode alienar direitos que são deveres. 

O Estado não pode instigar a um tipo de educação sexual sem abrir opções aos pais para que possam escolher, com liberdade, entre uma solução ou outra. Será que as autoridades públicas dão às Igrejas e a outras instituições não-governamentais – formados por cidadãos brasileiros – de forma proporcional, os recursos educacionais semelhantes aos que o governo, unilateralmente, gasta em um programa milionário como a campanha dos preservativos? 

Nesse terreno o caráter subsidiário do Estado na educação dos filhos deveria oferecer a estas instituições esses recursos, a fim de que os pais venham a dispor de novas perspectivas e opções. 

Para nós não cabe a menor dúvida de que um programa de distribuição massiva de “camisinhas” pode ser o estopim para desencadear um novo processo de perversão de menores, paradoxalmente amparado por lei. 

CONCLUSÃO 

Finalizando a nossa conversa, caríssimos irmãos e irmãs, reconheço que a minha confidência foi longa demais. Entretanto, estendi-me bem além do que desejaria pensando em que vocês, apoiando-se nessas idéias, poderiam transmiti-las em primeiro lugar dentro do vosso âmbito familiar e, depois, fora dele a outros, e estes por sua vez a outros, em ondas sucessivas – como a pedra que cai no lago formando círculos concêntricos cada vez mais amplos –, para que a verdade a respeito da Doutrina da Igreja fique no seu verdadeiro lugar e se expanda com os seus benéficos efeitos a toda pessoa e lugar. Penso que é anseio de todos nós que estas verdades não se detenham no nosso reduzido círculo, mas que se espalhem com toda a força e a ressonância de que estão dotadas. 

Não é nossa intenção fomentar um conflito entre as autoridades governamentais, a Igreja e a instituição familiar. Pelo contrário, tentamos harmonizar o desejo inegável, de reconhecido valor, do Estado de evitar a propagação da AIDS, com os direitos e deveres da Igreja na transmissão de sua Doutrina e com os direitos e deveres das famílias de serem devidamente informadas e de fazerem valer as suas prerrogativas no que diz respeito à educação sexual dos seus filhos. 

Tomara que estas considerações contribuam de alguma forma para que se estabeleça um diálogo respeitoso, construtivo e enriquecedor, entre o Estado, a Igreja e as famílias. 

Nós amamos a Igreja – nossa Mãe – e a nossa família – Igreja doméstica –. Esse amor deve levar-nos a protegê-las dos ataques feitos, muitas vezes por ignorância e outras por intenções escusas e menos nobres. É por isso que a minha conversa se alongou demais: pude alargar o coração, em confidência de irmão, ou de pai, ao vosso lado em quem, por constituírem a minha família, confio ilimitadamente. 

Brasília, 12 de novembro de 2003. 

Dom Rafael Llano Cifuentes
Presidente da Comissão Família e Vida
_________________________________________
Disponível em: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo207.shtml 
Acesso em: 07/10/2011