quinta-feira, 7 de julho de 2011

Invadiram a Missa



A Santa Sé já disse em vários documentos, a CNBB confirmou, os especialistas em liturgia disseram, mas nós cantores e compositores, sobretudo os grupos de cantos na missa, não nos corrigimos. Não damos a menor importância aos que sabem mais do que nós. Desprezamos a sabedoria e a catequese dos outros colegas, para impor as nossas canções. E daí, se teólogos, comunicadores e liturgistas, que estudaram há anos a fio o culto e o conteúdo da fé, nos pedem canções que se traduzam o que se celebra naquele dia?

Compositores a cantores parecem ser inatingíveis pelo conteúdo da fé. Continuam cantando as mesmas coisas, domingo após domingo, em geral, no momento errado da missa, simplesmente porque gostam delas, porque é do seu movimento, ou porque estão divulgando seu último cd. Vale tudo! Qualquer mensagem vale!

Insistimos em cantar canções erradas, com texto errado, no momento errado da missa.  Maria de Nazaré, no ofertório; Eu louvarei, no glória; Anjos subindo e descendo, na abertura da missa... O autor compôs um canto de louvor para ser cantado em noites de louvor e, de repente, um grupo, que só gosta de cantar louvor, põe todas elas na missa, invadindo o espaço da canção litúrgica, que deve, por exigência da Igreja, abordar outras catequeses. A missa daquele domingo fica prejudicada. As leituras e o sermão vão numa direção; e as canções na direção oposta. Não há diálogo! Prevalecem os cantores.

Padres continuam a puxar cantos que nada tem haver com a liturgia daquele domingo, grupos tocam músicas que não traduzem a catequese daquele dia. Não é que não existam. Existem e são boas, mas como não são do seu grupo de igreja eles não as ensaiam e até ignoram. Não estão nos discos deles. Alguns nem fazem diferença entre missa e show. É tudo um gigantesco marketing. Qualquer hora é hora para divulgar o disco. Já não bastam os palcos, o rádio e a televisão. Invadiram também a missa católica. Estão cantando qualquer coisa, qualquer letra, às vezes de qualquer jeito, em qualquer lugar da missa. Como está, virou ditadura dos cantores.


Está na hora de nós compositores e cantores ouvirmos quem sabe mais do que nós! A maioria dos bispos sabe. Ouçamos a CNBB. Que falem os bispos. Não foram ordenados para isso?


Pe. José Fernandes de Oliveira (padre Zezinho)
Pertence à Congregação do Sagrado Coração de Jesus, é escritor, compositor, cantor e dedica-se à Pastoral da Comunicação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário